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Conflito armado internacional entre Rússia e Ucrânia: respondemos às suas perguntas sobre o trabalho do CICV

Relatamos e desmentimos informações falsas e enganosas on-line sobre nós e nosso trabalho em prol das pessoas afetadas pelo conflito armado internacional entre a Rússia e a Ucrânia.

Atualizado em 24 de junho de 2024.

Esta página aborda perguntas frequentes sobre nossa resposta ao conflito armado internacional entre a Rússia e a Ucrânia. Ela também é atualizada conforme necessário para relatar e desmentir informações falsas e enganosas sobre nós e nosso trabalho.

Tenha cuidado ao compartilhar. Você pode nos ajudar relatando informações falsas quando as detecta nas redes sociais ou verificando a veracidade de informações questionáveis antes de compartilhá-las com outras pessoas.

O que vocês estão fazendo na Ucrânia?

Trabalhamos na Ucrânia desde 2014 e temos aumentado exponencialmente nossa presença e atividades desde 24 de fevereiro de 2022 para dar mais apoio às pessoas afetadas pelo conflito armado internacional na Ucrânia, que precisam urgentemente de assistência humanitária, incluindo alimentos, água potável, medicamentos e materiais de abrigo.
• Atualmente, quase 800 funcionários do CICV estão trabalhando na Ucrânia, incluindo pessoal de saúde, especialistas em contaminação por armas e outros membros de equipes de emergência. A maioria são colegas ucranianos, muitos dos quais sofrem na própria carne as consequências do conflito.
• Temos equipes em oito localidades de lugares como Kiev, Odessa, Lviv, Poltava, Vinnytsia, Dnipro, Donetsk e Lugansk. Desde esses locais, nossas equipes trabalham com as comunidades afetadas pelo conflito em dezenas de cidades, incluindo aquelas ao longo das linhas de frente.
• Disponibilizamos um escritório da Agência Central de Busca na Ucrânia exclusivamente para a coleta, centralização e transmissão de informações sobre a sorte e o paradeiro de pessoas, tanto militares quanto civis privados de liberdade, que caíram nas mãos do inimigo.
• Além disso, temos equipes na Hungria, na Moldávia, na Polônia, na Romênia e na Rússia para dar apoio à nossa resposta regional e coordenar com nossos parceiros do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
• Além de reforçarmos nossa resposta operacional no terreno, mantemos nosso diálogo confidencial com as partes sobre a condução das hostilidades e a proteção da população civil, relembrando-as das suas obrigações conforme o DIH. Nessas conversas, levantamos questões humanitárias urgentes, entre elas o acesso a prisioneiros de guerra, a passagem segura de civis e a prestação de assistência humanitária. Nosso objetivo é aliviar o sofrimento das pessoas que padecem o conflito.
Destaques do nosso trabalho na Ucrânia em 2023:
- Mais de 320 mil pessoas vulneráveis ​​que vivem em zonas afetadas por conflitos receberam cestas básicas para garantir uma segurança alimentar mínima;
- Mais de 153 mil materiais de sinalização foram doados a socorristas de emergência e às Forças Armadas da Ucrânia para garantir que as áreas contaminadas com artefatos não detonados sejam corretamente identificadas e que as comunidades sejam informadas dos perigos;
- Mais de 10,3 mil famílias afetadas pelas hostilidades recuperaram o acesso à moradia adequada através do fornecimento de materiais de construção ou de assistência financeira;
- Mais de 240 mil cestas básicas foram fornecidas a hospitais, instalações acadêmicas e outras instituições sociais para garantir que pacientes, estudantes e outros membros da comunidade recebessem refeições;
- Mais de 10,5 mil detidos e prisioneiros de guerra se beneficiaram de melhores condições de detenção;
- Mais de 350 mil pessoas vulneráveis ​​receberam um total de 2,7 mil milhões de UAH (69 milhões de francos suíços) em assistência financeira para satisfazer suas necessidades diárias, sustentar suas famílias e reconstruir suas vidas;
- 3.947 famílias de pessoas desaparecidas receberam resposta sobre a situação dos seus entes queridos.
Para saber mais sobre nosso trabalho na Ucrânia desde 2023, clique aqui.

Vocês transferiram soldados ou civis de Mariupol para o cativeiro russo? Vocês se certificaram de que as pessoas evacuadas de Mariupol estivessem seguras e fora de perigo?

A função do CICV na evacuação de Mariupol, em maio de 2022, foi facilitar a implementação do acordo alcançado entre a Ucrânia e a Rússia na sua qualidade de intermediário neutro. Os detalhes relacionados à evacuação foram acordados entre ambas as partes, isso incluiu a logística.

