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CICV no Brasil e América Latina em tempos de coronavírus: assim adaptamos a nossa ação

A expansão da COVID-19 pelo mundo desencadeou uma série de mudanças e desafios nas operações das organizações humanitárias, incluindo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Os países afetados por conflitos armados ou situações de violência são os que enfrentam os maiores riscos para administrar a pandemia. O nosso compromisso com todos eles é permanente.

No Brasil e em outros países da América Latina, o CICV sensibiliza, assessora e apoia as autoridades, Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e a sociedade civil para que adotem as medidas adequadas a fim de melhorar a situação humanitária e a resposta à COVID-19.

As pessoas migrantes, incluindo as refugiadas, os familiares de pessoas desaparecidas, as pessoas desabrigadas, as que estão detidas, os adultos idosos, os profissionais de saúde e as pessoas com doenças crônicas são particularmente vulneráveis nesta emergência.

Esta adaptação inclui medidas e ações destinadas tanto às pessoas que assistimos como aos nossos próprios funcionários e parceiros do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho: agindo em conjunto com as Sociedades Nacionais, contribuindo com a prevenção do contágio e a propagação do vírus entre os migrantes, incluindo pessoas refugiadas nos albergues, entras as que estão privadas de liberdade nos lugares de detenção, as deslocadas ou as comunidades afetadas pela violência.

As nossas principais ações, por país:

 

Delegação regional Brasília (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai)

A Delegação Regional para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai adaptou diversas atividades e, ao mesmo tempo, está implementando outras novas para responder à COVID-19.

O CICV propiciou o diálogo entre as autoridades dos sistemas penitenciários dos cinco países da região sobre os desafios enfrentados diante da pandemia nos centros de detenção, lugares especialmente vulneráveis ao contágio. Nesse contexto, os protocolos são chaves e é por isso que foi realizada uma análise destes. Além disso, estão sendo realizadas doações de máquinas de costura, artigos de limpeza e material para produzir equipamentos de proteção para os sistemas penitenciários dos cinco países.

Foram compartilhadas recomendações gerais para garantir a proteção, a dignidade e o respeito na gestão de cadáveres das pessoas que morreram em decorrência da COVID-19 e guias técnicos elaborados por especialistas em saúde e forenses com autoridades dos cinco países e funcionários trabalham na resposta à pandemia.

Com base nas Normas Internacionais de Direitos Humanos sobre o Uso da Força, foram preparadas recomendações práticas para situações de calamidade públicas diante da COVID-19 e compartilhadas com as autoridades das Forças Policiais e de Segurança. Também foram enviadas recomendações para comandantes militares dos cinco países relacionadas com a prevenção de doenças e o uso da força em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) das quais as Forças Armadas poderiam vir a participar.

Junto com a Federação Internacional, o CICV está apoiando as Sociedades Nacionais dos cinco países. Entre elas, a Cruz Vermelha Brasileira higieniza espaços públicos e apoia campanhas de vacinação. A Cruz Vermelha Argentina presta apoio psicossocial remoto a 50 mil pessoas e auxilia o sistema de saúde. A Cruz Vermelha Chilena participa de campanhas de vacinação e doação de sangue. Por sua vez, a Cruz Vermelha Paraguaia acompanha a entrega de alimentos em escolar de zonas vulneráveis e presta serviços de saúde, apoio psicossocial e infraestrutura a pessoas em quarentena. A Cruz Vermelha Uruguaia oferece atendimento e acompanhamento remoto às pessoas e distribuiu kits de higiene, desinfecção e proteção, além de materiais informativos.

O programa Restabelecimento de Laços Familiares (RLF) foi adaptado para continuar ativo apesar da pandemia e poder continuar oferecendo às pessoas migrantes, incluindo as refugiadas, a possibilidade de se comunicarem com os seus entes queridos através de chamadas ou mensagens por internet em todos os países da região.

No Brasil, CICV difunde mensagens de apoio às pessoas isoladas em casa e profissionais de saúde.

No Brasil, o CICV oferece esse serviço no norte do país, nas cidades de Boa Vista e Pacaraima (estado de Roraima) e Manaus (estado de Amazonas). Em março foram realizadas mais de 24 mil telefonemas, mensagens e outros serviços que beneficiaram os migrantes.

O apoio aos familiares de pessoas desaparecidas foi reforçado com ações de apoio às famílias, que já sofrem com a incerteza quanto ao paradeiro dos seus entes queridos.

