“A minha maior preocupação é a falta de proteção e segurança. Aqui em Gaza não se pode falar em planejamento de cinco anos, por exemplo. Se pergunto a um agricultor sobre os seus planos, ele vai me responder que não pode nem planejar para amanhã!”
“As condições em Gaza são muito difíceis. É como viver em uma prisão; nunca sabemos quando a fronteira vai estar aberta ou fechada, há cortes frequentes de gás e eletricidade e desemprego elevado. Sou o principal sustento de três famílias e o meu emprego me permite ajudar os meus filhos. Os meus filhos e o sucesso deles são o meu orgulho.”
“O meu momento mais feliz foi quando eu me formei no curso que eu adorava. Senti que consegui realizar alguma coisa e que, a partir daquele momento, poderia me sustentar. Tenho orgulho de fazer um trabalho humanitário. Em 10 anos, me vejo casada, com filhos, criando eles para serem fortes”.
“Ser mulher em Gaza significa que há muitas coisas que não posso fazer. Adoro viajar e explorar novos lugares e culturas, mas as pessoas em Gaza não podem se locomover ou viajar por causa das restrições impostas. Uma razão porque estou contente de trabalhar para o CICV é que me possibilita assistir cursos fora de Gaza pela primeira vez.
Gostaria de dizer às mulheres no mundo que as mulheres em Gaza são criativas e bem-educadas. Não somos intolerantes. Se quiser nos conhecer melhor, venha nos visitar em Gaza!”
“A terra do meu marido foi destruída em 2008, as perdas chegaram a dezenas de milhares de dólares. Então, ao invés de contratar trabalhadores para ajudar na colheita, a própria família que trabalhou. Economizamos bastante dinheiro, mas foi um grande desafio para nós. Adoro cozinhar, então comecei a usar os produtos, como espinafre e trigo, para fazer tortas salgadas e vendê-las. Foi um êxito e agora recebo pedido para grandes eventos. Tenho orgulho dos vários elogios que recebo pelos meus pratos”.
“Esperei até que o meu filho nascesse para começar imediatamente com o tratamento. Um ano depois de terminar o tratamento contra o câncer, fui à Jordânia para fazer um exame e, graças a Deus, estava tudo bem. Depois da recuperação, comecei a universidade e me formei em 2013.
Tenho orgulho de ter sido determinada para continuar com os meus estudos apesar de muitas pessoas ao meu redor me dizendo que não. Ignorei todas e consegui me formar. Isso mudou a minha personalidade, me deu confiança para tomar as minhas próprias decisões a respeito da minha família e de mim mesma”.
“As mulheres na Palestina são fortes porque enfrentam desafios diários. Sinto que sou especial e diferente. Desde muito cedo, temos que lutar para ir atrás dos nossos sonhos apesar do fechamento das fronteiras [de Gaza] e das guerras que vivemos”.
“O que Gaza vem enfrentando é insuportável; duvido que qualquer outra pessoa em qualquer outro lugar do mundo poderia viver em meio à guerra constante e com o fechamento das fronteiras. Qualquer coisa que você queira fazer ou conseguir, é necessário um esforço adicional e você sofre por isso, enquanto que em outros lugares do mundo, as pessoas conseguem o que querem sem problemas.
Mas nem tudo em Gaza é ruim. Ainda temos esperança e potencial para fazer mais. Talvez você se surpreenda em saber que há 300 mulheres ativas no Crescente Vermelho da Palestina
“Ser mulher em Gaza é a coisa mais difícil e a mais bonita. Mais difícil porque me exige que eu prove o meu valor, porque tenho 20 anos e ainda me consideram “jovem”. Mais bonita porque adoro estar num meio que me desafia, Embora possa ser cansativo às vezes.”
“Esperei até que o meu filho nascesse para começar imediatamente com o tratamento. Um ano depois de terminar o tratamento contra o câncer, fui à Jordânia para fazer um exame e, graças a Deus, estava tudo bem. Depois da recuperação, comecei a universidade e me formei em 2013.
Tenho orgulho de ter sido determinada para continuar com os meus estudos apesar de muitas pessoas ao meu redor me dizendo que não. Ignorei todas e consegui me formar. Isso mudou a minha personalidade, me deu confiança para tomar as minhas próprias decisões a respeito da minha família e de mim mesma”.
“Me candidatei para o exame da escola secundária na mesma época que o meu filho, 28 anos depois de deixar a escola. Consegui passar mas ele não – teve de tentar no ano seguinte. Quando obtive o meu diploma, consegui um emprego de assistente de diretora de escola.
Era um desafio criar um filho sem o pai, mas consegui e tenho orgulho de ter criado um bom rapaz. O momento mais feliz para mim foi quando meu filho foi pai. Como filho único, ele era muito sozinho. Espero que o meu neto tenha um irmão ou irmã.”
“Comecei a dirigir o ônibus há quatro anos porque recebia queixas das famílias sobre os motoristas que eu contratava. Então, comprei um ônibus e comecei a buscar as crianças eu mesma. Foi um desafio no início porque as pessoas ficavam surpresas. Me olhavam e levantavam as sobrancelhas, mas eu as ignorei e continuei dirigindo. Os homens palestinos às vezes parecem teimosos e que não entendem, mas na verdade são sempre prestativos e solidários.
Como eu era a única motorista mulher em Gaza, eles me deixavam passar à frente da fila para abastecer, por respeito, porque sou mulher.”
Pedimos à fotógrafa palestina Samar Abu Elouf para fazer uma série fotográfica que retratasse as diferentes mulheres que a rodeiam. Queríamos saber o que significa ser uma mulher em Gaza hoje. As fotos da Samar mostram muitas mulheres usando uma guirlanda de ramos de amendoeira. Perguntamos o motivo. "Elas são as primeiras árvores a florescer, significa que o inverno e as privações terminaram", explica Samar. "Representam a coragem".