A privação econômica cada vez maior das famílias que acolhem os refugiados no Líbano tem recebido maior atenção nos últimos dias. Mais de um milhão de pessoas fugiram do conflito na Síria, incluindo palestinos deste país e retornados libaneses. Milhares de famílias sírias e outras que vivem em abrigos precários enfrentam grande sofrimento nas montanhas do Líbano. Os serviços públicos e a infraestrutura enfrentam dificuldades para funcionar.
Sem previsão para o fim da crise na Síria, o fardo financeiro, logístico e de segurança, carregado pelos governos, comunidades e organizações humanitárias em resposta às necessidades dos mais vulneráveis, se torna cada vez mais pesado. São legítimas as preocupações pelos custos. Entretanto, qualquer pessoa que não esteja participando ou deixou de participar dos combates tem o direito inalienável de buscar proteção e segurança.
"Estou impressionado pela resposta das autoridades e comunidades que acolhem os refugiados, apesar dos parcos recursos. Apreciamos os esforços do governo para lidar com um fluxo tão grande e as consequências para a população do Líbano", afirmou o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer, ao final da sua visita de dois dias ao país. "Temos a confiança de que, apesar das novas normativas para a entrada no Líbano de quem vem da Síria e a escalada das tensões, os casos humanitários não sofrerão impedimentos como consequência. Incluem as pessoas em um estado de saúde grave, em especial os feridos, as crianças que aguardam o reencontro com suas famílias, as pessoas com sérias deficiências e outras pessoas vulneráveis que buscam proteção."
Além de se reunir com altos funcionários do país, Maurer visitou o Hospital Notre Dame em Zghorta e o Centro de Treinamento em Traumatologia por Armas de Fogo, administrado pelo CICV, em Trípoli, para se encontrar com os pacientes e vítimas da violência recente. "Os pacientes que conheci hoje passaram por um terrível martírio. Alguns perderam braços ou pernas, outros perderam a visão, mas nenhum deles perdeu a esperança. Para nós, é o nosso dever ajudar todos que foram feridos pela violência e conflito, sem discriminação. Os serviços de cirurgia de guerra e a reabilitação do CICV fazem a verdadeira diferença nas vidas dessas pessoas".
O CICV está presente no Líbano desde 1967, tendo realizado o seu trabalho humanitário junto com a Cruz Vermelha Libanesa durante toda a guerra civil. A atual operação do CICV cresce rapidamente, com 245 funcionários e um orçamento total de 45 milhões de francos suíços. O CICV gerencia vários programas de saúde, assistência e ajuda financeira, água e saneamento e reunificação de famílias separadas, além de visitar detidos. Uma das necessidades mais prementes continua sendo averiguar o paradeiro das pessoas desaparecidas durante a guerra civil.
Mais informações:
Soaade Messoudi, CICV Líbano, tel.: +961 71802876
Dibeh Fakhr, CICV Genebra, tel.: +41 22 730 37 23 ou +41 79 447 37 26
Fotos: CC BY-NC-ND / CICV / I. Malla
