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Brasil: Trabalhando em parcerias para reduzir as consequências humanitárias da violência no Rio de Janeiro

A Missão do Brasil junto à ONU e demais organismos internacionais em Genebra e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) promoveram o evento paralelo "Ação humanitária em tempos de paz: o Projeto Rio do CICV", durante a XXXII Conferência Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. O objetivo foi divulgar os resultados da importante parceria entre os governos federal, municipal e estadual do Rio de Janeiro, o CICV e a Cruz Vermelha Brasileira (CVB) entre os anos 2009 e 2013.

"Considerando o processo de urbanização em nível mundial, a aprendizagem do CICV com relação ao Projeto Rio é crucial para o futuro", disse a vice-presidente do CICV, Christine Beerli.

Os resultados do Projeto Rio foram apresentados na XXXII Conferência Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. ©Arquivo CICV

Já a representante da Missão do Brasil, embaixadora Regina Dunlop, lembrou que o Projeto Rio foi desenvolvido em um contexto no qual o Estado era completamente operacional. "Sendo assim, a ação do CICV aconteceu em parceria com órgãos governamentais nacionais, estaduais e locais. E, para as autoridades brasileiras, proporcionou o contato com novas metodologias de trabalho e facilitou o intercâmbio de informações e experiências", afirmou a embaixadora.

Para o superintendente de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS), Dr. Guilherme Wagner, um dos palestrantes no painel, os resultados dos programas Acesso Mais Seguro (AMS), Saúde Mental e Violência (SM) e Mães Adolescentes e suas Crianças (MAC) foram tão relevantes que despertaram o interesse de outros municípios e até países.

O programa Abrindo Espaços Humanitários (AEH) aborda o problema da violência e sua influência nas escolas. As atividades propostas são voltadas para o Ensino Médio com o objetivo de promover o diálogo sobre os princípios humanitários. ©CICV/Marizilda Cruppe

"O que se iniciou com uma abrangência limitada em 7 comunidades do município acabou se transformando em política pública e hoje em dia estamos implementando esses programas em todo o município do Rio. Ao compartilhar os programas e os resultados com outras Secretarias Municipais, várias delas se interessaram e nos procuram para poder levar esse programa para lá", afirmou.

O programa Acesso Mais Seguro (AMS) busca reduzir e prevenir o impacto da violência sobre profissionais de saúde que atuam na Atenção Primária e residentes de comunidades do Rio de Janeiro, além de facilitar o acesso dessa população aos serviços primários de saúde pública. Os profissionais adotam medidas de autoproteção e protocolos de segurança para casos de emergência. ©CICV/Patrícia Santos

 

Mais alunos nas escolas

Já a subsecretária de Ensino da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Seeduc), Patrícia Carvalho Tinoco, também acredita que as lições aprendidas com o Projeto Rio podem e devem ser multiplicadas em diferentes contextos. "Os dados falam por si sós. Tivemos uma melhoria no desempenho dos alunos, reduzimos quase a zero o problema da falta de profissionais em áreas de vulnerabilide e reduzimos à metade a porcentagem de evasão dos estudantes (de 16,5% a 8,1%)", afirmou, em referência aos programas Abrindo Espaços Humanitários (AEH) e Comportamento mais Seguro (CMS).

Cerca de 50 participantes lotaram a sala para ouvir o painel que contou também com a presidente da CVB, Rosely Sampaio, e o ex-chefe do Projeto Rio, Stephan Sakalian.

 

O programa Mães Adolescentes e suas Crianças (MAC) desenvolveu estratégias e ferramentas para apoio, proteção e empoderamento das mães adolescentes.
©CICV/Marizilda Cruppe

Segundo o chefe adjunto da Delegação Regional, José Antonio Delgado, em contextos nos quais o Estado e suas estruturas continuam em funcionamento, o CICV adapta sua experiência e trabalha em apoio às autoridades locais, ao invés de substituí-las na oferta de serviços básicos, e apoia a ampliação das ações.

Primeiros Socorros (PS), programa realizado com a CVB, promove cursos para ensino de técnicas básicas aos residentes de comunidades cariocas, para que os socorristas possam prestar os primeiros atendimentos de emergência até a chegada do socorro especializado. ©CICV/Ratão Diniz

"É muito importante para o CICV deixar capacidades instaladas em nível local. O melhor indicador de sucesso nesse caso é quando os parceiros não só mantêm os programas e ferramentas, mas quando o construído em conjunto se transforma em política pública. Isso reafirma a sustentabilidade das ações que terão impacto positivo e duradouro na prevenção e mitigação da violência na vida da população", afirmou.

O Projeto Rio

A experiência de cinco anos (de 2009 a 2013) nas comunidades do Rio de Janeiro resultou em ações integradas nos campos da promoção da Saúde e Educação que buscam proteger a população e desenvolver capacidade de resiliência das pessoas que moram ou trabalham nas comunidades e podem ser adaptadas para outras áreas do Rio de Janeiro, do Brasil e outros países do mundo.