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Relatório de operações sobre a Etiópia: mudanças na linha de frente no Norte levam mais pessoas a fugir de casa

Dezenas de milhares de novas pessoas deslocadas nas regiões de Tigray, Amhara e Afar vivem em condições terríveis depois que mudanças na linha de frente as obrigaram a fugir das suas casas em busca de segurança.

As pessoas deslocadas têm poucos pertences e dormem em abrigos superlotados, escolas ou até mesmo a céu aberto, onde podem ficar expostas às chuvas e ao frio nas regiões de grande altitude. Água, comida, dinheiro, combustível e energia são altamente escassos e elas dependem muito das comunidades acolhedoras, que, em geral, têm poucos recursos para compartilhar.

"É de partir o coração ver o trauma que sofrem depois de terem sido desarraigadas repentinamente das suas casas. No entanto, o que mais me preocupa é que elas também precisam lidar com a crescente insegurança", afirmou o chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Etiópia, Nicolas Von Arx. "Fazemos um apelo a todas as partes do conflito para que poupem a população civil dos efeitos dos combates e proteja a assistência à saúde e outros serviços vitais".

O acesso à saúde continua sendo uma preocupação humanitária primária. Após os recentes combates nas regiões de Amhara e Afar, os centros de saúde apoiados pelo CICV recebem um número cada vez maior de pessoas feridas nas últimas semanas. "A situação é cada vez mais difícil, com estabelecimentos de saúde superlotados, material médico inadequado ou em falta, e carência de recursos humanos suficientes para cuidar de pacientes que precisam de uma intervenção cirúrgica imediata", complementou o coordenador de saúde do CICV, Apollo Kinyokie Barasa.

Trabalhando em estreita cooperação com a Cruz Vermelha Etíope, o CICV aumentou a sua presença em Amhara e Afar, entregando suprimentos de emergência, melhorando o abrigo e o saneamento para as pessoas deslocadas e ajudando os centros de saúde a lidarem com o fluxo de pessoas com ferimentos e outras necessidades de saúde relacionados com o conflito. O CICV mantém os mesmos programas na região de Tigray.

Desde o início de agosto, o CICV:

  • Distribuiu meios de subsistência de emergência e material de abrigo, incluindo cobertores, lâmpadas, utensílios domésticos, para 102,6 mil pessoas em Tigray, Amhara e Afar.
  • Prestou assistência alimentar a 18 hospitais em Tigray mediante a entrega de farinha, grão de bico e óleo de cozinha a mais de 14,5 mil pacientes, equipes de saúde e as suas famílias.
  • Forneceu material médico para 13 hospitais na região de Amhara, incluindo o Hospital Universitário de Gondar, Hospitais Gerais de Sekota e Lalibela, assim como o Hospital Primário de Aykel, Hospital Universitário de Dessie, Woldia, Debark, Dangla, Boru Meda, Hospitais Gerais de Kombolcha, Mersa, Adet, e Hospitais Primários de Haik e Merawi. Esses hospitais e centros de saúde receberam material e equipamentos médicos, como cadeiras de rodas e leitos hospitalares, equipamentos de proteção individual, cobertores e colchões. Os suprimentos são suficientes para tratar mais de duas mil pessoas feridas.
  • Apoiou o Hospital Geral Dupti em Semera e a filial da Cruz Vermelha Etíope com materiais médicos para reabastecer kits de primeiros socorros para ambulâncias, equipamentos de proteção individual e macas na região de Afar.
  • Realizou trabalhos de reabilitação de infraestrutura nos hospitais Suhul e Shiraro, assim como em 14 unidades de saúde e centros de saúde primários em Tigray.
  • Continuou ajudando as pessoas da região de Tigray que perderam contato com os seus familiares, oferecendo telefonemas ou mensagens escritas para restabelecer ou manter contato. Em agosto, estudantes de universidades, pacientes de hospitais e pessoas em situação de risco fizeram 4.755 telefonemas e 2.711 Mensagens Cruz Vermelha foram coletadas.
  • Forneceu produtos químicos para estações de tratamento de água que produzem água potável para mais de 1,7 milhão de pessoas em Tigray.
  • Reabilitou bombas e geradores em diferentes partes de Tigray e Amhara para facilitar o acesso à água.

Mais informações:
Fatima Sator, CICV Adis Abeba, fsator@icrc.org M. +251944101700
Alyona Synenko, CICV Nairóbi, asynenko@icrc.org M. +254716897265