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Sudão: precisamos de sua ajuda para proteger famílias afetadas pelos combates

A situação no Sudão tomou um rumo aterrador em 15 de abril, quando os combates irromperam e obrigaram a população civil a tentar se refugiar dos intensos combates que já duram meses.

Última atualização: 2 de agosto de 2023

Mais de três meses após o recrudescimento do conflito no Sudão, a situação humanitária é terrível. Os intensos combates ocorrem em áreas urbanas densamente povoadas, onde serviços essenciais, incluindo bancos, foram interrompidos. Milhares de pessoas civis foram mortas ou feridas. Civis em Cartum e Darfur enfrentam grave escassez de alimentos e água, e mais de um milhão de pessoas fugiram de suas casas. Muitas delas perderam contato com seus entes queridos.

A assistência à saúde pode entrar em colapso a qualquer momento, apesar dos melhores esforços das equipes de saúde sudanesas, que continuam trabalhando em condições extremamente difíceis, cuidando das pessoas feridas e prestando outros serviços essenciais à população.

Há grave escassez de água, energia, alimentos e suprimentos médicos essenciais. "Apenas 20% das instalações de saúde em Cartum estão funcionando, um verdadeiro colapso do sistema no momento mais necessário", afirmou o chefe da delegação do CICV no Sudão, Alfonso Verdu Perez.

 

Ajude a salvar vidas

Desde o início dos combates, milhares de pessoas foram deslocadas dentro das fronteiras do Sudão. Outras dezenas de milhares encontraram refúgio em países vizinhos como Sudão do Sul, Etiópia, Egito, Chade e República Centro-Africana.

Continuamos pedindo, tanto em diálogos bilaterais quanto publicamente, que todas as partes em conflito respeitem suas obrigações segundo o Direito Internacional Humanitário (DIH).

As partes devem tomar todas as precauções possíveis para evitar a perda de vidas e lesões entre a população civil, tratar humanamente as pessoas detidas e conceder o espaço humanitário necessário para que socorristas possam cuidar dos feridos e recolher os mortos de modo digno.

A violência no Sudão continua aumentando e se espalhando, por isso estamos profundamente preocupados com a vida das pessoas. Vimos diversas vezes que é a população civil quem paga o preço mais alto quando bairros se tornam campos de batalha e ruas se transformam em linhas de frente. Essas pessoas precisam urgentemente de seu apoio, tanto hoje quanto nas semanas e nos meses por vir.

Patrick Youssef
diretor regional do CICV para a África

Combates aprofundam crise humanitária

A mais recente onda de violência aprofunda a crise humanitária em um país que já sofreu anos de violência, instabilidade e dificuldades econômicas. Em Darfur, mais de 3 milhões de pessoas estão deslocadas. Em todo o país, há um total de 3,7 milhões de pessoas deslocadas. Esses números podem aumentar se os combates continuarem se espalhando e recrudescendo.

A insegurança alimentar e a desnutrição já são problemas graves no Sudão. Os preços de artigos básicos subiram mais de 150% desde o final de 2022 e, com isso, alimentos e artigos de primeira necessidade ficaram fora do alcance das pessoas mais pobres e vulneráveis.

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Nosso trabalho no Sudão

Estamos presentes no Sudão há quatro décadas, desde 1978. Nosso trabalho atual, em colaboração com o Crescente Vermelho Sudanês, abrange diversas áreas:

  • Apoio a hospitais e centros de assistência médica com o fornecimento de equipamentos e provisões
  • Assistência de emergência a pessoas deslocadas em áreas afetadas por conflitos
  • Ajuda para que famílias separadas por conflitos mantenham contato com seus entes queridos
  • Trabalho com responsáveis locais pelo abastecimento de água para melhorar o acesso da população à água limpa
  • Auxílio a autoridades locais na prestação de serviços de reabilitação para pessoas com deficiência
  • Formação em DIH de membros de grupos armados estatais e não estatais

A situação é urgente

A situação atual é de extrema urgência. Famílias estão dilaceradas e as comunidades precisam se recuperar do impacto devastador da violência em curso.

A capital do Sudão, Cartum, tem sido o foco das atenções, mas também há confrontos em outras partes do país. Em Darfur, por exemplo, foram relatadas vítimas civis. Em alguns lugares, nem conseguimos avaliar totalmente as necessidades humanitárias porque nossas equipes não podem se movimentar com segurança.

 

Nossa resposta

Desde que os combates irromperam no Sudão, o CICV:

  • Distribuiu suprimentos cirúrgicos suficientes para tratar centenas de pessoas feridas para 10 hospitais em Cartum e arredores, assim como para dois hospitais em Darfur e três hospitais em outras regiões do Sudão.
  • Facilitou a libertação de 125 pessoas detidas, incluindo 44 soldados feridos, na condição de intermediário neutro e seguindo um pedido das partes em conflito.
  • Doou nove toneladas de cloro para as autoridades de abastecimento de água em Cartum.
  • Doou mais de 100 bolsas mortuárias e equipamentos de proteção individual (luvas, máscaras, vestidos, macacões, desinfetante e combustível) para o Crescente Vermelho Sudanês. O Crescente Vermelho realiza a gestão de pessoas falecidas em áreas afetadas pelo conflito no Sudão, apoiando na recuperação, documentação e enterro temporário, exclusivamente para fins humanitários conforme os princípios de neutralidade, independência e imparcialidade. O Crescente Vermelho trabalha em coordenação com as autoridades forenses e, em sua ausência, com os comitês comunitários locais antes de qualquer realização de enterro.
  • Doou 31 kits de primeiros socorros para a filial do Crescente Vermelho em Cartum, além de kits de sutura.
  • Com o Crescente Vermelho Sudanês, forneceu kits de higiene para mais de 400 famílias deslocadas em Wad Madani.
  • Entre 22 e 28 de maio, facilitou cerca de 270 telefonemas entre familiares nas regiões Gezira, Kassala, Norte e Gedaref.
  • Evacuou 300 crianças e 70 cuidadores do orfanato de Maygoma em Cartum para Wad Madani.
  • Enviou uma equipe cirúrgica do CICV ao leste do Chade para tratar vítimas de ferimentos que buscavam segurança e assistência à saúde após fugirem dos combates no vizinho Sudão. A equipe, composta por cirurgião, anestesista, enfermeiro geral e enfermeiro médico-cirúrgico, operou os primeiros pacientes em 29 de junho. A equipe trabalha no centro do Hospital Universitário em Abéché, onde ajuda a aliviar a sobrecarga das instalações médicas de Adré e Abéché. Uma segunda equipe cirúrgica e um fisioterapeuta do ICRC chegarão em breve.

Como você pode ajudar

As doações ao pedido de recursos de emergência para o Sudão vão apoiar e possibilitar nossas atividades humanitárias no país. Saiba mais sobre o nosso trabalho no Sudão aqui.

 

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