Comunicado de imprensa

Promessas não bastam: o mundo não pode abandonar o povo da Síria

Declaração conjunta dos presidentes do Crescente Vermelho Árabe Sírio (CVAS), do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) antes da V Conferência de Bruxelas destinada a "Apoiar o futuro da Síria e da região”

O trágico conflito na Síria já dura uma década. Por isso, o Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho apela para que a comunidade internacional coloque suas palavras em prática e garanta o financiamento que é essencial para uma das crises mais brutais e de maior alcance em nosso tempo.

Mais do que nunca, o povo sírio precisa de nossa ajuda e solidariedade agora. Dez anos depois do começo desta crise, o povo da Síria enfrenta diversos desafios: hostilidades constantes, colapso econômico e a pandemia do coronavírus, que só exacerbou as enormes necessidades humanitárias no país. Atualmente, pelo menos 13 milhões de pessoas precisam de assistência urgente e nunca dependeram tanto de ajuda.

As necessidades na Síria são imensas, e os serviços humanitários continuam sendo uma tábua de salvação. Apesar das dificuldades em relação à segurança e dos obstáculos políticos, precisamos continuar encontrando meios de consertar infraestruturas essenciais e de garantir que as pessoas tenham acesso a serviços básicos, como água potável, eletricidade e assistência médica.

"Nossa infraestrutura está em ruínas. Nosso povo não consegue cobrir suas necessidades mais básicas por causa da grave escassez de alimentos, água, combustível e remédios", disse o presidente do CVAS, Khaled Hboubati, cujas equipes de funcionários e voluntários vêm trabalhando na linha de frente desta crise e fornecendo mais de 60% da assistência humanitária. "Faz uma década que o povo da Síria leva uma vida de sofrimento. O mundo não pode abandonar essas pessoas", acrescentou Hboubati.

O Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho vem respondendo às necessidades da população na Síria desde os primeiros dias do conflito. Voluntários e funcionários têm fornecido uma ajuda vital para as pessoas em lugares onde outros não conseguem chegar. Sem eles, esta catástrofe humanitária teria sido bem pior. Atualmente, ajudamos cerca de 4,5 milhões de pessoas por mês na Síria. Para que este trabalho que salva vidas possa continuar, os trabalhadores humanitários precisam ter acesso contínuo, seguro e sem motivações políticas a todas as pessoas, famílias e comunidades necessitadas. Pedimos que os Estados e que todas as partes em conflito garantam o respeito ao Direito Internacional Humanitário (DIH) em suas operações.

Sírios que moram fora de sua terra natal também precisam desesperadamente de ajuda. Dos 16,7 milhões de pessoas afetadas pela crise síria, mais de um terço está atualmente em países vizinhos, onde Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho ajudam a sustentar milhões de pessoas, inclusive através de assistência financeira de grande escala em lugares como a Turquia. Em paralelo, Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho na Europa e em outros lugares têm realizado diversos tipos de atividades para ajudar a população síria a se integrar às comunidades, desde oferecer programas de apoio psicossocial a organizar centros de acolhimento e facilitar os procedimentos de reunificação com os familiares que ficaram para trás.

"Durante os últimos dez anos, houve uma grande generosidade e solidariedade na forma de financiamento de ajuda para a Síria e os países vizinhos", disse o presidente da FICV, Francesco Rocca.

"Infelizmente, hoje vemos que as doações estão diminuindo, embora a crise humanitária piore a cada dia que passa. Mais do que nunca, o financiamento é necessário para garantir que os sírios possam cobrir suas necessidades básicas e levar uma vida digna."

No entanto, só ajuda e financiamento não resolverão esta crise.

"Trabalhadores humanitários estão aqui para ajudar, mas a principal responsabilidade é das partes em conflito", disse o presidente do CICV, Peter Maurer, que voltou recentemente de uma visita à Síria. "Uma liderança coletiva e convergente a despeito das diferenças políticas é urgentemente necessária. Do contrário, haverá outras edições da Conferência de Bruxelas. O apoio financeiro contínuo e uma solução política negociada possibilitarão um futuro melhor para o povo da Síria. A população síria não tem condições de aguentar mais um ano nesta situação desesperadora, muito menos mais uma década."

Mais informações:

CICV: Ruth Hetherington (Genebra) M+41 79 447 37 26 rhetherington@icrc.org

FICV: Tommaso Della Longa (Genebra): M +41 79 708 43 67 Tommaso.dellalonga@ifrc.org