Niamei / Genebra (CICV): O presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer, concluiu hoje uma missão de dois dias ao Níger. Sem que a ajuda vital consiga chegar a centenas de milhares de pessoas na região do Lago Chade, Maurer fez um apelo para esforços internacionais mais sustentáveis e duradouros para tratar as enormes necessidades nos quatro países afetados.
Na região de Diffa, no Níger, o presidente do CICV visitou Garin Wanzam, um vilarejo cuja população de 1,5 mil pessoas passou a ser 20 vezes maior em apenas 72 horas em junho, já que se tornou um refúgio para as pessoas que fogem desesperadamente do confronto nos arredores. Agora abriga 30 mil pessoas deslocadas, que dependem da ajuda humanitária e ainda têm medo de voltar a casa. Com somente um poço para fornecer água para todo o vilarejo, Garin Wanzam não tem condições de lidar com esse fluxo inesperado de pessoas e precisa de apoio emergencial
"Fiquei profundamente comovido esta semana com as pessoas que conheci. Tantas vidas foram destroçadas. O vilarejo de Garin Wanzam é apenas um exemplo da vasta tragédia humana em toda a região do Lago Chade, onde cerca de 2,6 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas e mais de 6 milhões estão enfrentam dificuldades diárias para levar comida à mesa", afirmou Maurer.
O presidente do CICV também fez um apelo a todas as partes envolvidas no conflito regional para protegerem e respeitarem os civis, detidos e feridos, cumprindo com as suas obrigações segundo o Direito Internacional Humanitário. "A verdadeira escala do sofrimento aqui é inimaginável. A guerra espalhou o caos sobre as vidas de milhões de pessoas: separou famílias, destruiu o acesso a alimentos, água, educação, abrigo e assistência à saúde. O flagelo da violência sexual deixou marcas físicas e psicológicas. Muitas pessoas são estigmatizadas e se encontram com desconfiança quando voltam para as suas comunidades, criando ainda mais divisões."
Em Niamei, Maurer se reuniu com o presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, o primeiro-ministro Brigi Rafini, e o secretário-geral da província de Diffa e outra autoridades. Discutiram a situação humanitária das pessoas afetadas pela violência e consideraram formas de melhorar a segurança econômica e a proteção delas contra o impacto do conflito. O presidente Maurer ressaltou a disposição do CICV para continuar apoiando a população no Níger mediante programas humanitários, ademais do seu desejo para fortalecer os serviços humanitários em lugares de detenção.
"A ajuda humanitária não pode tratar as injustiças subjacentes que provocam este conflito. Uma resposta militar somente não traz uma solução. Para mudar as vidas de milhões de pessoas na região do Lago Chade, precisamos ver um maior comprometimento e um envolvimento conjunto de líderes políticos e a comunidade de desenvolvimento. Os governos na região precisam de um maior apoio internacional", afirmou Maurer.
O CICV realiza atividades humanitárias consideráveis em toda a região do Lago do Chade. Durante a primeira metade deste ano, a organização distribuiu alimentos para mais de 500 mil pessoas deslocadas. O orçamento destinado à região em 2016 é de 136 milhões de francos suíços.
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