Estão sendo realizadas ações para fortalecer o respeito e o cuidado da saúde física e mental dos profissionais de saúde, assistência social e educação, em especial nas seis cidades do Brasil que têm parcerias para a implementação da metodologia do programa Acesso Mais Seguro do CICV - Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Florianópolis, Fortaleza, Porto Alegre e Vila Velha. Por meio de doações, o CICV apoia a prevenção da COVID-19 entre os profissionais de Serviços Públicos Essenciais.

O CICV no Brasil realizou entregas para o atendiemnto de populações vulneráveis.

No Brasil, o CICV doou equipamento de proteção pessoa, artigos de higiene e limpeza em Boa Vista e Manaus para ajudar na prevenção da COVID-19 no norte do país. Os produtos foram destinados a estabelecimentos de atenção a migrantes e populações vulneráveis coordenadas pelo governo brasileiro com a gestão logística das Forças Armadas.

As populações acolhedoras e migrantes em Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, foram beneficiadas com obras hidráulicas para o abastecimento de água – tão essencial para a higiene e uma das principais formas de prevenir o contágio da COVID-19. As obras ampliam estruturas sanitárias e o acesso à água nas escolas, centros comunitários e postos de saúde.

Presente também em Fortaleza, nordeste do Brasil, para apoiar autoridades nas respostas às consequências humanitárias da violência armadas, o CICV atende as famílias deslocadas e comunidades carentes afetadas pela violência com a distribuição de artigos de higiene e ajuda financeira.

Mais sobre o CICV na Delegação REgional Brasília

 

Colômbia

Na Colômbia, o CICV trabalha principalmente no apoio às populações vulneráveis que vivem em zonas afetadas pelo conflito e pela violência armada mediante a promoção de higiene e intervenções destinadas a garantir a continuidade de serviços essenciais como o acesso à água e ao saneamento, artigos de higiene e desinfecção.

Oferece apoio a estabelecimentos de saúde como hospitais e centros de saúde ao prover equipamento médico, material de proteção pessoal para os profissionais de saúde, artigos de higiene e desinfecção, e infraestrutura para áreas de hospitalização.

Também assiste a albergues para migrantes em isolamento com a entrega de alimentos e artigos de higiene a migrantes assentados na Colômbia.

Na área de serviços forenses, oferece equipamentos de proteção para os profissionais que se ocupam da gestão de cadáveres e dos necrotérios nos institutos forenses e hospitais que prestam serviços para enfrentar a pandemia.

A assistência emergencial para vítimas de conflito e violência armada consiste de ajudas individuais para 1,8 mil famílias. Em comunidades afetadas por deslocamentos em massa ou confinamentos, está prevista a entrega de alimentos utensílios domésticos básicos a 5 mil pessoas.

O CICV adaptou a sua assistência alimentar a migrantes e residentes vulneráveis com aproximadamente 30 mil beneficiários.

Na Colômbia, distribuição de sabão em unidades penitenciárias busca melhorar as condições sanitárias.

Também assiste a albergues para migrantes em isolamento com a entrega de alimentos e artigos de higiene a migrantes assentados na Colômbia.

Na área de serviços forenses, oferece equipamentos de proteção para os profissionais que se ocupam da gestão de cadáveres e dos necrotérios nos institutos forenses e hospitais que prestam serviços para enfrentar a pandemia.

A assistência emergencial para vítimas de conflito e violência armada consiste de ajudas individuais para 1,8 mil famílias. Em comunidades afetadas por deslocamentos em massa ou confinamentos, está prevista a entrega de alimentos utensílios domésticos básicos a 5 mil pessoas.

Em apoio às autoridades penitenciárias, reforçou as medidas preventivas em 25 centros de detenção permanente (cerca de 78 mil pessoas privadas de liberdade) mediante a entrega de equipamentos de proteção, higiene e desinfecção, material para a produção de artigos para a proteção pessoal, como máscaras faciais, e a instalação de pontos para lavar as mãos em áreas estratégicas dos centros penitenciários (recepção, enfermaria e centros de isolamento).

Também foram implementadas atividades de saúde mental e apoio psicossocial para apoiar os centros de atendimento e outros parceiros para assegurar a continuidade da atenção às vítimas do conflito e da violência. Além disso, continua o apoio por canais telefônicos a familiares de pessoas dadas por desaparecidas e a grupos de apoio para pacientes que para pacientes que necessitam acompanhamento especializado, profissionais de saúde estigmatizados ou traumatizados pela sobrecarga de trabalho e os profissionais que trabalham nos necrotérios.

O CICV oferece assistência às vítimas de minas antipessoal e outros artefatos explosivos e, em regiões que estão sob o controle de grupos armados organizados e onde a Cruz Vermelha Colombiana não tem acesso, difundimos campanhas de prevenção da COVID-19, mensagens sobre respeito aos profissionais de saúde e apoio psicossocial ao estresse gerado nestas comunidades pela pandemia.

