Comunicado de imprensa

Crise na Ucrânia: aumento da violência piora condições de vida dos civis na linha de contato

Kiev/Donetsk/Lugansk (CICV) - Dois anos depois do início do conflito, e a mais de um ano desde a assinatura do acordo oficial de cessar-fogo, em Minsk, o agravamento da violência no leste da Ucrânia causa privações constantes para a população que vive próximo à linha de frente.

"Muitas pessoas nessa área não têm escolha a não ser depender da ajuda humanitária", afirmou o chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Ucrânia, Alain Aeschlimann. "Com as divisões impostas pela linha de contato e os grandes danos à infraestrutura civil, devido ao uso generalizado e, muitas vezes, inapropriado de armas explosivas nos últimos dois anos, a obtenção de comida e água é a exceção mais do que a regra para muitas das comunidades".

O bombardeio contínuo e o número limitado de pontos de passagem para os civis na linha de contato significam que os moradores e os deslocados, que não têm para onde ir, não conseguem obter acesso aos serviços básicos. Em alguns lugares, os hospitais foram destruídos ou ocupados pelos militares, enquanto que nas escolas faltam professores.

E, para completar o sofrimento das pessoas, está a angústia de ter entes queridos desaparecidos. Mais de mil pessoas ainda são dadas como desaparecidas em relação com o conflito armado, segundo as estimativas do CICV. "Ninguém sabe o número exato, mas centenas de mães, pais, filhos, filhas, esposas e maridos aguardam notícias dos seus entes queridos", explica Aeschlimann. "Eles podem estar vivos ou mortos, e essa incerteza causa um grande sofrimento para as famílias. As pessoas têm o direito de saber o que aconteceu com os seus familiares. Fazemos todo o possível para fomentar a cooperação entre todas as partes envolvidas na busca das pessoas desaparecidas, desde órgãos governamentais até instituições forenses."

Sobre o CICV na Ucrânia

Como uma organização humanitária, neutra, imparcial e independente, o CICV concentra-se na ajuda às pessoas mais vulneráveis. As suas equipes visitam as pessoas detidas em relação com o conflito, nas áreas controladas pelo governo, e negociam o acesso nos lugares de detenção no outro lado da linha de contato. Sempre que solicitado, a organização participa de operações para liberar e transferir detidos entre as partes em conflito. Distribui alimentos, artigos de higiene, medicamentos e material de construção para as comunidades mais afetadas. O CICV também lembra a todos os envolvidos sobre as suas obrigações perante o Direito Internacional Humanitário (DIH). Essas normas reconhecidas universalmente, fundamentadas em uma distinção clara entre civis e militares, requerem que os civis e a infraestrutura civil sejam poupados dos efeitos das hostilidades.

Principais números sobre a ação do CICV na Ucrânia em 2015

  • Mais de 2 milhões de pessoas beneficiadas com o apoio do CICV às companhias de água e eletricidade.
  • Mais de 330 mil pessoas receberam cestas alimentares e mais de 370 mil, utensílios básicos.
  • Mais de 13 mil pessoas receberam ajuda financeira, incluindo as que trabalharam nas reformas e reconstrução das casas danificadas nos combates.
  • 141 estabelecimentos de saúde receberam o apoio do CICV.
  • Mais de 62 mil doses de insulina foram administradas em pacientes nas regiões de Lugansk e Donetsk.
  • 8 mil placas de aviso sobre o risco de minas e 200 rolos de fita demarcadora de alta visibilidade foram produzidos e entregues às autoridades e militares de ambos os lados.
  • 17 cartazes alertando para os riscos de minas foram instalados em um ponto de passagem da linha de contato, bem como 25 latrinas (para impedir que as pessoas andem pelos campos minados).
  • 618 pessoas detidas em relação com o conflito foram visitadas em 15 lugares de detenção.
  • 430 famílias buscam os seus entes queridos com a ajuda do CICV e Cruz Vermelha da Ucrânia.

 

Mais informações:
Matthias Weinreich, CICV Kiev, tel: +380 067 509 42 06
Sanela Bajrambasic, CICV Donetsk, tel: +380 50 315 04 60
Jenny Tobias, CICV Genebra, tel: 79/536 92 48