Pessoas desaparecidas no Brasil e na América Latina: as famílias não param de buscar e nós não paramos de ajudá-las
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O impacto do desaparecimento de um ente querido é uma das consequências humanitárias mais devastadoras e duradouras dos conflitos armados, de outras situações de violência, da migração e dos desastres naturais. Para as famílias dos desaparecidos, o sofrimento nunca cessa. A busca pelo ente querido também não.
Os desaparecimentos representam uma tragédia para as famílias e comunidades afetadas e constituem um obstáculo importante para a paz.
Durante 2017 no Brasil, 82.684 casos de desaparecimentos foram reportados às polícias civis, segundo levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O CICV tem trabalhado com autoridades locais e familiares, procurando ajudar na construção de melhores respostas a este fenômeno.
Como no Brasil, em outros países da América Latina são registradas centenas de milhares de pessoas desaparecidas por causa de conflitos armados passados e presentes, das atuais situações de violência armada, das migrações constantes e de desastres naturais. Abordar esta realidade é um verdadeiro desafio humanitário na região.
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Ao longo do continente, faltam números confiáveis sobre as pessoas desaparecidas. Em muitos desses países, não foram desenvolvidos sistemas de gestão eficazes e centralizados para abordar o problema, o que dificulta a criação e o investimento em políticas públicas que reduzam o fenômeno e possam atender às necessidades dos familiares.
No geral, os sistemas não estão conectados e as famílias têm que bater a várias portas só para conseguir informação parcial.
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Atualmente, dezenas de milhares de pessoas desaparecem na América Latina devido a diversas situações em contextos de violência. No México, mais de 40 mil desaparecimentos foram reportados entre 2006 e 2019;
Por causa dos conflitos armados que afetaram a região durante as últimas décadas, estima-se que pelo menos 83 mil pessoas desapareceram na Colômbia, mais de 45 mil na Guatemala, mais de 20 mil no Peru e mais de 5 mil em El Salvador.
Em países como a Guatemala ou a Colômbia, a espera das famílias torna-se interminável. Algumas delas não têm notícias de seus entes queridos desaparecidos há mais de 20 anos.
O desaparecimento não é um problema do passado, mas sim do presente.
Por outro lado, muitos migrantes da América Latina desaparecem a cada ano ao longo das rotas migratórias. Outros são vítimas de sequestros, são mortos pela violência armada ou desaparecem por causa de desastres naturais.
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Apesar das diferenças de cada contexto, as necessidades das famílias são semelhantes: elas precisam saber o que aconteceu com seu familiar desaparecido; sofrem a falta de apoio institucional na busca; sofrem a discriminação e o esquecimento da sociedade; sua saúde mental, após anos de espera e dedicação à busca, é afetada e elas não recebem o apoio de que precisam.
Para atender a essas necessidades, o CICV conta com equipes multidisciplinares integradas por profissionais jurídicos, forenses e psicossociais, entre outros, que fornecem apoio a familiares e autoridades.
Nós dialogamos e oferecemos apoio técnico às autoridades locais para aperfeiçoar a legislação e gerar ou fortalecer mecanismos de busca e de atenção às famílias.
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No Peru, nós apoiamos a Lei de Busca de Pessoas Desaparecidas, aprovada em junho de 2016. Também participamos de gestões que concluíram com a promulgação, dois anos depois, de um decreto presidencial para criar o Banco de Dados Genéticos (BDG) para a busca de pessoas desaparecidas nesse país durante o período de violência de 1980 a 2000.
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No México, no começo de 2018 entrou em vigência a Lei Geral sobre Desaparecimento de Pessoas, com que foi criado o Sistema Nacional de Busca. Esta lei foi elaborada com os familiares e eles foram os principais protagonistas de sua aprovação. Nós fizemos recomendações no processo de redação da lei e acompanhamos sua implementação no nível federal e estadual.
Em El Salvador, estamos acompanhando as famílias e a Procuradoria de Direitos Humanos em uma iniciativa de lei sobre migrantes desaparecidos e seus familiares.
Durante 2018, na região:
![]() | 3.515 pedidos de busca ainda não foram resolvidos em 11 países até o fim de 2018 |
![]() | 1.165 novos pedidos de busca de pessoas desaparecidas foram iniciados em 9 países |
![]() | 287.310 telefonemas foram facilitados às famílias |
![]() | 1.137 famílias de pessoas desaparecidas receberam apoio psicológico e psicossocial em 4 países* |
![]() | Em 9 fornecemos serviços forenses com fins humanitários* |
![]() | Assessoramos 6 países na elaboração de legislação nacional e de medidas ligadas às pessoas desaparecidas e suas famílias* |
* Números estimados
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Eliana desapareceu em 2007 a duas quadras da sua casa, na Colômbia. A mãe e a avó dela mantêm seu quarto intacto com a esperança de que um dia ela voltará..
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Para os familiares, não existe descanso até ter pelo menos um lugar onde levar flores ou acender velas aos seus entes queridos.
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O que anima e consola é quando alguém me diz : "não desista, você vai encontrar o seu filho e tudo vai dar certo”. Mirian dos Santos Almeida, mãe de Alison, desaparecido no dia 24 de agosto de 2013, no Brasil..</h2>
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