Mesmo em meio à pandemia, o CICV na Colômbia continua seu trabalho como um intermediário neutro na libertação de pessoas detidas por grupos armados.

 

Venezuela

Na Venezuela, o CICV junto com a Cruz Vermelha Venezuelana e a Federação Internacional da Cruz Vermelha reorganizaram a sua resposta humanitária para contribuir para a prevenção e a atenção do coronavírus, centrando a sua ação no apoio técnico e material (equipamento de suporte de ventilação com circuitos e filtros, máscaras de B-PAP, máquinas de anestesia, oxímetros de pulso, termômetros infravermelhos, concentradores de oxigeno, equipamentos de ressuscitação e intubação, desfibriladores, entre outros) para os estabelecimentos de saúde e saneamento nos quais trabalham, assim como também em proporcionar a assistência necessária para as comunidades mais vulneráveis.

Na Venezuela, apoio a comedores beneficiam 750 pessoas em situação vulnerável..

Além disso, intensificou a capacitação contínua de médicos, enfermeiros e equipes de manutenção para o uso seguro dos equipamentos de proteção pessoal. A capacitação foi realizada mediante cursos virtuais e presenciais a 800 profissionais de saúde. Foram distribuídos mais de 800 mil insumos médicos incluindo equipamentos de proteção pessoal, kits de higiene e material educativo em 14 estabelecimentos de saúde.

Na fronteira entre Venezuela e Colômbia, o CICV prestou apoio técnico e provisão de insumos médicos para os refúgios temporais nos lugares fronteiriços entre ambos os países, oferecendo atendimento primário à saúde aos retornados, que permanecem em quarentena. Esse apoio abarca 13 mil beneficiários.

O CICV está em contato permanente com as autoridades penitenciárias para que possam responder de maneira mais eficaz à emergência em lugares de detenção do país, capacitou profissionais de saúde dos centros penitenciários nas medidas de prevenção da COVID-19 e gestão da população penitenciária nesse contexto. Além disso, fez doações para melhorar o sistema sanitário e as condições de higiene, limpeza e desinfecção.

Na área forense, apoiou principalmente os necrotérios com material e recomendações básicas para o tratamento de cadáveres por COVID-19 e conselhos específicos sobre medidas de proteção pessoal.

Na área de água e saneamento, ofereceu apoio sanitário em hospitais.

O CICV continua trabalhando para dar respostas às pessoas que estão separadas das suas famílias (por questões migratórias, de violência ou outras), facilitando informações sobre o seu paradeiro e restabelecendo o contato entre elas, por meio de serviços de conectividade em albergues, casas de acolhimento e asilos de idosos. Essa atividade é realizada em conjunto com a distribuição de kits de higiene por parte da secretaria de migração. Além disso, foram instalados pontos de conectividade em várias filiais da Cruz Vermelha Venezuelana.

Na área de segurança econômica, o CICV trabalha para oferecer assistência às comunidades mais vulneráveis, dando apoio financeiros a restaurantes populares para a compra de produtos de limpeza e higiene.

Em Trinidad e Tobago, Aruba e Curaçao, o CICV também continua trabalhando com as Sociedades Nacionais de cada um desses países para reforçar os serviços de Restabelecimento de Laços Familiares, assim como a difusão de material informativo sobre como prevenir o coronavírus.

Em Trinidad e Tobago, Aruba e Curaçao, o CICV também continua trabalhando com as Sociedades Nacionais de cada um desses países para reforçar os serviços de Restabelecimento de Laços Familiares, assim como a difusão de material informativo sobre como prevenir o coronavírus.

Mais sobre o CICV na Venezuela

 

México e América Central

No México e na América Central, o CICV enfocou os seus esforços em duas das populações mais vulneráveis: as pessoas privadas de liberdade e as pessoas migrantes, incluindo as refugiadas. Também divulgou informações de prevenção em geral e para comunidades afetadas pela violência, incluindo apoio em saúde mental.

Em Honduras, México e El Salvador, compartilhou com operadores de justiça as experiências de outros sistemas judiciais para reduzir a população privada de liberdade que, devido às suas condições de saúde, é identificada como mais vulnerável à COVID-19, assim como a jurisprudência existente nessa matéria. Muitas dessas recomendações já foram implementadas em alguns países como Honduras, onde as autoridades aplicaram medidas importantes de descongestionamento.

Nas últimas semanas, o CICV doou artigos de higiene, tanques de água, desinfetantes e material para a proteção dos funcionários penitenciários e das pessoas detidas em lugares de detenção em El Salvador, Honduras, Guatemala e Nicarágua.

