Comunicado de imprensa

Etiópia: deslocamento em massa piora crise de saúde em Oromia

Adis Abeba (CICV) – A violência na região de Oromia, Etiópia, afetou a infraestrutura crítica. Os centros de saúde e sistemas de distribuição de água foram gravemente danificados. Em Begi, um distrito com 100 mil habitantes, quase todos os 42 postos de saúde foram saqueados ou danificados. Pacientes com doenças potencialmente fatais não podem receber assistência urgente porque os estabelecimentos de saúde deixaram de funcionar.

No Hospital Primário de Guduru, que atende pacientes de mais de cinco distritos, as paredes estão cheias de buracos de bala e o tanque de água foi danificado. Camas, equipamentos, materiais cirúrgicos e ambulâncias foram saqueados.

A quantidade de pacientes aumentou drasticamente com a chegada à área de milhares de pessoas que fugiram de suas casas, o que dificultou muito a prestação de serviços de assistência à saúde à população.

"Faltam medicamentos de emergência. Não temos instrumentos cirúrgicos. Não temos camas. E agora também falta água por causa dos danos no depósito de água. A farmácia da comunidade também foi destruída, levaram todos os medicamentos e os materiais", declarou o diretor médico do hospital, Dr. Alemayehu Kiri.

Centenas de milhares de pessoas na região de Oromia, na Etiópia, têm sido gravemente afetadas pela violência. Muitas delas precisam de assistência humanitária, e a situação poderia piorar por causa dos confrontos em curso, que restringem o acesso à ajuda em muitas áreas. As necessidades são particularmente grandes em partes de Guji, as Welegas e Borena.

 

"Os tiros eram insuportáveis. Portanto, fugimos buscando salvar nossas vidas. Para meus filhos foi um pesadelo, uma situação muito dura. Perdemos tudo o que tínhamos, e desde que chegamos a Balo não temos recebido assistência. Ninguém veio nos perguntar pela nossa situação", explicou Mulu Takele, uma mulher deslocada com sete filhos.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), em conjunto com a Cruz Vermelha da Etiópia, enfrenta numerosos desafios para atender às enormes necessidades apesar da ampliação das operações para a parte ocidental da região de Oromia e para Guji.

O CICV e a CVE em Oromia estão trabalhando além de seus limites para fornecer proteção e assistência às populações mais afetadas pela violência em áreas de acesso particularmente difícil, como Bubul, Begi e Kondole, Balo, Bareda e Kombosha, onde poucas ou nenhuma outra organização humanitária tem operações.

"Tivemos que tomar decisões difíceis, focalizar lugares com pouca presença de outros atores humanitários", declarou o diretor da subdelegação do CICV em Nekemte, Julian Jaccard. "As pessoas nessas áreas têm sofrido imensamente por muito tempo".

Desde janeiro de 2023, em Oromia, o CICV:

  • Ajudou 62,8 mil pessoas fornecendo alimentos, utensílios domésticos, abrigo e ajuda em dinheiro.
  • Forneceu apoio regular a 12 centros de saúde com material e equipamentos, incluindo remédios, insumos médicos, móveis e artigos de higiene, e organizou treinamentos sobre gestão clínica de estupros para que o pessoal de saúde continue ou volte a prestar serviços de saúde básicos que salvam vidas.
  • Ajudou 32,5 mil pessoas a restabelecer ou manter laços familiares facilitando a troca de notícias sobre as famílias por meio de Mensagens Cruz Vermelha ou telefonemas, que foram descritos por alguns familiares separados como seu momento de maior alívio.
  • Forneceu acesso a água limpa a 187 mil pessoas, incluindo pessoas em lugares de detenção, ajudando-as a obter água potável para beber e se lavar, e ajudando os trabalhadores de saúde a conseguir a água limpa de que precisam para se cuidar e salvar as vidas dos pacientes.

 

Mais informações:

Jude Fuhnwi, CICV Adis Abeba, +251 944 101 700, jfuhnwi@icrc.org

Alyona Synenko, CICV Nairóbi, +254 709 132 336, asynenko@icrc.org