Filipinas: projeto melhora condições de vida das comunidades afetadas por conflitos
Em partes de Luzon e Visayas, as comunidades sofrem com os efeitos de um conflito armado prolongado entre as forças de segurança do governo e o Novo Exército Popular. Quase sempre vivendo em áreas remotas e afastadas, essas comunidades também enfrentam a pobreza, o que faz do dia a dia um desafio.
"O crescimento econômico é quase sempre atrofiado nessas comunidades, que também sofrem com a insegurança causada pelos enfrentamentos esporádicos. Por causa disso, essas pessoas têm acesso limitado a oportunidades de geração de renda e, às vezes, aos serviços também", afirmou o chefe da subdelegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Luzon e Visayas, Oualid Bech.
Para apoiar as pessoas que sofrem os efeitos crônicos do conflito e da pobreza, o CICV realiza programas que visam ajudar as barangays (aldeias) e comunidades mais vulneráveis a se reerguerem e serem mais resilientes.
Esses programas empregam um enfoque participativo no qual as pessoas beneficiadas identificam as suas próprias necessidades. Realiza-se uma série de consultas e discussões com o CICV para determinar que tipos de projetos são adequados e como implementá-los e sustentá-los de maneira efetiva.
Todos os projetos são monitorados e avaliados por meio de visitas ao terreno realizadas pela equipe do CICV com o apoio de voluntários da Cruz Vermelha Filipina, o principal parceiro do CICV no país.
Criando oportunidade
Na região montanhosa de Guihulngan, na província de Negros Oriental, o milho é o alimento básico e principal fonte de subsistência das comunidades. Os agricultores, no entanto, devem viajar para uma cidade distante para moer o seu milho, o que representa um considerável gasto de dinheiro e esforço.
A comunidade agrícola identificou isso como um desafio e, quando o CICV chegou para apoiar, eles propuseram construir uma moenda de milho. Em março, a moenda começou a funcionar e já beneficia agricultores de sete barangays e melhorou a qualidade da moagem.
Também criou oportunidades de negócios e emprego, já que a associação local lucra com a sessão de moagem e usa a renda para empregar pessoas na manutenção da moenda. A associação faturou mais de 65 mil pesos filipinos desde março de 2015. O projeto também incentivou os pequenos agricultores a usar parcelas dos seus lotes para cultivar o milho.
"Quando soubemos que seria construída uma moenda de milho na nossa barangay, nós (os moradores) ficamos muito felizes. A moagem manual não é suficiente e não chega a favorecer a todos nós. Também leva uma hora para moer 2,5 quilos de milho, enquanto que com a máquina o processo leva apenas 15 minutos", lembra Segondo Cañafuego, um agricultor de 53 anos, morador da Barangay Planas, em Guihulngan.
"Estou pensando agora em plantar toda a minha terra com milho por causa da máquina de moer que funciona aqui", acrescenta.
Enquanto isso, em Negros Occidental, também em Visayas Ocidentais, a plantação de arroz é a principal fonte de subsistência. Em 2015, o CICV apoiou as associações de agricultores locais nas barangays da baixada em Sipalay com a entrega de tratores manuais arados de arroz, aumentando assim a eficiência na produção. Como a moenda de milho em Guihulngan, essas máquinas agrícolas fornecem uma renda extra para as pessoas que as operam e para a associação local.
Para Lope de Vega, um município no norte de Samar, a devastação nas plantações de abacá causada pelo vírus do topo em leque teve um grave impacto nos meios de subsistência dos agricultores. O abacá é considerado um importante "cultivo comercial" ou um dos que pode ser facilmente vendido por sua fibra. Depois de avaliar essa necessidade com a comunidade, o CICV distribuiu mudas resistentes ao vírus para que os moradores pudessem voltar a gerar renda a partir do abacá.
Ajudando a si mesmos e a comunidade
Com o sistema de remuneração por trabalho prestado, as pessoas identificadas como mais vulneráveis devido à falta de renda estável – como os trabalhadores sem-terra e os agricultores sazonais – encontrarão meios temporários para gerar renda ao trabalhar em projetos que também beneficiam diretamente as suas comunidades.
A mão-de-obra não qualificada recebe pelo menos 250 pesos Filipinos por dia, enquanto a qualificada recebe um pouco mais. Esses trabalhadores quase sempre têm a oportunidade de trabalhar por 10 a 15 dias.
Esses projetos, que são escolhidos pelas comunidades em função das suas necessidades, não são exaustivos e, portanto, podem envolver mulheres e idosos. Nos municípios de Juban e Gubat, Sorsogon, que têm barangays no interior e nos planaltos, onde o acesso pode ser difícil, sobretudo durante a temporada de chuvas, projetos como a abertura e/ou ampliação de estradas nas barangays e a construção de caminhos de concreto para o acesso às fontes de água potável são selecionados pelas comunidades por meio de discussões de grupos focais.
Outros projetos incluem hortas que beneficiam os programas de alimentação para crianças, o conserto de igrejas, a construção de cercas nas escolas, centros comunitários nas barangays e poços de compostagem. Na maioria desses projetos, as barangays fornecem o material e representam um papel crucial na supervisão da sua implementação.
Embora temporário, o programa de remuneração por trabalho prestado garantiu renda para 616 pessoas em 11 barangays em Juban e Gubat, entre julho e outubro.
Esses programas mostram que, ao usar um enfoque que inclui a comunidade, a sua população se torna mais resiliente e mais bem preparada para se reerguer diante a futuros desafios.
De janeiro a setembro de 2015, o CICV em Luzon e Visayas:
- Distribuiu ferramentas agrícolas, materiais agrícolas e equipamentos para 2.360 famílias;
- Proporcionou rendas em curto prazo para 551 pessoas empregadas nos projetos de remuneração para trabalhos prestados;
- Facilitou empréstimos condicionais para 887 famílias para os seus respectivos projetos de subsistência;
- Realizou vários programas de treinamento e melhorou as habilidades de 160 pessoas.
Em resumo, o CICV assistiu 20.507 pessoas em sete municípios afetados por conflitos por meio de programas para fortalecer a sua resiliência.
Mais informações:
Allison Lopez, CICV Manila, tel.: 0908 868 6884
Wolde-Gabriel Saugeron, CICV Manila, tel.: 0918 907 2125