Somália: Fatuma e a família já não passam fome
Há um ano, Fatuma e a família levavam uma vida difícil em um campo de refugiados na Somália. Os seus filhos muitas vezes passavam fome. Ir à escola era para eles um luxo impensável. Entretanto, hoje ela conta, com um enorme sorriso no rosto, a sua história de sucesso.
Por ocasião do Dia Internacional da Mulher (8 de março), destacamos histórias que ilustram a resiliência da mulher diante das adversidades e situações de conflito.
Fatuma e os seis filhos passaram por momentos muito difíceis em 2015. Para sobreviver, dependiam dos alimentos distribuídos por organizações humanitárias já que nem ela, nem o marido podiam encontrar trabalho no campo de deslocados onde viviam, na cidade de Beletweyne, Hiraan, na região central da Somália.
Mas um dia as coisas começaram a mudar para melhor. Depois de receber uma módica quantia de dinheiro para dar início a um pequeno negócio, Fatuma agora administra armazém no campo onde moram, vendendo leite, açúcar, chá e condimentos. Com um faturamento médio diário de 30 dólares, ela ganha o suficiente para atender as necessidades básicas da família.
Em uma entrevista em 2015, sentada na sua cabana improvisada, ela cuidava dos filhos que brincavam e pareciam não se importar com o que acontecia no mundo ao seu redor.
"Vim aqui por causa do conflito armado. Sofria de fome e tinha dificuldades. Por isso me mudei para esta parte do país", contava ela naquele momento, com a voz embargada pela emoção. Naquela época, ela disse que se pudesse ganhar dinheiro com um pequeno negócio, "seria possível" deixar o campo.
Fatuma era uma das 875 mulheres grávidas ou lactantes que moravam em campos para pessoas deslocadas e que receberam 280 dólares para iniciarem uma atividade para a geração de renda. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) percebeu que aquele grupo de mulheres precisava de um apoio para atender as necessidades diárias das suas famílias.
A ideia por trás do programa de geração de renda era ajudar as famílias passíveis de sofrerem de má-nutrição, um problema alarmante na Somália e que é muito comum nos campos de deslocados.
Um ano depois: três refeições e crianças na escola
Para a Fatuma, os 280 dólares foram de grande ajuda. Um ano depois, o seu desejo de sustentar a sua família se tornou realidade.
"Muitas coisas mudaram desde aquela época. Diferente do que acontecia naquele momento, agora podemos fazer as três refeições. Dois dos meus filhos vão à escola. Sou agora autossuficiente e estou feliz com o pequeno lucro que tenho no fim do dia", declarou uma Fatuma esperançosa, cujo desejo continua sendo algum dia deixar o campo.
Isse Abdulle Abdullahi, especialista responsável pela distribuição de ajuda em dinheiro do CICV, que participou da distribuição de recursos para as mulheres no ano passado, compartilha o otimismo da Fatuma.
"A história da Fatuma mostra como alguns grupos vulneráveis têm a capacidade de se tornarem autossuficientes depois de uma ajuda econômica. Estes programas de ajuda para a geração de renda são sustentáveis e têm um impacto de longa duração nas famílias", afirmou Abdullahi.
Neste Dia Internacional da Mulher, o caminho da Fatuma rumo à autossuficiência financeira oferece uma oportunidade para refletir sobre o enorme progresso alcançado por mulheres como ela, apesar dos contextos pobres e desafiantes nos quais se encontram.
A ajuda para a geração de renda é, entretanto, apenas um fator facilitador. O sucesso da Fatuma é resultado também do seu esforço e do seu inesgotável compromisso com a sua família.
Veja também:
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Fatos importantes sobre a Somália
- A Somália continua tendo uma das piores situações humanitárias do mundo. O conflito armado que já leva décadas, acompanhado dos repetidos desastres climáticos, deixou milhões de pessoas deslocadas, principalmente mulheres e crianças. O CICV trabalha para aliviar o sofrimento destas vítimas.
- Quase 305 mil crianças com menos de cinco anos sofrem de desnutrição aguda, sendo que 58,3 mil delas encontram-se gravemente malnutridas, segundo as cifras das organizações humanitárias.
Em 2015, 5.235 mulheres e crianças foram beneficiadas pelo programa de alimentação terapêutica e complementar oferecido pela Sociedade do Crescente Vermelho Somali. - Quase 155 mil pessoas - das quais aproximadamente 35 % eram mulheres com mais de 15 anos de idade- recorreram a consultas em Clínicas do Crescente Vermelho Somali que ofereciam consultas médicas ambulatórias para mulheres e crianças.
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