Comunicado de imprensa

CICV chama atenção para a tragédia humanitária negligenciada dos migrantes desaparecidos

(Genebra) – O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lança hoje uma página especial na internet que visa chamar a atenção mundial para as histórias por trás das tragédias humanitárias das pessoas que desaparecem ao longo das rotas migratórias.

A página especial faz parte dos esforços concertados do CICV para dar visibilidade a esta tragédia negligenciada. Seja no Magrebe, no Mediterrâneo ou na América Central, em consequência de migração, violência ou conflito, as pessoas que desaparecem deixam para trás famílias, memórias e vidas. Esta é uma questão que merece uma maior atenção e uma melhor resposta em todo o mundo.

Mediante uma mistura inovadora de fotos polaroid, imagens de vídeo e mensagens escritas à mão, reunidas em colaboração com os migrantes e as suas famílias em Honduras, Guatemala e México, o website põe rosto e voz a um fenômeno mundial complexo, retratando a dor e o sofrimento das famílias dos migrantes desaparecidos.

Atualmente, mais pessoas são obrigadas a se deslocar do que qualquer outro momento desde o fim da Segunda Guerra Mundial. No ano passado, estima-se que 65,5 milhões de pessoas, ou uma em cada 120, tiveram de deixar as suas casas, escapando da violência ou vulnerabilidade.

O chefe da Unidade sobre Pessoas Desaparecidas do CICV, Frederique Desgrais, afirmou em Genebra: "Este é um fenômeno mundial que tem um impacto muito pessoal. A dor que sentem as famílias dos migrantes que desaparecem é a mesma sentida pelas pessoas cujos entes queridos desaparecem por causa de conflitos armados ou violência. Descobrir a sorte das pessoas desaparecidas é um ato humanitário."

Como deixado claro pelos depoimentos na página especial Desaparecidos no Caminho, a dor pelo desaparecimento de um ente querido dura anos. "Todas as noites eu rogava pela mesma coisa", conta Clementina Mursa em um depoimento em vídeo.

"Faça o meu filho aparecer. Se ele estiver morto, que ele apareça para mim morto, se ele estiver vivo, que apareça vivo." Dois dos filhos de Clementina estão desaparecidos há mais de dez anos.

Além do turbilhão emocional, as famílias dos migrantes desaparecidos podem enfrentar vários desafios práticos que paralisam a vida cotidiana.

Prevenir o desaparecimento dos migrantes e encontrá-los se desaparecem são atos humanitários e desafios mundiais. Mesmo assim, a coleta de dados e a coordenação permanecem um grande desafio. Por este motivo, o CICV faz um apelo mundial para um novo conjunto de padrões profissionais que possam servir melhor às pessoas desaparecidas e às suas famílias. Isso significa agir antecipadamente, coletar dados melhores, compartilhar informações e coordenar sistemas.

FIM

Para editores – o trabalho do CICV em benefício de migrantes desaparecidos:

Através das suas delegações em quase 100 países, o CICV está presente nos lugares de origem e de destino de muitos migrantes. O CICV faz um apelo às autoridades dos Estados, trabalhando junto a elas, nos países de origem dos migrantes desaparecidos e onde os seus familiares residem para:

  • Avaliar e analisar regularmente as políticas migratórias e de fronteira para melhor prevenir e reduzir o risco de desaparecimento ou morte dos migrantes. As políticas devem estar, em toda as circunstâncias, em conformidade com os padrões e obrigações do Direito Internacional dos Direitos Humanos;
  • Facilitar modos e meios de comunicação aos migrantes e às suas famílias para estabelecer, restabelecer ou manter contato de maneira mais regular e simples possível ao longo das rotas migratórias;
  • Estabelecer, possibilitar e apoiar iniciativas e organizações humanitárias, especialmente em lugares de condições difíceis para os migrantes ou onde exista um maior risco de desaparecimento, vulnerabilidade e morte.

Mais informações no Documento de Políticas sobre Migrantes Desaparecidos - Missing Migrants Policy Paper 2017

Mais informações::

Matt Clancy, CICV Genebra, +41 79 574 15 54