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Paraguai: ciências forenses para melhorar resposta humanitária a desastres

Durante a II Reunião sobre Gestão de Cadáveres em Situações de Emergência, realizada em Assunção de 11 a 13 de março, especialistas paraguaios e latino-americanos discutiram as melhores práticas das ciências forenses e fortaleceram a cooperação e coordenação entre os responsáveis pela gestão e identificação de vítimas de desastres e emergências, sejam eles naturais ou causados pelo homem, visando dar uma resposta adequada aos familiares dessas vítimas.

Especialistas forenses simulam as etapas da gestão de cadáveres em desastres e emergências. CC BY-NC-ND/CICV/L.Vera

A gestão de cadáveres é um dos aspectos mais complexos da resposta humanitária a desastres e emergências. Tais eventos causam, muitas vezes, um elevado número de mortos e sobrecarregam os sistemas locais dedicados aos cuidados das vítimas.

"As ciências forenses podem ajudar a mitigar o sofrimento e a angústia dos familiares das pessoas desaparecidas nessas situações. Por isso, o CICV apoia programas e atividades que têm como objetivo fortalecer os processos forenses de identificação de cadáveres cujas identidades são desconhecidas", explica a assessora forense da Delegação Regional para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai do CICV, Olga Lucía Barragán.

Simulação de ação para gestão de cadáveres no Paraguai. CC BY-NC-ND/CICV/L.Vera

A reunião foi promovida pelo CICV e pelo Departamento de Medicina Legal e Ciências Forenses do Ministério Público paraguaio e contou, além de exposições teóricas de especialistas forenses, com uma simulação de manejo de cadáveres em um desastre.

Esta é a segunda iniciativa sobre o tema promovida pelo CICV no Paraguai. A edição passada, realizada em outubro, teve a participação dos primeiros a chegar em emergências, como voluntários da Cruz Vermelha Paraguaia, bombeiros e agentes do Estado que trabalham com primeiros-socorros e na resposta imediata a desastres.

Para os participantes, o evento foi a continuidade de um processo de aperfeiçoamento. Enquanto o primeiro encontro enfocou o trato com as famílias, o tratamento digno de cadáveres e a facilitação da identificação por especialistas, o segundo foi mais técnico, voltado para profissionais da ciência forense, e abordou temas específicos da prática pericial.

Funcionários do CICV acompanham profissionais forenses durante uma simulação na reunião de gestão de cadáveres. CC BY-NC-ND/CICV/L.Vera

"Essa reunião é extremamente importante para todos os profissionais forenses participantes, pois permite desenvolver nossas ferramentas e processos destinados a uma resposta em situações de desastres. Além disso, nos coloca a par das normas e boas práticas internacionais, assunto sobre o qual o CICV é uma referência", afirma o diretor de Medicina Legal e Ciências Forenses do Ministério Público paraguaio, Pablo Lemir. 

Há mais de uma década que o CICV, de forma independente, oferece assessoria técnica aos Estados para que estes estabeleçam estruturas que atendam aos padrões internacionais comuns aos processos de identificação de cadáveres. "É uma prioridade para todos nós assegurar a gestão apropriada dos corpos, a dignidade da pessoa falecida e os direitos das famílias", afirma Olga.

Na América Latina, o CICV apoia tanto iniciativas locais, como a reunião em Assunção, quanto regionais, como a Rede Ibero-americana de Institutos de Medicina Legal e Ciências Forenses, da qual o Paraguai também faz parte.