Com base nas funções que nos foram concedidas pelas partes em conflito, a nossa responsabilidade consistiu em acompanhar o comboio e estar presentes durante toda a operação. Nossa presença também permitiu lembrar às partes a sua obrigação de levar em conta as preocupações humanitárias. Facilitamos a evacuação de mais de 470 civis.

Durante as evacuações, cabe às partes decidir se essas pessoas devem ser submetidas a uma triagem. Em tal caso, esse procedimento deverá ser feito de forma humana e digna. O CICV não tem o poder nem o mandato para decidir ou evitar a triagem de civis se isso for decidido pelas partes em conflito.

O CICV não pode e nunca garantiu que todas as pessoas evacuadas passariam com sucesso no procedimento de triagem. Do mesmo modo, não podemos garantir e não temos garantido a segurança dos prisioneiros de guerra uma vez que ficam nas mãos de uma parte em conflito, porque simplesmente não temos o poder de fazê-lo.

Nossa presença visível durante a evacuação teve o objetivo de facilitar o processo entre as pessoas evacuadas e as autoridades envolvidas, e de lembrar a todos a natureza humanitária da operação. As equipes do CICV acompanharam o comboio durante todo o caminho e permaneceram com as pessoas evacuadas durante todo o processo, inclusive à noite nas barracas.

O CICV não tem o poder nem o mandato, aqui nem em qualquer outro lugar do mundo, para evitar a detenção de civis ou combatentes, nem para pedir a sua libertação. O que nós podemos fazer é continuar defendendo as pessoas protegidas para que sejam tratadas humanamente e com dignidade.

De acordo com as Convenções de Genebra, os Estados envolvidos em um conflito armado têm a obrigação de tratar os prisioneiros de guerra humanamente, inclusive com respeito pela sua integridade e honra, e de protegê-los contra atos de violência, intimidação, insultos, curiosidade pública, e tortura física ou mental.

Trabalhamos com base na Terceira Convenção de Genebra, que estabelece que o acesso do CICV aos prisioneiros de guerra deve ser garantido, mas nós não podemos forçar os Estados a cumprir as suas obrigações nem garantir que isso será feito.

Por que vocês não fazem mais pelos prisioneiros de guerra?

O CICV já visitou centenas de prisioneiros de guerra de ambas as partes no conflito armado internacional entre a Rússia e a Ucrânia. Cada vez que visitamos um local de detenção, avaliamos as condições de internamento e o tratamento recebido pelos prisioneiros de guerra. Também levamos notícias muito aguardadas com suas famílias e fornecemos itens como mantas, roupas quentes, artigos de higiene e livros.
Sabemos que muitos outros prisioneiros de guerra e internados civis já deviam ter recebido visitas semelhantes e continuamos exigindo acesso a eles, norteados pelo nosso compromisso humanitário e pelo nosso mandato, estabelecido pelas Convenções de Genebra. Também sabemos que cada dia traz muita incerteza aos prisioneiros de guerra e às suas famílias, que procuram ser tranquilizadas.
De acordo com a Terceira e a Quarta Convenções de Genebra, e no marco do nosso trabalho, o CICV deve receber acesso a todos os prisioneiros de guerra e internados civis, bem como a todos os locais onde eles estejam detidos, e permissão para repetir suas visitas tantas vezes quanto necessário. Todos os Estados têm a obrigação legal de garantir isso, sendo que todos assinaram as Convenções de Genebra.
Não podemos fazer cumprir as normas aplicáveis a este ou a qualquer outro conflito armado por conta própria. Essa responsabilidade cabe às partes, especialmente em um conflito armado internacional, incluindo territórios ocupados. Gostem ou não, cabe às partes beligerantes respeitar as regras que elas mesmas concordaram em respeitar.
Compartilhamos as frustrações das famílias que aguardam angustiadas sem terem notícias. As famílias têm o direito de conhecer a sorte de seus entes queridos, seja que estejam vivos, feridos ou mortos. Muitas já levam muitos meses esperando com ansiedade, e elas precisam de uma resposta hoje. Estão impacientes, como nós.
O CICV coleta informações sobre essas pessoas e as transmite ao país de origem delas, a fim de garantir que as famílias conheçam a sorte de seus entes queridos. Desde fevereiro, transmitimos notícias de entes queridos a quase 4 mil famílias. Esse trabalho lhes dá esperança e é uma necessidade humanitária prioritária.
Sentimos toda a pressão do tempo com cada dia que passa sem conseguirmos visitar todos os prisioneiros de guerra. Sua humanidade e dignidade não podem ser deixadas de lado. Eles precisam de conforto, cuidados, assistência e proteção, como as pessoas civis. Portanto, estamos trabalhando sem parar com as partes em conflito para obter acesso a elas.

