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Filipinas: assistência à saúde ressurge das cinzas da destruição

Na localidade rural de Balangiga, na costa sul de Samar Oriental, a clínica da Dra. Rosarita é testemunha da resiliência em meio ao caos deixado pelo tufão Haiyan.

Entre macas quebradas e prateleiras destruídas, a Dra. Rosarita, emocionada, mostra o que restou de um laboratório e das salas onde um dia se realizaram serviços de vacinação e odontológicos e assistência pré-natal. Como o resto de Balangiga, a sua clínica também foi duramente castigada pela passagem do tufão Haiyan na região central de Filipinas, no dia 8 de novembro. Mas continua de pé e funcionando.

Enfermeiras e parteiras com pacientes, mães com filhos e, na parede, logo na entrada, um 'Gráfico de Saúde para o Tufão Yolanda'. Esta unidade de saúde de dois cômodos semioperacional está equipada para atender quase 13 mil pessoas na cidade natal da Dra. Rosarita.

Pela primeira vez desde que começou a sua prática há 23 anos nesta mesma unidade, a Dra. Rosarita têm de dividir o seu tempo entre a clínica e, a poucos metros daí, a unidade básica de assistência à saúde montada pelo CICV e pela Cruz Vermelha Finlandesa. A equipe do CICV na unidade se considera afortunada por poder contar com a ajuda da Dra. Rosarita nas consultas diárias de assistência básica à saúde. "Ela conhece as pessoas e a comunidade e pode nos ajudar a atender melhor as pessoas que não têm aonde ir, exceto vir aqui pelas suas necessidades diárias de saúde básica", disse o Dr. Ari, médico-geral do CICV na unidade de assistência à saúde.

No entanto, não é uma, mas 16 mãos extras que a Dra. Rosarita dá: as suas enfermeiras e parteiras estão ajudando os profissionais do CICV em tarefas de enfermaria, cuidados de pacientes, cadastro e até mesmo como tradutoras.

Prestação de assistência básica à saúde

O hospital de campanha do CICV, completamente equipado, atende uma média de 100 pacientes todos os dias e, durante as visitas, já realizou três partos. Segundo a Dra. Rosarita, as questões de saúde prevalentes atualmente na comunidade são infecções respiratórias leves, gripes e casos traumatológicos decorrentes de feridas relacionadas com o tufão.

A maioria dos 80 a 100 pacientes que vêm diariamente são crianças com idades entre um e três anos, como o pequeno Leonard Jagro, de dois anos, que sofre de diarreia, uma doença que, segundo o Dr. Ari, está em alta. A mãe de Jagro normalmente o levaria ao hospital de Balangiga, se este não tivesse sido demolido pelo tufão.

Ao mesmo tempo em que a clínica pode lidar com questões básicas de saúde, os casos que requerem hospitalização são encaminhados para o hospital emergencial do CICV, que conta com o apoio da Cruz Vermelha Norueguesa, em Basey. Este hospital conta com sala de cirurgia, unidade de raio X e um laboratório, além de alas para atendimento geral e de emergência. Os médicos da Cruz Vermelha da Noruega estão presentes ininterruptamente para atender os casos de emergência e os pacientes ambulatoriais. O hospital emergencial está equipado para atender até 200 mil pessoas em uma área de influência.

Basey continua sendo uma das cidades mais afetadas pelo tufão, que destruiu o hospital municipal. O CICV está trabalhando de perto com a unidade de saúde local para continuar prestando serviços ao mesmo tempo em que busca reabilitar a infraestrutura de assistência à saúde.

Enquanto os sinos da igreja do bairro soam em uma tentativa de recuperar o que foi perdido, a nova vida 'normal' volta a surgir em Balangiga, com hospitais de campanha, clínicas móveis e a sempre presente Dra. Rosarita.