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México: um toque de humanidade frente à adversidade que os migrantes sofrem

Como os milhares de migrantes que transitam pelo México, Julio César, de nacionalidade salvadorenha, tentava chegar à fronteira com os Estados Unidos, quando um acidente o impediu de continuar seu caminho.

No dia 30 de abril, durante sua passagem pelas imediações do povoado de Lechería, no Estado de México, Julio César tentou entrar no trem, mas a velocidade da máquina fez com que escorregasse e caísse.

" Não pude entrar no trem, escorreguei e não percebi as feridas que tinha porque entrei em choque " , conta Julio César.

Uma ambulância da Cruz Vermelha Mexicana, da delegação de Cuautitlán de Romero Rubio, lhe prestou atendimento pré-hospitalar de urgência. Os paramédicos o transferiram ao Hospital Central da Cruz Vermelha Mexicana, no Distrito Federal, devido ao estado em que se encontrava.

O trem havia passado sobre a perna direita de Julio César e os médicos tiveram de intervir cirurgicamente para amputá-la abaixo do joelho; ele permaneceu hospitalizado durante 15 dias até que pôde receber alta.

A pedido de Julio César, e em coordenação com a embaixada de El Salvador, a delegação do CICV no México organizou sua transferência à casa do migrante " Casa da Misericórdia " , na cidade de Arriaga, en Chiapas. Segundo Julio César, o padre Heymar Váquez, diretor do lugar, que ele havia conhecido em outro momento, lhe inspirava confiança e tranquilidade espiritual.

O CICV o transferiu até Arriaga, acompanhado por Raúl Bernal, voluntário veterano da Cruz Vermelha Mexicana. Além disso, o CICV ofereceu a Julio César uma prótese e facilita sua reabilitação física em Tapachula, onde conta com um programa para migrantes que perderam um membro em condições semelhantes.

" O objetivo deste programa é contribuir para diminuir o sofrimento destas pessoas ao facilitar o acesso a reabi litação física e próteses e inserindo-as em uma vida de trabalho e produtiva em condições dignas " , assegurou o chefe da delegação do CICV no México, Karl Mattli.

O padre Heymar ofereceu hospedagem a Julio César, enquanto passa pelo tratamento e pela avaliação física para receber a prótese, que será realizada em Tapachula. O CICV apoiará em termos de transporte e no que mais for necessário até que Julio César obtenha sua prótese e aprenda a caminhar com ela.

" Quero me recuperar, ter a prótese e voltar a andar logo. Quero procurar um trabalho, poder me sustentar sozinho, não quero ser una carga " , destacou Julio César.

Julio César espera agora que a parte amputada se cicatrize completamente para iniciar seu tratamento, ter acesso à prótese e iniciar a reabilitação física. O caminho que tem pela frente é longo e duro, os exercícios podem ser exaustivos, mas a esperança de caminhar e voltar a trabalhar é o que anima Julio César nessa nova jornada.