Funcionários do CICV estiveram envolvidos nas filmagens ou nos maus-tratos aos prisioneiros de guerra ucranianos?

Qualquer abuso de prisioneiros de guerra em cativeiro é não apenas proibido pela Terceira Convenção de Genebra, mas também profundamente inaceitável. Delegados do CICV nunca tolerariam ou se envolveriam em tais práticas.
Nossas visitas aos locais de detenção seguem protocolos estritos. Delegados do CICV selecionados para visitar prisioneiros de guerra não podem ser cidadãos de nenhum dos países participantes do conflito armado internacional. Nenhum dos funcionários do CICV que visitaram os prisioneiros de guerra ucranianos é cidadão russo.
Nenhum delegado do CICV leva equipamento de gravação consigo quando visita prisioneiros de guerra.
Obter acesso a todos os prisioneiros de guerra e internos civis continua sendo uma prioridade essencial para o CICV, e continuaremos não poupando esforços na defesa de mais acesso de ambos os lados.

Outros membros da Cruz Vermelha estiveram envolvidos em abusos contra prisioneiros de guerra ucranianos?

Não recebemos nenhum indício plausível de que qualquer membro do Movimento, incluindo do CICV e da Cruz Vermelha Russa, estivesse envolvido na conduta abusiva informada na denúncia publicada em setembro de 2023. É importante reiterar que qualquer tratamento abusivo de prisioneiros de guerra em cativeiro não só é proibido pela Terceira Convenção de Genebra, como também é absolutamente inaceitável. O CICV nunca toleraria este tipo de prática. O mandato de visitar prisioneiros de guerra é inerente ao CICV.

Por que vocês não se pronunciam com mais frequência?

O método de trabalho preferido pelo CICV é o diálogo confidencial. Uma abordagem confidencial nos permite falar com franqueza com as pessoas, grupos e partes em um conflito armado ou aqueles envolvidos em outras situações de violência. Isso nos permite gerar confiança, obter acesso e garantir a segurança do nosso pessoal e das pessoas que estamos tentando ajudar.
A confidencialidade nos ajuda a desenvolver relacionamentos essenciais para encontrar soluções e podermos fazer nosso trabalho. Além disso, essa abordagem nos permite evitar o risco de politizar assuntos por meio do debate público e manter a segurança do nosso pessoal no terreno e das comunidades que auxiliamos.
Essa abordagem nos ajudou a conseguir a libertação de prisioneiros de guerra no Iêmen e de meninas sequestradas na Nigéria, organizar a evacuação de pessoas civis de Alepo, na Síria, ou Mariupol, na Ucrânia, entre outros exemplos recentes. Essa abordagem salva vidas – a nossa prioridade.
O CICV não se abstém de fazer declarações públicas, mas evita condenar unilateralmente uma das partes em conflito, pelo menos de forma muito aberta. Ainda que recebamos críticas por essa abordagem, está claro que nosso objetivo principal – o fornecimento de assistência humanitária e proteção – não deve ser colocado em perigo por declarações públicas.
As denúncias públicas são uma medida excepcional que utilizamos só depois de esgotarmos todos os outros meios razoáveis de influir nas partes no que tange ao respeito pelo Direito Internacional Humanitário (DIH), e quando esses meios não geraram o resultado desejado. Essa é uma decisão que levamos muito a sério, por causa da possibilidade de minar a proteção e a assistência que podemos oferecer. Cabe lembrar que nós trabalhamos em muitos locais onde as opiniões de fora – para não dizer as críticas do público – são muito malvistas.

Por que vocês não tomam partido?

