Somália: para detidos, a água é uma necessidade particularmente urgente

20 março 2015
Somália: para detidos, a água é uma necessidade particularmente urgente
Cidade de Garowe, Puntland. Um interno na delegacia de polícia lavas as mãos com água corrente em uma torneira. A rede de água e saneamento nessa delegacia foi construída e reformada pelo CICV. CC BY-NC-ND/CICV/Miraj Mohamud

Na Somália, a natureza e os anos de conflito armado conspiraram para restringir o acesso das pessoas à água, o elemento essencial para a vida. Para aliviar esse sofrimento, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) fornece água aos detidos e aos civis afetados pelo conflito, além de melhorar a infraestrutura de saneamento.

Na Somália, o clima seco e a falta de chuvas tornam o acesso à água potável um desafio para a população. Depois de duas décadas de conflito armado, a infraestrutura de água e saneamento está praticamente arruinada. Este problema já de longa data não poupou os estabelecimentos como presídios e delegacias de polícia.

Ainda assim, fornecer água em quantidades suficientes é um dos serviços básicos que devem ser realizados de maneira interrupta em muitos estabelecimentos carcerários. A água é essencial para beber, preparar comida, manter a higiene pessoal e também para o tratamento de esgoto. Trabalhando como especialista de água para o CICV na Somália, May Mousa explica que um detido precisa de pelo menos 10 a 15 litros de água por dia para beber, manter a higiene e preparar a comida.

Para ajudar a aliviar os problemas causados pela grave escassez de água, o programa de água e habitat do CICV na Somália trabalha não somente para fornecer água aos centros de detenção, mas também para atender as necessidades de água e saneamento de quase 300 mil pessoas no país todo.

Cidade de Garowe, Puntland. Na Somália, o acesso à água é um desafio devido ao clima seco e à falta de chuvas. Depois de duas décadas de conflito armado, a infraestrutura de água e saneamento mal funcionam. CC BY-NC-ND/CICV/Miraj Mohamud

Alívio para os detidos

Na região de Puntland, os detidos na delegacia de polícia, na cidade de Garowe, contam que desde que os especialistas do CICV conseguiram construir e equipar latrinas e uma grande caixa d'água, a situação melhorou radicalmente. "Veja como estamos. As nossas roupas estão limpas, as celas e o ambiente estão limpos e, o mais importante, graças à boa higiene, estamos saudáveis", dizem.

Comentando sobre a situação da água antes da chegada da assistência do CICV, um detido da delegacia observou: "Não tínhamos água disponível aqui, ela vinha de fora e, portanto, em pouca quantidade. Era muito difícil manter uma higiene mínima".

Ao falar sobre a particular necessidade de garantir o acesso à água para as pessoas privadas de liberdade, Mousa explica que o CICV trabalha para melhorar as condições de vida nos centros de detenção porque, se uma pessoa está livre, ela pode caminhar e buscar água. Os detidos não têm essa mesma oportunidade. "A falta de água e as más condições de saneamento nos centros de detenção rapidamente afetam a saúde dos internos. As doenças transmitidas pela água são uma das consequências da falta de redes de água potável e saneamento adequado", completa.

Saiba mais sobre os trabalhos na área de água e abrigo do CICV

Visitas aos presídios no mundo todo

Todos os anos, o CICV visita mais de 2,5 mil centros de detenção, que alojam cerca de meio milhão de pessoas em quase 70 países no mundo todo. As visitas permitem que a organização avalie as necessidades de água, saúde e saneamento e use as suas observações como base para melhorar, se for necessário, as condições nas quais os detidos são mantidos e a maneira como são tratados.