Comunicado de imprensa

Armas: CICV lembra aniversário do uso do gás de cloro em Ypres com um apelo contra as ADM

Genebra (CICV) – O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lembrou o 100º aniversário da batalha da Primeira Guerra Mundial, na qual o gás de cloro letal foi lançado sobre milhares de soldados, ao ressaltar a necessidade urgente de avanços no sentido de livrar o mundo de todos os tipos de armas de destruição em massa (ADM).

"Fazendo uma recapitulação da história do Direito Internacional Humanitário (DIH), parece que as maiores atrocidades, as maiores catástrofes humanas, levaram a uma legislação mais ampla", afirmou a vice-presidente do CICV, Christine Beerli. Assim discursou na cidade belga de Ypres, onde ocorreu o ataque do exército alemão que causou uma asfixia generalizada e muitos soldados baleados à morte quando tentavam escapar do gás.

O ataque levou à criação do Protocolo de Genebra, de 1925, que proibia o uso de armas químicas e biológicas em guerras. Este foi posteriormente reforçado pela Convenção de Armas Químicas, de 1993.

Ainda assim – continua Beerli – "a população na Síria mais uma vez suportou o custo hediondo dos ataques com agentes nervosos letais e gás de cloro" em 2013 e 2014. E acrescentou que "os preocupantes relatos do mês passado de Idlib, Síria, sugerem que o gás de cloro foi usado mais uma vez".

A vice-presidente agregou que isso não significou que a proibição legal fosse decepcionante. "Ao contrário, como qualquer norma do direito internacional, a sua fortaleza é testada quando é infringida, pela forma em que a comunidade internacional reage às violações". Beerli afirmou que a ampla condenação ao chocante uso de armas químicas em agosto de 2013 e a nas últimas semanas confirmou o valor universal dessa.

A comunidade internacional deve também considerar que sérios perigos causados por todas as armas de destruição em massa, incluindo armas biológicas – embora o seu uso em conflitos armados seja relativamente limitado – e armas nucleares.

Uma conferência de revisão para o Tratado de Não Proliferação Nuclear que começa em Nova York na semana que vem será um momento crucial para o avanço nessa área - comentou Beerli - instando todos os Estados a agirem com urgência e determinação para pôr um fim à era das armas nucleares. "Se esperarmos que aconteça uma catástrofe, pode ser que não sobre ninguém para aprender lições a partir dessa situação".

Mas a vice-presidente também destaca que os foguetes convencionais, bombas e mísseis, em particular aqueles com grande poder de explosão, usados em áreas densamente povoadas são responsáveis pela esmagadora maioria das mortes de civis nos conflitos de hoje em dia.

A proibição legal do gás de cloro que matou milhares de soldados em Ypres em 1915 não impediu os ataques ocorridos dois anos ou um mês atrás, afirmou Beerli. "É, portanto, o nosso dever trabalhar não somente para que exista a lei, mas também para que ela seja compreendida, aceita e respeitada".

Mais informações:
Francis Markus, CICV Genebra, tel: +41 22 730 23 28/celular: +41 79 217 32 04