Artigo

Dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho 2018

Declaração conjunta, Francesco Rocca, presidente da Federação Internacional de Sociedades daCruz Vermelha e do Crescente Vermelho, e Peter Maurer, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha

Não se sabe ao certo quantos músculos são necessários para sorrir. Algumas fontes afirmam que são 17 músculos; outras sustentam que são cerca de 12. No entanto, no Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (o Movimento), existem rumores que indicam que são mais de sete bilhões. Ou seja, os músculos e as mentes ágeis de quase 12 milhões de voluntários e funcionários.

Todos os dias, eles trabalham com pessoas que atravessam os piores momentos das suas vidas – crises, guerras e desastres. São os primeiros a chegar para ajudar e são os embaixadores destacados do Movimento. A força e o alcance crescentes da nossa rede repousam sobre eles: no mundo todo, nos lugares perigosos e instáveis, a ação humanitária neutra, independente e imparcial gozam de melhores probabilidades de chegar às pessoas mais necessitadas. Se algum dia pudermos afirmar que estamos presentes para todos onde quer que seja, será também graças a pessoas como eles.

No Dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, queremos expressar a nossa gratidão pelo trabalho que realizam e a nossa dívida para com eles pelos seus serviços.

Fazer o que eles fazem não é nada fácil. Como nunca antes, os profissionais humanitários estão sujeitos às crescentes ameaças e a ataques. Todos os anos, lamentamos a morte de funcionários e voluntários da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Todos os anos, ficamos impressionados com o vazio que deixam e com as palavras de gratidão que nunca chegarão a escutar.

Entretanto, os voluntários e funcionários perseveram no seu trabalho. Trabalham em crises cada vez mais prolongadas e com dinâmicas extremamente complexas. Sabem que as pessoas às quais prestam serviços não atravessarão situações difíceis apenas durante uns meses, mas sim ao longo de anos. Ainda assim, permanecem ao lado delas. Estão presentes em situações de assistência urgente, que salvam vidas, até a execução de programas de recuperação e incentivo à resiliência.

Estão no Zimbábue, dando treinamento em agricultura "mandala" – um sistema agrícola destinado a que os cultivos resistam condições adversas como secas e inundações. Estão em Bangladesh, abastecendo mulheres e meninas com lanternas solares, roupas adaptadas à sua cultura e artigos de higiene para prevenir o isolamento, inclusive durante a menstruação. Estão na Costa Rica, treinando cachorros que ajudam no resgate de pessoas soterradas sob escombros de estruturas que desabaram ou sob deslizamentos de terra. Estão na Síria, onde depois de inúmeras tentativas, 46 comboios de caminhões, carregados com milhares de pacotes de alimentos e material médico, finalmente puderam entrar e prestar assistência à população civil em Ghouta Oriental. Estão em Gaza, abastecendo as pessoas com baterias portáteis para que, durante as interrupções no fornecimento de energia, possam carregar os seus telefones e as luzes de emergência.

Em todos esses casos, destacam-se a inovação e a originalidade. Também se evidencia o empenho do Movimento em colocar as pessoas no centro da ação humanitária. Os voluntários e funcionários das nossas organizações apoiam as comunidades para que estas se transformem em agentes da sua própria recuperação e resiliência. Põem o seu conhecimento a servilo da comunidade para que esta seja mais forte no longo prazo.

Em muitos sentidos, eles preferem delegar tarefas do seu trabalho formal para se dedicarem ao trabalho humanitário e é justamente esse altruísmo generoso que valorizamos; essa paixão compartilhada por uma multidão tão diversa como única é o nosso Movimento. Àqueles que dizem que a humanidade morreu, respondemos como 12 milhões de exemplos que indicam o contrário.

E isso é, definitivamente, um motivo válido para sorrir.

Obrigado.