Flávia Caetano, assessora do programa Acesso Mais Seguro nos municípios de Duque de Caxias, Vila Velha e do Rio de Janeiro
Eu acho que o principal desafio durante a pandemia de Covid-19 foi manter a postura de apoio. Os profissionais entravam em contato comigo para solicitar assistência, então eu tinha que estar ali firme diante deles, mas, ao mesmo tempo, eu percebia o quanto eles não tiveram tempo para viver o luto.
Muitos interlocutores perderam familiares e colegas de trabalho, e cada vez que eu ouvia a notícia de que alguém estava infectado com Covid-19 era muito difícil. Mas essas pessoas, elas continuaram presentes no trabalho e eu pensava que também devia estar tão firme quanto elas.
Eu tenho uma interlocutora que é da Secretaria de Educação de Duque de Caxias. Ela teve Covid-19, depois teve o esposo, e os dois sogros faleceram da doença. Ainda assim, ela continuou conosco para dar continuidade ao trabalho.
Então, são pessoas que se preocupam com quem está dentro do território e que querem manter esse apoio que é proposto pelo Acesso Mais Seguro. Foi um processo muito rápido, onde procuramos atender a real necessidade dos nossos parceiros.
Outra coisa que marcou uma diferença foi que a gente fez a solicitação do equipamento de proteção individual para doações no momento de escassez, porque estavam todos comprando, então nem as secretarias estavam conseguindo os materiais. Imagine o quanto foi gratificante ficar firme para poder garantir esse apoio não só na escuta, mas em saber que o material chegou para eles.
Aí, sim, cada minuto valeu a pena. Na minha opinião, o CICV mostrou ainda mais a sua capacidade de realização de trabalho humanitário. Eu cresci muito como profissional e sou muito grata por fazer parte desta organização, porque eu pude, de alguma forma, colaborar para que essa pandemia tivesse um menor impacto em alguns municípios. Eu me sinto como um pedacinho de quem ajudou a tecer toda essa teia.