Artigo

Brasil: CICV debate consequências humanitárias decorrentes de desaparecimentos

Os desaparecidos dos conflitos armados do passado e do presente, as vítimas da violência atual e as pessoas migrantes foram algumas das problemáticas debatidas durante encontro regional para as Américas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), ocorrido em Brasília, entre 4 e 8 de abril.

Profissionais do CICV que trabalham nas áreas de pessoas desaparecidas, de apoio psicossocial e na área forense trocaram experiências sobre os trabalhos realizados no continente sobre as consequências humanitárias em torno do desaparecimento de pessoas por causa da violência. A partir de atividades como essa, o CICV poderá fortalecer seu trabalho de mitigar as consequências humanitárias dos desaparecimentos nas Américas, seja no acompanhamento de familiares ou no apoio às autoridades.

O coordenador do programa de Pessoas Desaparecidas da Delegação do CICV para o México, América Central e Cuba, Olivier Dubois, avalia que na América Latina o principal desafio da problemática humanitária de pessoas desaparecidas é a variedade de situações: familiares de desaparecidos de conflitos passados, as vítimas da violência atual e, por fim, a vulnerabilidade das pessoas migrantes. "Não são problemáticas que geralmente estão no centro da atenção dos governos e nem do público", observa.

Durante o encontro, os 30 participantes discutiram boas práticas na região, refletiram sobre os desafios do tema de desaparecimentos em contextos de violência e trocaram experiências sobre técnicas adotadas por profissionais em diferentes contextos.

A troca de experiências entre funcionários poderá fortalecer seu trabalho de mitigar as consequências humanitárias dos desaparecimentos nas Américas
CICV/Diogo Alcântara

"O encontro foi uma oportunidade muito rica, porque tivemos a oportunidade de conhecer em profundidade as experiências de diferentes países, as formas de atuação, as ferramentas técnicas utilizadas, as dificuldades que se encontram e as alternativas que podem ser construídas conjuntamente", explica o responsável pelo programa Saúde Mental e Apoio Psicossocial da Delegação Regional do CICV para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Marcello Queiroz.

"É isso que nós queremos ver mais: o intercâmbio regional de experiências. Até mesmo para evitar a 'reinvenção da roda'", complementa o responsável Global do Departamento Forense do CICV, Morris Tidball-Binz. "Nós descobrimos nesta reunião que nossos colegas estão desenvolvendo um trabalho muito importante no Peru, que pode ser beneficiado da incorporação de coisas que já foram feitas no México e também no Brasil", afirma. Tidball-Binz disse ainda que o encontro é um modelo de boa prática, e que fará uma recomendação para que atividades similares sejam replicadas em outras regiões onde o CICV atua.

Muitas pessoas desaparecem durante conflitos armados ou em outras situações de violência, causando angústia e incertezas para as suas famílias e amigos. O CICV trabalha para fortalecer as capacidades das autoridades para dar uma resposta adequada a este problema e, paralelamente, para mitigar o sofrimento dos familiares, seja acompanhando e apoiando as famílias, ou por meio das ciências forenses, entre outros.