Violência urbana na América Latina, um fenômeno crônico
A violência urbana na América Latina é crônica e as suas consequências humanitárias abrangem mais que os homicídios.
A violência nas zonas urbanas tornou-se uma das principais preocupações para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no continente. Trata-se de um fenômeno crônico.
Esta denominação é utilizada para se referir à violência armada cuja consequência humanitária mais visível são os homicídios. No entanto, estes são somente a ponta do iceberg desse fenômeno.
O chefe do Projeto sobre Violência Urbana, Eduardo Ubierna, explica que, ao analisá-la profundamente e no lugar onde ocorre, a violência urbana tem consequências que demandam soluções de longo prazo para as populações afetadas.
Os desaparecimentos, os deslocamentos forçados, o fechamento de serviços públicos e o impacto nas escolas e nos serviços de saúde são consequências de grande preocupação para o CICV.
"Não se deve esquecer que, para uma pessoa que vive em um meio urbano, muitas vezes, a prestação de serviços básicos está totalmente fora do seu controle, com o qual a violência, com frequência, faz com que ela não possa ter acesso a esses serviços, que se criem fronteiras invisíveis entre um bairro e outro que impedem, por exemplo, o acesso dos jovens ao colégio", ressalta Ubierna, que participou do evento "Violência armada na América Latina: quais são os novos desafios humanitários?" na Universidade do Pacífico, Peru.
Nesse sentido, o meio urbano vem a exacerbar ou incrementar as consequências da violência armada.
"O CICV preocupa-se, por um lado, com os sistemas nesse tipo de violência. Ou seja, que as instituições possam funcionar com essa violência, porém, nosso trabalho de prevenção é feito com a finalidade de que as medidas muitas vezes tomada pelo Estado para enfrentar a violência sejam feitas dentro do marco legal existente", acrescenta Ubierna.
O CICV é uma organização imparcial, neutra e independente cuja missão exclusivamente humanitária é proteger a vida e a dignidade das vítimas de conflitos armados e outras situações de violência. Além disso, a instituição esforça-se para prevenir o sofrimento mediante a promoção e o fortalecimento do direito e dos princípios humanitários universais.