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Sudão do Sul: detidos perdem apoio vital com a fuga das famílias devido à violência e insegurança alimentar

O isolamento e a dependência fazem com que as pessoas privadas de liberdade sejam extremamente vulneráveis. Ao mesmo tempo, na maioria dos países, as prisões raramente são uma prioridade e os recursos financeiros alocados são com frequência insuficientes. No Sudão do Sul, esta situação foi agravada por anos de conflito armado e grave crise econômica.

Os prisioneiros dependem dos seus familiares para se alimentar. Mas o país enfrenta uma crise alimentar e muitas famílias não conseguem mais sustentar o seu parente detido. Em algumas prisões, o CICV presta assistência alimentar direta para complementar as porções de comida e prevenir a desnutrição. CC BY-NC-ND / CICV / Alyona Synenko

Muitos detidos dependem das suas famílias para o básico como comida adicional, sabão e roupas. No entanto, milhares de pessoas continuam fugindo das suas casas, algumas vezes atravessando fronteiras para escapar da violência, enquanto que outras enfrentam dificuldades com a atual crise alimentar. Muitas estradas estão bloqueadas pelas linhas de frente, sendo muito perigosas para viajar. Isso significa que muitas famílias não conseguem mais sustentar os seus parentes na prisão e os detidos perdem uma ajuda vital, ficando mais isolados do que nunca.

Sebastian era professor em uma escola. Ele agora dá aulas de inglês para os outros detidos. "A minha aldeia fica muito longe e os meus familiares nunca vêm me visitar por causa da insegurança nas estradas." CC BY-NC-ND / CICV / Alyona Synenko

O CICV trabalha em locais de detenção para monitorar o tratamento e as condições de vida dos detidos, atendendo às necessidades humanitárias mais urgentes. O foco do trabalho é aumentar o respeito pela dignidade dos detidos e apoiar as autoridades na superação dos inúmeros desafios enfrentados para cobrir as necessidades básicas das pessoas sob sua responsabilidade, incluindo comida, água, saneamento e assistência à saúde. A organização também assegura que os detidos possam manter contato com as suas famílias durante o tempo em que estão detidos.

Stella, 19 anos: "eu costumava pegar emprestado um telefone e chamar algum dos vizinhos para saber notícias da minha família. Mas desde que eles fugiram para Uganda, não tenho forma de contatá-los e não sei onde estão. Tenho medo do dia que me soltarem. Não sei para onde ir e o que fazer. É perigoso para uma jovem estar sozinha." CC BY-NC-ND / CICV / Alyona Synenko

As atividades do CICV incluem apoio direto às autoridades em benefício dos detidos, com entrega de comida e artigos de higiene, conserto de infraestrutura básica como redes de água e saneamento, melhoria das clínicas e cozinhas nas prisões e fornecimento de material médico. Do mesmo modo, a organização trabalha em estreita parceria com as autoridades para obter soluções a longo prazo, oferecer orientações sobre a administração dos estabelecimentos prisionais e auxiliá-las a contatar outros parceiros para apoio adicional.

Equipes do CICV e Cruz Vermelha do Sudão do Sul pesam os detidos para monitorar a desnutrição e distribuem produtos nutritivos aos que precisam. CC BY-NC-ND / CICV / Alyona Synenko