Agressões contra missão médica continuam na Colômbia
Balanço Humanitário 2020
Devemos lembrar que a assinatura do Acordo de Paz entre o governo e as Farc-EP faz quatro anos em 2020. Os avanços que esse feito histórico representou para o país também trazem desafios adicionais para as partes e para a sociedade civil em geral.
Não se pode negar que a resposta institucional às vítimas se fortaleceu, ao mesmo tempo em que as comunidades melhoraram a sua capacidade de autoproteção e organização para a defesa dos seus direitos.
No entanto, este potencial se coloca em risco cada vez que se ataca a capacidade de algo tão essencial como salvar vida. Esse foi o caso das 218 agressões registradas em 2019 contra os profissionais e estabelecimentos de saúde. Em alguns casos, as agressões ocorreram em contextos que implicariam graves violações ao DIH.
Boa parte das zonas do país que requerem maior atenção ainda não viram o cumprimento dos compromissos assinados. Nesses lugares, a presença estatal para garantir a saúde, educação e os serviços básicos para viver em condições dignas é frágil. Ao mesmo tempo, observamos com preocupação que a precariedade da situação humanitária nessas regiões favorece a agudização da violência e fortalece as economias ilícitas que a mantém, como o narcotráfico e a mineração ilegal.
O fato de buscar proporcionar atendimento médico se transformou em um ato de bravura em departamentos como Norte de Santander e Valle del Cauca. Por um lado, os pacientes têm estruturas precárias ou quase inexistentes justo nas zonas onde são mais prementes os efeitos do conflito e da violência armada.
Por outro lado, as ameaças e as perigosas situações de segurança impedem que os profissionais de saúde continuem com o seu trabalho.
Em consequência, é impossível calcular a quantidade de doenças que ponde ser prevenidas, complicações médicas e mortes que poderia ter sido evitadas cada vez que um profissional de saúde foi obrigado a fugir ou cada vez que um posto de atendimento teve que fechar por falta de recursos.
