Reportagem “RefugiadAs” vence Prêmio CICV de Cobertura Humanitária Internacional
A reportagem da TV Brasil é a vencedora da segunda edição do Prêmio de Cobertura Humanitária do CICV. O anúncio foi feito na noite desta terça-feira (6 de novembro), em cerimônia no Memorial da América Latina, em São Paulo.
O especial "RefugiadAs", exibida no programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, venceu a segunda edição do Prêmio CICV de Cobertura Humanitária Internacional, promovido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Contar a história de vida de mulheres que fugiram de seu país em busca de um novo lar. Dar visibilidade às pessoas que estão sofrendo e que se encontram em situação de vulnerabilidade. Mostrar "a vulnerabilidade dentro da vulnerabilidade", como disse a repórter Leilane Menezes, do portal Metrópoles, que também tratou do tema das mulheres migrantes e ficou em terceiro lugar.
Em uma roda de conversa mediada pelo jornalista Aldo Quiroga, as equipes dos três trabalhos finalistas compartilharam com o público seus percalços e acertos na produção das reportagens. Distância, custo e logística foram alguns dos pontos identificados como dificuldades para a reportagem.
O que para os jornalistas é mais difícil, no entanto, mais do que sensibilizar as direções dos meios, é produzir essas reportagens. As equipes destacaram que, além dos altos custos, é contar esse tipo de história requer um grande investimento na procura de fontes e também muito cuidado no momento de entrevistá-las.
Força para enfrentar dificuldades
Aline Beckstein, jornalista da TV Brasil, que representou a equipe vencedora ao lado do colega de emissora João Marcos Barboza, afirma que sua motivação está em saber mais sobre o outro, de onde ele veio e do que foge. No caso das mulheres é entender de onde vem a "força" para enfrentar um novo país, com todas as barreiras físicas e de idioma. "Que força é essa que motiva essas mulheres? A despeito e apesar de tudo o que elas viveram no país de origem, tentarem uma nova vida aqui, com dignidade, com força e acima de tudo com muita coragem", observa a jornalista.
"Ao dar voz a mulheres refugiadas de diferentes culturas, o trabalho da TV Brasil mostrou o que realmente nos une – nossa humanidade. Sem deixar de falar das enormes dificuldades, as pessoas retratadas mostram que com esperança e determinação estão dispostas a recriar suas vidas no novo país", pondera a jornalista Cristiana Mesquita, da Associated Press, uma das juradas do prêmio, além de Paulo Braga, do Médicos sem Fronteiras (MSF), e Sandra Lefcovich, do CICV.
A chefe de Delegação Regional do CICV para a Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Simone Casabianca-Aeschlimann, reforçou a importância de que o produto final seja humanizado, evidenciando aqueles que precisam de apoio e proteção.
"O noticiário de temas geopolíticos ou militares de um conflito armado é importante para a compreensão dos acontecimentos", aponta a chefe de delegação, mas ressalta que a imprensa pode ir além. "É importante dar rosto a essas histórias."
"Não importa a distância geográfica ou cultural, uma cobertura humanitária resultará essencialmente em gente tendo acesso a histórias de gente. É isso que vai conectar o brasileiro à história de um rohingya ou de um somali", destacou Casabianca-Aeschlimann.
A representante da Fundação Memorial da América Latina Maristela Debenest destacou a temática de migração, tão presente nas reportagens inscritas nesta edição do prêmio. "Desde já e sempre os deslocados de sua terra tem lugar neste espaço", afirmou, fazendo rerência ao Memorial da América Latina, importante ícone cultural do país, que sediou a entrega do prêmio.
A edição deste ano recebeu cerca de 50 inscrições de reportagens de todo o Brasil. Dentre os finalistas, em segundo lugar ficou a reportagem "A vida de refugiado dos rohingyas, um povo muçulmano", produzido pela equipe da Globo News e em terceira colocação a reportagem "Órfãs de Terra-Mãe", do portal Metrópoles.
O primeiro colocado do Prêmio CICV de Cobertura Humanitária Internacional receberá uma viagem para cobrir um país onde o Comitê Internacional da Cruz Vermelha é operacional. Para o segundo lugar, o prêmio em dinheiro é de R$ 5 mil e para o terceiro, de R$ 4 mil.