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Conflito no Iêmen: é preciso uma solução política para terminar o sofrimento

Em espaços confinados no hospital Al-Mansoura, em Aden, a equipe médica dá o melhor de si. O calor e a poeira não facilitam a tarefa. A falta de luz e de água também é um fardo.

Há períodos de relativa calma seguidos de períodos de intensa atividade quando mais feridos são trazidos para o hospital. "Os efeitos do confronto e as restrições às importações têm um impacto dramático sobre a assistência à saúde em diferentes partes do país" afirma o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer. "Os estabelecimentos de saúde foram atacados pesadamente, ademais de sofrerem efeitos colaterais. Os remédios não podem ingressar de modo que a assistência aos pacientes está se desmantelando. A escassez de combustível significa que os equipamentos não funcionam. É uma terrível espiral que põe milhares de vidas em risco."

O presidente do CICV visita a cidade antiga de Sanaa, destruída./CC BY-NC-ND/CICV/H Al-Ansi

Maurer falou durante a sua visita de três dias ao país, onde quase quatro mil pessoas foram mortas e 1,3 milhão de pessoas foram deslocadas durante o recente confronto. Ele se reuniu com líderes no país para discutir a situação humanitária.

Na capital, Sanaa, há edifícios estão gravemente danificados na cidade antiga e as pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas. Em outras áreas do país, a situação é muito pior.

O CICV distribuiu cestas alimentares para as pessoas mais vulneráveis, como essas famílias deslocadas, em Bani Mansour, próximo a Sanaa. /CC BY-NC-ND/CICV

"A situação humanitária é catastrófica. O mundo precisa acordar e ver o que está acontecendo", afirmou Maurer. Desde o início do ano, o CICV ajudou a forneceu água para mais de dois milhões de pessoas e forneceu alimentos e outros artigos básicos para mais de cem mil pessoas. As equipes cirúrgicas, especializadas em cirurgias de guerra, também presta apoio.

"O Iêmen está desmoronando. Por uma questão de urgência, deve haver um trânsito livre de mercadorias que ingressam no país e dentro deste. As entregas de alimentos, água e remédios devem ser facilitadas. Muito mais deve ser feito. E as pessoas devem se concentrar em encontrar uma solução política o quanto antes", declarou Maurer.