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De Hebron a Gaza: família reunida após 14 anos

Neamah, uma palestina de 65 anos natural de Gaza, mudou-se para Hebron, na Cisjordânia, quando se casou e, desde então, vive feliz lá com o marido e os filhos.

Mas sempre sentiu saudade da família que ficou em Gaza, sobretudo porque a viagem entre Gaza e Cisjordânia ficou mais difícil ao longo do tempo. Catorze anos se passaram sem que Neamah pudesse ver as irmãs mais velhas Zeinab e Fatma, já que as autoridades israelenses rejeitaram os seus reiterados pedidos de viagem de Hebron a Gaza. O desejo de ver as irmãs aumentava cada vez mais, enquanto a saúde delas piorava.

As novas tecnologias oferecem uma boa forma de comunicação,
mas nada substitui abraçar as minhas irmãs e os meus parentes.


Neamah chega a Gaza para visitar a casa da família, onde nasceu.

Em julho passado, Neamah pediu ajuda à equipe do CICV encarregada do restabelecimento de laços familiares. Poucas semanas depois, o CICV, em nome de Neamah, conseguiu a autorização das autoridades israelenses para que ela passasse duas semanas em Gaza com os parentes.


Neamah, sentada com o sobrinho Ghassan, conhece a nova geração da família.

Neamah entrou em Gaza pela passagem Erez-Beit Hanoun, onde o oficial no terreno do CICV Elham a acompanhou até a casa da família em Jabaliya. Todos os familiares estavam ansiosos pela sua chegada, que foi alegre e emotiva.

Não tenho palavras para descrever como me sinto.

Neamah encontra-se com o sobrinho Anwar. "Se tivesse cruzado com ele na rua em Hebron, não o teria reconhecido. É um homem adulto."

Neamah é invadida por uma enxurrada de boas lembranças. "Os meus dois sobrinhos, acompanhados pela equipe do CICV, foram os primeiros a me receber. Quando cheguei, tudo parecia diferente: Jabaliya mudou completamente e a minha família era muito mais numerosa do que eu esperava!"


Neamah abraça a irmã Zeinab pela primeira vez em 14 anos.

As duas semanas passaram rápido. Quando se aproximou a hora do retorno, um dos jovens da família aconselhou Neamah a abrir uma conta de Skype para que pudessem conversar às vezes. "Bem, as novas tecnologias nos oferecem uma boa forma de comunicação", admite Neamah, "mas nada substitui abraçar minhas irmãs e meus parentes".

A última coisa que disse aos meus parentes
foi que esperava poder visitá-los de novo.

Neamah retornou a Hebron com sentimentos contrapostos. Por um lado, estava feliz de voltar para a casa e estar com o marido, os filhos e os netos. Por outro, sentia tristeza por deixar as irmãs, especialmente por não saber se as veria de novo.


Foto de Neamah com a família, reunidos após 14 anos de separação.

"A viagem foi como um sonho realizado", explica Neamah, com lágrimas nos olhos. "Não acreditei que pudesse chegar a Gaza até o momento em que passei pelo último ponto de controle. "Claro que sentia saudade da minha família e da minha casa aqui em Hebron. Mas continuo pensando nas minhas irmãs em Gaza."

 

Fotos: CC BY-NC-ND /CICV/N. Alwaheidi