Junto com a Cruz Vermelha Mexicana, prestou assistência e fez doações de artigos de higiene a albergues para pessoas migrantes.

O CICV no México e na América Central está em constante colaboração com as agências da ONU que trabalham com migrantes para unir esforços para difundir informações. Através da plataforma de mensagens WhatsApp, envia folhetos e GIF com informações úteis para que os albergues que acolhem os migrantes estejam preparados para a contingência, incluindo informações de higiene e cuidado da saúde mental. Também foram recomendadas medidas de prevenção para as pessoas que podem ser deportadas.

O CICV também prestou apoio na área de saúde e saúde mental em El Salvador. Em Honduras, doou equipamento de proteção pessoal e realizou capacitações sobre o uso correto de equipamentos de biossegurança e autocuidado em saúde mental para médicos e enfermeiros do Hospital Escola Universitário.

Para contribuir com o trabalho da Polícia e das Forças Armadas na prevenção, controle e gestão da pandemia, o CICV compartilhou com elas uma série de sugestões práticas.

Na região, a equipe forense do CICV, junto com as autoridades, distribuiu um guia de gestão de cadáveres de pessoas que morreram em decorrência da COVID-19 e doou equipamento de proteção pessoal.

Mais sobre o CICV no México e América Central 

 

Delegação regional Lima (Peru, Bolívia, Equador)

No Peru, na região do Vale dos rios Apurímac, Ene e Mantaro (VRAEM), entregou equipamentos de proteção pessoal, artigos de limpeza e desinfecção a 15 microrredes de saúde que beneficiarão a mais de cem comunidades.

Também se implementaram pontos para lavar as mãos em lugares estratégicos de comunidades rurais e foram distribuídos material informativo sobre higiene e limpeza.

Ademais, o CICV entregou equipamentos de proteção pessoal e artigos de limpeza e desinfecção a um albergue para menores sem cuidado familiar em Ayacucho.

No Peru, Bolívia e Equador, o CICV compartilhou com as autoridades um conjunto de recomendações sobre biossegurança e o uso da força por parte da Polícia e das Forças Armadas.

No Peru, entregamos kits de higiene e biossegurança a profissionais de saúde que atendem no VRAEM.

No âmbito penitenciário no Peru, entregou artigos de higiene e limpeza, beneficiando um total de 15 mil pessoas.

No Peru, chegar a populações vulneráveis no VRAEM exige atravessar rios.

Também entregou à Cruz Vermelha Peruana equipamentos de proteção pessoal para os voluntários da filial Lima.

No Equador, o CICV entregou equipamentos de proteção pessoal à Cruz Vermelha Equatoriana, com a qual realiza um trabalho conjunto para apoio em albergues de migrantes e Restabelecimento de Laços Familiares (RLF).

Na Bolívia, trabalha em conjunto com a Cruz Vermelha Boliviana para difundir a nível nacional informações sobre como prevenir a COVID-19. Também entregou produtos de desinfecção e equipamentos de proteção pessoal para os voluntários das nove filiais departamentais do país.

No Peru e no Equador, o CICV apoiou associações e albergues que atendem a migrantes com assistência alimentar e artigos de higiene e limpeza, assim como com a instalação de duchas e banheiros e em alguns espaços habilitou serviços de conectividade RLF em uma ação conjunta com a Cruz Vermelha Equatoriana, em centros isolamento e nos albergues.

O CICV apoiou as autoridades do Peru e do Equador com equipamentos de proteção pessoal e orientações para a gestão de cadáveres.

Mais sobre o CICV na delegação regional Lima

 

Panamá

Da delegação regional no Panamá o CICV oferece material às Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha do Panamá, Cuba, República Dominicana, Jamaica e Haiti para responder à emergência da COVID-19, incluindo a aquisição de equipamentos de proteção pessoal, além do apoio logístico e entrega deste à filial da Cruz Vermelha Panamenha no Darién, para continuar com as atividades dentro do programa de RLF, que beneficia principalmente os migrantes.

No Panamá e na República Dominicana, o CICV assessora as autoridades penitenciárias no que se refere à gestão e mitigação da infecção intramuros para as pessoas privadas de liberdade. 

 

No Panamá apoiamos com materiais de construção e manutenção da clínica que atende o principal complexo penitenciário do país, Las Joyas. Aí três tanques de água que o CICV havia doado às autoridades estão sendo acondicionados para servirem de pontos para lavar as mãos nas entradas principais dos três presídios. 

Também foram entregues artigos de higiene e cartazes informativos sobre medidas de prevenção do coronavírus para todos os centros penitenciários de país.

Mais sobre o CICV no Panamá