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Brasil: máscaras produzidas em presídio são doadas a escolas em Fortaleza

EPIs foram confeccionados por mulheres privadas de liberdade a partir de insumos doados pelo CICV em 2020 e agora ajudarão num retorno às aulas mais seguro

A sustentabilidade foi palavra de ordem quando o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) doou maquinário e insumos para que internas do Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa (IPF) produzissem máscaras em maio de 2020, quando a pandemia estava no começo. Nesta terça-feira (31), um ciclo de apoio foi completado, quando mais de 70 mil máscaras foram doadas pela Secretaria de Administração Penitenciária do Ceará, em parceria com o CICV, para a rede municipal de educação de Fortaleza.

Para Eliott Wood, chefe de escritório do CICV em Fortaleza, a entrega dos materiais reforça o trabalho de rede e intersetorialidade realizado pela organização. "Para nós, esta foi uma dupla oportunidade: com os estudantes, que voltarão para a escola no momento mais seguro possível, respeitando e considerando as condições da pandemia; mas também uma oportunidade para as internas se sentirem úteis. Elas se sentiram muito agradecidas por esta oportunidade", afirma.

Eliott Wood, chefe de escritório do CICV em Fortaleza. Foto: Camila de Almeida/CICV

Além das máscaras, o CICV doou também 186 totens de álcool em gel à Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza (SME). Esse apoio busca promover um retorno mais seguro de estudantes e de toda a comunidade escolar às aulas.

A solenidade ocorreu na Escola Municipal de Tempo Integral Professor Alexandre Rodrigues, no bairro Siqueira, e contou com a participação de estudantes, representantes da Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza (SME), representantes da Secretaria da Administração Penitenciária do estado do Ceará (SAP-CE) e a equipe do CICV.

Cristina Gomes, de 14 anos, foi uma das estudantes que participou da solenidade. Ansiosa pelo retorno das atividades, a aluna afirma que o momento foi uma oportunidade de reencontro. "Foi incrível o dia de hoje, rever todo mundo e conhecer pessoas que estão aqui dispostas a ajudar com todas as suas forças e suas capacidades", diz.

Alexandre Leite, coordenador da Secretaria de Administração Penitenciária do Ceará, afirma a educação e trabalho são principais instrumentos para a ressocialização. "A SAP estará sempre de portas abertas para essas parcerias em prol da sociedade", afirma.

Alexandre Leite, coordenador da Secretaria de Administração Penitenciária do Ceará. Foto: Camila de Almeida/CICV

Participaram do evento de entrega das doações Eliott Wood, chefe de escritório do CICV em Fortaleza; a secretária da educação de Fortaleza, Dalila Saldanha; Alexandre Leite, coordenador da Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará; Joana Nogueira, coordenadora executiva da Assessoria de Assuntos Institucionais da Prefeitura de Fortaleza e Silvana Farias, diretora da Escola Municipal de Tempo Integral Professor Alexandre Rodrigues.

Valorizando a cultura como expressão, a estudante Cristina Gomes, em nome de toda a rede, encerrou a solenidade recitando um cordel, composto pelo professor Carlos Lellis, e traduzindo agradecimento em versos: "O CICV aqui se faz presente/Ajudando toda, tanta gente/Que deseja o bom caminhar/ Para o futuro bem planejar/ Para que o jovem cante: A máscara é importante/ E pode nossa vida salvar".

Acesso Mais Seguro em Fortaleza

A Escola Municipal de Tempo Integral Professor Alexandre Rodrigues é uma das 54 unidades de educação em Fortaleza que integram o programa Acesso Mais Seguro, implementado em parceria com o CICV. A metodologia busca apoiar instituições como os serviços de Saúde, Educação e Assistência Social e os seus profissionais a reduzirem e mitigarem os riscos que podem correr em contextos vulneráveis à violência armada delicados e inseguros.

Para a secretária de educação de Fortaleza, Dalila Saldanha, a experiência do AMS na rede de educação tem sido exitosa. "O CICV já atua há alguns anos conosco, justamente na busca de combater a violência e prevenir, sempre olhando para o acolhimento e o cuidado com as pessoas e profissionais. Somos muito gratas por essa parceria. São 54 unidades e um público de mais de 70 mil beneficiários", explica.

 Para a secretária de Educação de Fortaleza, Dalila Saldanha (à direita), a experiência do AMS na rede de educação tem sido exitosa. Foto: Camila de Almeida/CICV

De acordo com Regislany Morais, assessora de Acesso Mais Seguro do CICV em Fortaleza, a metodologia tem sido muito aceita na capital. "A previsão é de treinamento de mais 35 escolas neste ano. Estamos implementando o AMS também na Secretaria Municipal da Saúde, na Coordenadoria da Juventude e na Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social. Temos estimulado o desenvolvimento da metodologia de forma intersetorial, de uma forma que essas secretarias dialoguem, planejem conjuntamente, se apoiem para o bom desenvolvimento da metodologia", sintetiza.

"Temos estimulado o desenvolvimento da metodologia de forma intersetorial, de uma forma que essas secretarias dialoguem, planejem conjuntamente, se apoiem para o bom desenvolvimento da metodologia", explica a assessora do AMS Regislany Morais. Foto: Camila de Almeida/CICV