Comunicado de imprensa

CICV alerta sobre danos à população civil com erosão da proibição de munições cluster

Darwin. Cerca del cementerio militar argentino, la Oficina del Programa de Desminado de las Islas Falkland/Malvinas, un equipo de operarios en su mayoría de Zimbabue muy valorados por su larga experiencia, vuelan restos explosivos de guerra en una mañana helada. 35 años después del fin del conflicto, las minas antipersona, las municiones de racimo y otros artefactos siguen contaminando la tierra. Afortunadamente, ningún isleño ha sido herido hasta ahora. La operación de desminado concluyó con éxito en 2017.
Didier Revol/CICV

Genebra, 6 de março de 2025 – O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lamenta profundamente a retirada sem precedentes da Lituânia da Convenção sobre Munições Cluster, a partir de hoje. Esta decisão enfraquece as proteções vitais para a população civil e poderia agravar  as ameaças dessas armas, que provocam danos inaceitáveis.

As munições cluster espalham submunições explosivas sobre grandes áreas, muitas das quais não explodem no impacto, e contaminam ambientes com explosivos mortais não detonados. Isso prejudica o regresso seguro das famílias deslocadas, o acesso a serviços e a capacidade de reparar ou reconstruir infraestrutura.

“As munições cluster têm uma ampla área de impacto. Seu uso em áreas urbanas gera preocupações de particular interesse humanitário. Além disso, muito depois do seu uso, continuam causando sofrimento, especialmente nas crianças, e impedem a reconstrução das comunidades”, afirmou a diretora jurídica do CICV, Cordula Droege.

Para acabar com o sofrimento causado pela atrocidade dessas armas, 124 Estados assinaram a Convenção sobre Munições Cluster e 123 continuam obrigados por ela atualmente. Adotada em 2008, a convenção proíbe o uso, o desenvolvimento, o armazenamento, a produção e a transferência de munições cluster. Esse tratado humanitário histórico ajudou a salvar inúmeras vidas. Os Estados Partes destruíram mais de 1 milhão de munições cluster armazenadas e limparam grandes extensões de terra, que já podem ser devolvidas com segurança às comunidades para um uso produtivo. 

A retirada da Lituânia não tem precedentes, dado que nenhum Estado jamais denunciou um tratado humanitário global. O CICV lamenta profundamente que o país não tenha levado em conta o pedido feito pelos Estados Partes em setembro de 2024, instando-a a reconsiderar sua decisão. 

As crianças são particularmente vulneráveis a essas armas, já que são atraídas por munições cluster não detonadas que se parecem com brinquedos. De acordo com o último relatório de monitoramento de munições cluster, em 2023, quase metade de todas as vítimas de munições foram crianças. A remoção dessas munições é um processo complexo e perigoso, que pode levar décadas. A Bósnia e Herzegovina declarou-se recentemente livre de munições cluster, quase 30 anos depois do fim da guerra.

O CICV está preocupado com a possível erosão do Direito Internacional Humanitário (DIH) caso um Estado Parte se retire, por motivos de segurança nacional, de um acordo internacional para limitar o uso de armas que causam danos inaceitáveis. A situação relativa à segurança está em constante evolução, mas o terrível custo humano imposto pelo uso de munições cluster, minas antipessoal e outras armas atrozes permanece intacto. 

“A retirada de qualquer tratado humanitário debilita as proteções humanitárias para salvar vidas na guerra, e destrói o próprio Direito Internacional Humanitário”, disse Droege. “O CICV insta todos os Estados a reforçar, e não debilitar, a estrutura que protege a população civil em conflito”.

Contato para a imprensa:

Aurélie LACHANT, CICV Genebra, tel: +41 79 731 04 03, e-mail: alachant@icrc.org