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Sri Lanka: história de uma equipe

Em novembro de 2014, uma equipe formada por oito jovens funcionários locais do CICV partiu em uma viagem por toda a Sri Lanka.

A sua missão era localizar 375 famílias (de 16 mil) cujos entes queridos desapareceram durante o conflito no passado no país. Deveriam completar um questionário com cada família para avaliar as suas necessidades econômicas, psicossociais, jurídicas e administrativas.

As constatações, baseadas na coleta de dados, serão compiladas em um relatório confidencial entregue às autoridades governamentais para que tratem das necessidades dessas famílias.

Era o primeiro trabalho para a maioria dos jovens – a primeira incursão no mundo humanitário com o CICV.

A missão parecia simples. Porém, rapidamente ficou claro para a equipe que a situação era muito mais complicada.

Escutar as famílias dos desaparecidos

Ao se darem conta de que lidavam com vítimas de um conflito, tiveram que desenvolver empatia com as famílias para entender o sofrimento delas. Tiveram também que superar o seu próprio sentimento de impotência.

Thivya, integrante da equipe, conta: "você sente que tem de ajudar essas famílias a encontrar uma solução imediata, mas você sabe que é um processo demorado. Os familiares não veem desse modo; eles pensam que o CICV vai encontrar o seu parente desaparecido".

"Devemos lhes dizer que não temos nenhuma notícia dos seus entes queridos; e falar isso para as famílias nunca é fácil", reflete Sachini, outra integrante.

Obter uma "visão global" e contribuir em uma pequena medida para (espera-se) oferecer às famílias as respostas que elas precisam inspiraram a equipe para continuar com seu trabalho.

Oito meses depois, a equipe viajou por todo o país e completou 390 avaliações. Foi um desafio localizar as famílias que, muitas vezes, haviam se mudado do endereço registrado devido aos deslocamentos e relocação após o conflito.

Eles escutaram histórias dilacerantes, chegando a chorar às vezes junto com as famílias.

"Ver a fortaleza delas e como elas enfrentaram tudo o que passaram nos fizeram mais humildes e nos inspiraram a todos", conta Nadiya. A equipe concorda com ela.

Todos admitem terem "crescido" com essa experiência.

Olhando para o futuro, Abiramy explica: "quero ver o resultado do relatório – o que vamos levar de volta às famílias".