Comunicado de imprensa

Iêmen: alarmante escassez de combustível causa paralisia do sistema de saúde

Depois de um mês de ataques aéreos e confrontos, o sistema de saúde do Iêmen enfrenta dificuldades para lidar com as adversidades e sofre com a grave escassez de artigos essenciais, como água e combustível. Importantes restrições pioram ainda mais a situação. A equipe cirúrgica do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e todos os funcionários locais e pacientes foram obrigados a evacuar o hospital de Al Jamhouria, em Aden, quando o edifício passou a ser ele mesmo uma das linhas de frente nos confrontos.

Uma enfermeira do CICV faz o curativo em um civil ferido no hospital Al Jamhouria em Aden. CC BY-NC-ND/CICV/M. Dhaiby

"Estamos chocados com a falta de respeito pelo hospital, como estabelecimento de saúde neutro, por parte dos beligerantes", declarou o chefe da delegação do CICV no Iêmen, Cedric Schweizer. "Isso não pode acontecer de jeito nenhum e de modo algum os hospitais podem ser alvejados ou usados para fins de confrontos. A nossa equipe está trabalhando no hospital há três semanas, mas depois que as vidas de todos os pacientes e funcionários foram postas em risco, o hospital teve de ser abandonado".


Pessoas têm dormido em postos de gasolina há mais de 20 dias, aguardando combustível. CC BY-NC-ND/CICV/T. Glass

 Todas as manhãs na capital, Sanaa, formam-se longas filas nos postos de gasolina. A situação é comum em todo o país. Isso se soma à escassez de água e eletricidade.

"Estamos enfrentando enormes dificuldades logísticas para tentar manter o hospital operante", contou o chefe do Hospital Al Kuwait em Sanaa, Issa Alzubh. "O diesel está acabando. As nossas ambulâncias não conseguem mais transportar pacientes. Só metade dos funcionários aparece para trabalhar, porque os ônibus do hospital pararam de funcionar".

Devido à falta de gasolina e diesel, ambulâncias no hospital Kuwait estão com tanques vazios e precisam passar combustível de um veículo para outro para poder funcionar. CC BY-NC-ND/CICV/T. Glass

Zine El Abidine, um médico com longa experiência na unidade de emergência do Hospital Al Kuwait, afirmou que a grave escassez de materiais vitais nos hospitais se deve à falta de importação de materiais básicos. "Antes tínhamos a nossa própria fábrica de oxigênio, mas agora a produção acabou porque não conseguimos fazer a manutenção nem importar peças sobressalentes. Portanto, agora dependemos dos tanques de oxigênio que estão do lado de fora. E quando eles terminarem, como faremos?".

O CICV manteve contato com os principais estabelecimentos de saúde em todo o país que estabilizam, tratam e transferem feridos para hospitais. Até o momento, a organização forneceu material para curativos, fluidos intravenosos, macas, muletas e medicamentos para mais de 15 hospitais nas províncias de Sanaa, Saada, Maareb, Taiz, Aden, Abyan e Al Dhalea. Foi fornecido também combustível para os três principais hospitais em Saada, Abyan e Aden.

Mulheres e crianças fazem fila para coletar água perto do hospital Al-Kuweit. CC BY-NC-ND/CICV/T. Glass

 

após os ataques aéreos em Faj Attan, é feita avaliação nos edifícios. CC BY-NC-ND/CICV/T. Glass

Mais informações:
Marie Claire Feghali, CICV Sanaa, tel: +967 73 607 19 67, +967 71 194 4343
Sitara Jabeen, CICV Genebra, tel: +41 22 730 24 78 ou +41 79 536 92 31