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Moçambique: Cerca de 1,530 familias retornadas em Mocímboa da Praia recebem meios de subsistência do CICV para ajudar no recomeço

O distrito de Mocímboa da Praia foi dos mais destruídos, em consequência do conflito armado na província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, e muitas comunidades fugiram para outras zonas em busca de segurança. A partir do início de 2023, milhares de pessoas começaram a voltar às suas aldeias de origem.

Julieta fugiu de Mocímboa da Praia, junto com o marido e sua mãe. Três anos depois, ela volta ao seu local de origem, localidade de Awasse, com o desafio de recomeçar, com uma filha bebê e a mãe. Seu marido ficou desaparecido quando fugiam e não regressou junto.

Deixamos tudo quando fomos atacados. Eu estava grávida. A minha mãe, e o meu marido levaram-me para outro distrito. Só voltamos três anos depois, e agora estamos a recomeçar, porque perdemos tudo, desde a casa, as roupas, objectos de cozinha e outras coisas

Fidelto Bata

Julieta depois de receber seu kit de artigos essenciais domêsticos/

Na comunidade de Julieta, Awasse, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) distribuiu kits com artigos essenciais domêsticos compostos por balde, redes mosquiteiras, lona, conjunto de material de cozinha, barra de sabão, tapetes de dormir e cobertores, à 690 famílias para ajudar no processo de recomeço.

Sendo Mocímboa da Praia, um dos distritos em situação crítica, enfrentando uma crise humanitária devido aos rastos de destruição de infraestruturas, serviços básicos e escassez de meios de subsistência, o CICV distribuiu kits de pesca para 840 famílias, na sua maioria, retornadas após terem fugido das suas aldeias há alguns anos.

Mohamed é disso exemplo: "Fugimos há quatro anos, pouco tempo depois que o conflito começou. Estava com a minha esposa e seis filhos. Fomos a Nampula e ficamos lá o tempo todo. Decidimos regressar para a nossa casa e está tudo destruído, até agora dormimos com cobertura de lonas, dependemos de ajuda para comer", disse.

/Fidelto Bata

Recebeu um kit de pesca composto por redes, boias, anzóis entre outro material para usar no alto-mar, visto que o distrito se encontra na zona costeira, onde a actividade econômica que predomina é a pesca.

1.530
"O maior desafio continua a ser assistir as pessoas deslocadas pelo conflito, mas a partir do início de 2023 começamos a registar uma nova dinámica, em que as pessoas afectadas pelo conflito armado começam a regressar às suas zonas de origem. Elas chegam lá com muitas necessidades, desde acesso aos serviços básicos e meios para reerguerem as suas vidas", explica Valentina Torricelli, Chefe da sub-delegação do CICV em Moçambique.

A assistência, através da distribuição de kits de pesca e de artigos essenciais domêsticos, tem por objectivo melhorar a curto e médio prazos as condições de vida das pessoas retornadas e proporcionar meios de subsistência bem como aprimorar condições de abrigo.

Até agora, desde que o CICV começou a prestar assistência as comunidades retornadas à Mocímboa da Praia, mais de 5,000 famílias já receberam apoio em bens, além de assistência para abertura de pedidos de busca por entes queridos desaparecidos em consequência do conflito armado.

Mais informações:
Sophie Ncube, CICV, Maputo, sncube@icrc.org , Tel: +258 873 433 900.