Nossa missão é proteger as vidas e a dignidade das vítimas de conflitos armados e de outras situações de violência e prestar-lhes assistência. Nossos métodos de trabalho devem nos permitir fazer isso, trabalhar em contextos muitos perigosos e violentos de conflitos armados no campo de batalha, a ambos os lados da linha de frente. Isso só é possível se todas as partes compreendem os benefícios da nossa presença.
A neutralidade é antes uma necessidade operacional do que um valor. Em outras palavras, não consideramos a neutralidade como uma postura moral, mas como algo que permite desenvolver relacionamentos capazes de abordar questões complexas com impacto direto nas vidas das pessoas afetadas pelo conflito.
Isso pode envolver o trabalho com as partes para negociar a passagem segura de pessoas civis, o que exige a cooperação de ambas as partes, ou para garantir a troca dos restos mortais de combatentes falecidos. Isso também nos permite agir como transmissores de informações, levando notícias de entes queridos desaparecidos a famílias ansiosas. Se falássemos com apenas uma das partes em conflito, não conseguiríamos levantar questões fundamentais, como o tratamento dos prisioneiros de guerra ou a condução das hostilidades.
Para realizar mudanças importantes, não basta com engajar as pessoas afetadas por conflitos armados. Também é essencial mantermos um diálogo constante com as partes perpetradoras em conflitos para promover o respeito pelo DIH.
Às vezes, a postura do CICV no que tange a declarações e apelos ao público é alvo de críticas. Quanto às declarações ao público, o CICV continua sendo considerado discreto ou, pelo menos, reservado, como sem dúvida é em comparação com outras organizações. No entanto, comparações podem ser enganosas, dados os diferentes mandatos, tarefas e atividades de cada organização.

O CICV é corrupto e parcial?

Sabemos que muitas vezes as pessoas procuram o apoio explícito à sua parte em um conflito – e que a falta de apoio explícito é fácil de confundir com apoio à parte contrária. Neutralidade significa priorizarmos as pessoas afetadas por conflitos e por outras situações de violência independentemente de sua filiação política e sua localização geográfica. Para chegar até elas, precisamos falar livremente com aquelas que são partes em conflito.
Sendo que os Estados têm a obrigação, conforme o DIH, de facilitar o trabalho do CICV, falamos regularmente com ambas as partes no conflito armado internacional entre a Rússia e a Ucrânia.
Dialogamos com muitas figuras, de líderes políticos até comandantes na linha de frente, para promover o respeito pelo DIH. Por meio desse diálogo, instamos os Estados a cumprirem suas obrigações e aliviarem o sofrimento das pessoas afetadas pelo conflito. Isso exige um engajamento constante, neutralidade e imparcialidade.
A única forma de gerarmos suficiente confiança para conseguirmos levar assistência a algumas das pessoas vulneráveis – em particular, combatentes detidos e pessoas civis nas áreas da linha de frente – é por meio do processo de diálogo.
Para o CICV também é fundamental a prestação de contas, acima de tudo à comunidade a que ajudamos, mas também a nossos parceiros e doadores. Todos os anos, no mês de junho, publicamos nosso relatório anual com todas as informações sobre nosso financiamento.

Vocês estão envolvidos na deportação de pessoas?

O CICV nunca ajudou nem ajuda a organizar evacuações forçadas em nenhum dos lugares onde trabalhamos. Nunca prestaríamos apoio a nenhuma operação realizada contra a vontade das pessoas e contrária aos nossos princípios.
Estamos cientes das acusações publicadas na mídia sobre deslocamentos involuntários de pessoas em grande escala e continuamos acompanhando esse assunto com atenção.
Nosso trabalho não se baseia exclusivamente nos materiais disponíveis ao público, envolvendo também verificações feitas por nós. Sempre que tivermos acusações críveis para apresentar sobre violações do DIH, faremos isso com todas as partes em um diálogo confidencial e bilateral. Nossa meta é que esse diálogo contribua para aumentar o respeito pelo DIH. Além disso, uma das nossas principais áreas de trabalho continua sendo a reunificação de familiares separados por causa desse conflito armado internacional.

O que vocês estão fazendo pelas crianças que foram separadas das famílias?

Sabemos que as pessoas estão muito preocupadas com a segurança e o bem-estar de seus entes queridos. Famílias afetadas por conflitos armados pelo mundo afora padecem a separação de seus entes queridos, que pode ter consequências devastadoras para seu bem-estar e sua capacidade de retomar uma vida normal.
Como faz em qualquer conflito armado, o CICV discute a questão das crianças desacompanhadas e separadas com as autoridades da Rússia e da Ucrânia, a fim de garantir que as famílias e as crianças sejam registradas e dar um acompanhamento adequado à busca de seus familiares desaparecidos. Os familiares de crianças desaparecidas podem fazer pedidos no CICV para começar uma busca.
Após restabelecer o contato com a família e receber o consentimento do familiar e da criança, o CICV e as Sociedades Nacionais organizam a reunificação das famílias onde for possível.

Para onde foram todas as doações que o CICV recebeu?

