Comunicado de imprensa

Acesso Mais Seguro no Brasil é exemplo de boas práticas no Fórum Urbano Mundial

O AMS visa reduzir e mitigar riscos relacionados à violência armada que profissionais e a população atendida estão expostos em seu dia a dia

Katowice, Polônia (CICV) – O Acesso Mais Seguro (AMS) para Serviço Públicos Essenciais tem dado resultados na área da Educação no Rio de Janeiro. A experiência da metodologia, que foi implementada em 504 escolas da rede municipal localizadas em áreas impactadas pela violência armada, foi apresentada hoje (29), no Fórum Urbano Mundial, na Polônia.


Alunos durante aula de dança em Escola Municipal do Rio de Janeiro. Foto: AF Rodrigues/CICV

"O Acesso Mais Seguro ajuda instituições de serviços essenciais, como Saúde, Educação e Assistência Social, a reduzir e mitigar riscos relacionados à violência armada que profissionais e a população atendida estão expostos em seu dia a dia, evitando que os serviços sejam interrompidos", explicou o vice-presidente do CICV, Gilles Carbonnier, no painel "Assegurar serviços urbanos resilientes: a experiência do Rio de Janeiro". O CICV trabalha para fortalecer o acesso aos serviços essenciais em muitos países impactados pela violência e por conflitos armados.


Gilles Carbonnier fala sobre o AMS no Fórum Urbano Mundial 

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, destacou a importância do Acesso Mais Seguro e da parceria com o CICV, sempre com foco na proteção, qualidade e garantia do direito de aprendizado dos estudantes. "A nossa meta até 2024 é ser referência na redução das desigualdades de aprendizagem entre os alunos. Temos a maior rede da América Latina, são 170 mil alunos, 1.544 unidades escolares e quase 52 mil servidores na nossa rede de educação", explicou Paes.

A responsável pela Equipe de Educação Preventiva na Gerência de Proteção Escolar da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Renata Costa de Oliveira, explicou que a cidade tem muitas unidades escolares localizadas em comunidades que sofrem as consequências da violência armada. Ela lembrou que a metodologia é adaptada a cada território. "Quem passa pela capacitação consegue perceber melhor os sinais de que podem acontecer confrontos na região. É uma conscientização diária, de fazer um exercício de avaliar quando é possível ou não manter o atendimento presencial e pleno à comunidade, porque existem outras estratégias, como operar em horário reduzido, por exemplo", disse. "A metodologia ajuda a fazer essa avaliação criteriosa para não prejudicar nem a comunidade, nem a integridade física e mental dos colaboradores", complementou.

O AMS orienta professores e alunos, planeja ações em conjunto nas unidades escolares e nos territórios, previne a evasão escolar, entre outras ações. "É importante que os profissionais consigam mensurar o risco real a que estão expostos, além de adotarem medidas adequadas de prevenção àquele risco. O objetivo do programa é não expor os profissionais e usuários de serviços essenciais à violência, mas também não limitar o acesso à atividade", explicou a responsável pelo programa Acesso Mais Seguro no CICV, Karen Cerqueira.


Karen Cerqueira fala durante o Fórum Urbano Mundial ao lado de representantes da SME do Rio de Janeiro

Impacto do AMS nas escolas
O Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Hélio Smidt é uma das escolas no Rio de Janeiro que implementou o Acesso Mais Seguro. O diretor Adriano Rosa de Souza contou que o programa possibilitou a identificação de situações realmente perigosas, evitando que as escolas sejam fechadas por situações que podem ser resolvidas com segurança por meio dos protocolos do AMS.

"Antes, cada escola tomava uma decisão. A partir da metodologia AMS, nossas ações são unificadas e não tomamos decisões diferentes e no impulso. Agora, identificamos a situação, buscamos informações no território para que a unidade não seja fechada por qualquer motivo. Assim, evitamos também a circulação de pessoas e isso é importante", contou.

Segundo Souza, o sucesso na Ciep Hélio Smidt se deve principalmente ao engajamento da comunidade escolar. "Fazemos reuniões periódicas com a Secretaria de Educação, Associação de moradores, pais, alunos e professores. Temos essa apropriação dentro da unidade escolar em que todo mundo sabe o que tem que ser feito em uma situação de tiroteio, por exemplo. Cada pessoa tem um papel específico dentro do plano proposto pelo Acesso Mais Seguro. E isso só é possível com engajamento, informação e diálogo", finalizou.


Profissionais da educação e representantes do CICV no Ciep Hélio Smidt. Foto: AF Rodrigues/CICV 

Acesso Mais Seguro
O AMS foi implementado em sete municípios do Brasil (Duque de Caxias/RJ, Fortaleza/CE, Florianópolis/SC, Vila Velha/ES, Porto Alegre/RS, Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP). Ao todo, 1.457 unidades de saúde pública, educação e ação social receberam formação, beneficiando 4,3 milhões de pessoas (estimativa da população beneficiária direta atendida pelas unidades de serviços treinadas)

Desde 2016, 40 mil profissionais foram treinados no Acesso Mais Seguro e Comportamentos Mais Seguros para gerir os riscos ligados à violência armada em áreas vulneráveis. Entre eles, 7.768 profissionais de saúde, 30.987 profissionais de educação e 662 profissionais da assistência social.

Fórum Urbano Mundial
Criado pelas Nações Unidas para examinar um dos problemas mais prementes que o mundo enfrenta, tornou-se a principal conferência do mundo sobre urbanismo. Com metade da humanidade vivendo em cidades, prevê-se que, nos próximos 50 anos, dois terços de estarão vivendo em cidades. Um desafio importante é minimizar a crescente pobreza nas cidades, melhorar o acesso dos pobres urbanos a instalações básicas, tais como abrigo, água limpa e saneamento, e alcançar um crescimento e desenvolvimento urbanos benéficos ao meio ambiente e sustentáveis.

 

 

Mais informações

Sandra Lefcovich, CICV Brasília, (61) 98175-1599
slefcovich@icrc.org
Danyelle Simões, CICV Brasília, (61) 98248-5600
dsimoes@icrc.org