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Moçambique: CICV intensifica assistência à população de Cabo Delgado

“Fugimos para o mato e ficámos por lá cerca de duas semanas e meia. Éramos 35 pessoas”. Brohane fugiu do distrito de Meluco com 35 membros familiares devido ao conflito armado em Cabo Delgado, província do norte de Moçambique. Depois de duas semanas a dormir no mato, a família instalou-se de forma improvisada no distrito de Ancuabe. Neste momento, dormem todos na mesma tenda por falta de melhor acomodação.

Brohane é uma das três mil pessoas que receberam kits de abrigo essenciais (lonas, mantas, esteiras, redes mosquiteiras e barras de sabão) e kits de cozinha (panelas, pratos, copos, talheres e balde) que o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) entregou recentemente em Ancuabe. Com as lonas recebidas, Brohane poderá fazer pequenas casas para alojar toda a família e recomeçar as suas vidas.

A distribuição faz parte da intensificação da resposta do CICV desde o ano passado para atender a população afetada pelos confrontos, que inclui a avaliação das suas necessidades e a prestação de ajuda de emergência.

O CICV distribuiu 600 kits de utensílios domésticos e de cozinha essenciais em Ancuabe, distrito de Cabo Delgado que tem recebido novas pessoas deslocadas. No total, três mil pessoas foram beneficiadas. Foto: Azevedo Jaime/Cruz Vermelha de Moçambique

Desde dezembro, novos confrontos causados pelo conflito armado fizeram com que mais famílias tivessem que deixar as suas casas e meios de subsistência para trás em busca da sobrevivência. Os recentes deslocamentos, junto com os efeitos das mudanças climáticas e da pandemia de Covid-19, agravaram a situação das populações residentes e deslocadas, que diariamente enfrentam dificuldades para recomeçar as suas vidas e encontrar alguma normalidade.

Ana Mulua/CICV

O conflito armado em Cabo Delgado também obrigou Araquima a fugir de Meluco com os filhos e netos para Ancuabe, onde vive com a irmã. "Assim que tiver um terreno para construir, farei uma casa, usarei a lona que recebi para cobri-la e viverei aí com os meus netos", conta Araquima.

Resposta emergencial

De forma a responder à crise humanitária em Moçambique, o CICV continua a fortalecer as suas capacidades em conjunto com a Cruz Vermelha de Moçambique de forma a continuar a ajudar e proteger as pessoas necessitadas.

Em 2021 prestámos assistência de emergência a 67 mil pessoas mediante a distribuição de lonas e utensílios domésticos essenciais, sementes, ferramentas e equipamentos de pesca. Para este ano, está planeada uma intensificação das actividades de distribuição com o objetivo de contribuir para uma melhoria do nível de vida da população mais vulnerável na província mais ao norte de Moçambique.