Recebemos um enorme apoio para ajudar as pessoas que estão padecendo por causa do conflito armado internacional entre a Rússia e a Ucrânia. Em 2022, aumentamos nossa capacidade de ajudar as pessoas afetadas pelo conflito armado e gastamos cerca de 416 milhões de francos suíços para dar resposta às suas necessidades na Ucrânia e nos países vizinhos.
A maior parte de nossas despesas[1] – – quase 92% – é destinada à Ucrânia. O restante é destinado à nossa resposta regional nos países vizinhos e ao nosso escritório da Agência Central de Busca dedicado exclusivamente ao conflito armado internacional na Ucrânia, que ajuda as famílias a se reunir com seus entes queridos desaparecidos e fornece informações sobre o paradeiro daqueles que caíram em mãos inimigas, vivos ou mortos, incluindo indivíduos naturais de países alheios ao conflito.
Esse apoio permitiu ao CICV expandir sua resposta para atender às enormes necessidades nas áreas afetadas diretamente pelas hostilidades. Já temos quase 800 funcionários trabalhando nas oito áreas mais afetadas pelo conflito para prestar apoio e serviços que salvam vidas a milhões de pessoas.
Desde fevereiro de 2022, avaliamos e revisamos constantemente nossos planos operacionais e nosso orçamento para a Ucrânia e os países vizinhos. Essa abordagem garante que nossos planos e projeções de despesas reflitam de forma realista o que vamos conquistar e gastar para dar resposta às necessidades humanitárias nessa crise.
O CICV é extremamente grato pelo grande apoio recebido em resposta ao conflito armado na Ucrânia. Contribuições de parceiros da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, indivíduos, o setor privado e governos fizeram uma grande diferença nas vidas de milhões de pessoas afetadas pelo conflito.

Por que as pessoas não podem usar o emblema da cruz vermelha, se ele poderia salvar suas vidas?

Queremos deixar algo claro: seja em um ônibus ou em suas casas, as pessoas civis são protegidas pelas Convenções de Genebra. Com ou sem o emblema da cruz vermelha, as partes em conflito devem minimizar o dano causado a elas.
No entanto, a utilização do emblema da cruz vermelha conforme o DIH aplica-se a casos específicos e segue normas estritas. Em conflitos armados, o emblema pode ser utilizado por pessoal e estabelecimentos de saúde, incluindo médicos e veículos médicos de exércitos. Também pode ser usado por trabalhadores, veículos e estabelecimentos da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, e na assistência humanitária fornecida por eles.
Quando utilizados por profissionais de saúde, a cruz vermelha e o crescente vermelho são emblemas da proteção conferida pelo direito internacional aos feridos e doentes e a quem cuida deles durante conflitos armados. Esses símbolos também podem indicar uma conexão com uma organização da Cruz Vermelha ou do Crescente Vermelho. Eles indicam às pessoas que se trata de organizações humanitárias, que ajudam as pessoas durante desastres naturais, guerras ou outras emergências – exclusivamente com base na necessidade.
Portanto, o uso incorreto dos emblemas pode ter muitas consequências graves, acima de tudo para as pessoas mais necessitadas, ao comprometer o acesso seguro dos serviços de saúde militares e do pessoal e os voluntários da Cruz Vermelha ou do Crescente Vermelho às pessoas e comunidades necessitadas durante uma crise humanitária.
O uso incorreto do emblema, como sua colocação em veículos (incluindo aqueles que realizam atividades humanitárias) por pessoas ou organizações sem filiação com o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, também coloca em perigo a função protetora desses símbolos se as partes beligerantes e os portadores de armas deixarem de confiar no significado dos emblemas. Instamos as partes a respeitarem as leis que protegem o emblema.
Acusações de atividades ilícitas:
• O CICV está fabricando armas biológicas
• O CICV entregou medicamentos vencidos
• O CICV trafica órgãos (de crianças)
• A OTAN utiliza veículos do CICV para transportar armas
Desde a deflagração do conflito armado, muitas acusações falsas foram feitas contra o CICV e nosso trabalho.
O CICV não tem absolutamente nada a ver com nenhuma das atividades mencionadas acima e condena veementemente a disseminação desses boatos. A participação nessas atividades contrariaria todas as normas legais e nossos princípios. Nossas principais prioridades são fornecer assistência urgente às pessoas afetadas pelo conflito e trabalhar para manter o respeito pelo DIH.
Recebemos perguntas sobre nosso trabalho de braços abertos e nos empenhamos para termos a maior transparência possível sobre as nossas operações sem comprometer o diálogo confidencial e bilateral que é fundamental para nosso engajamento com as partes em conflitos pelo mundo afora.


1  As percentagens representam despesas do CICV que ainda estão sendo apuradas e não foram auditadas. Os números exatos para cada delegação envolvida serão disponibilizados no nosso Relatório Anual 2022, que será publicado em julho de 2023, após a auditoria e o fechamento das contas.