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República Democrática do Congo: 50 mil congoleses expulsos de Angola estão encurralados na fronteira

Desde o início de outubro, mais de 300 mil congoleses foram expulsos de Angola.

Desde o início de outubro, mais de 300 mil congoleses foram expulsos de Angola. Aproximadamente 70% das pessoas expulsas passaram pela cidade fronteiriça de Kamako no caminho de volta às suas casas na província de Kasai. Hoje, 50 mil pessoas estão encurraladas em Kamaco sem nenhum recurso.

Muitas tiveram de abandonar tudo que tinham e não têm meios de continuar a viagem às suas regiões natais. Algumas levavam algumas posses com elas, carregando os colchões nas suas cabeças ou a mobília no rack de uma bicicleta.

A maioria, porém, teve de vender todos os bens que tinham para poder pagar comida ou transporte.

CC BY-NC-ND / CICV/ Jonathan Busasi

A chefe das operações do CICV em Kamako, Anna Praz, informa que as pessoas ficaram extremamente vulneráveis e estão sofrendo com privações e carências graves.

TElas foram embora com pouquíssimas coisas, não tendo tempo de se preparar. Chegam aqui com as mãos vazias ou com escassos bens. Algumas deixaram as suas casas muito assustadas.

Homens, mulheres e crianças estão amontoados no posto fronteiriço, em Kamako e nas áreas próximas, mas os serviços existentes não conseguem atender nem mesmo as necessidades mais urgentes. Falta alojamento, assistência à saúde e comida. Adicionalmente, existe um risco significativo de doenças.

Arnaud Kalenda, que foi expulso de Angola e chegou recentemente em Kamako, descreve a situação:

Estamos realmente sofrendo aqui em Kamako. As pessoas dormem na rua ou nas igrejas. As crianças ficam na chuva.

CC BY-NC-ND / CICV / Jonathan Busasi

Matthew viajou sozinho – a mulher e os filhos ficaram em Angola. Ele pôde finalmente contatá-los através do nosso serviço de chamadas telefônicas.

Todos os dias, aproximadamente 100 pessoas utilizam os serviços gratuitos do CICV e da Cruz Vermelha da República Democrática do Congo para chamar as suas famílias.

Milhares estão voltando para uma província onde graves distúrbios ocorreram em 2016 e 2017. A violência étnica e de outro tipo causaram milhares de mortes e obrigaram um milhão de pessoas a fugir, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitário (OCHA, na sigla em inglês). Em setembro de 2017, o Acnur informou que nove dos dez povoados foram reduzidos a cinzas somente na região de Kamako.