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Crise no lago Chade: CICV aumenta a sua resposta

A região do lago Chade está sofrendo uma crise humanitária. Mais de um milhão de pessoas fugiram do conflito e a atual condição de vida delas na Nigéria é difícil. Outras se mudaram para o Níger, Chade ou Camarões e a situação delas é igualmente de penúria. O Comitê Interacional da Cruz Vermelha (CICV) faz um apelo para fundos adicionais para poder ajudar essas pessoas.

"Muitas famílias tiveram de viajar longas distâncias para encontrar segurança e enfrentam dificuldades para sobreviver. Perderam praticamente todos os seus pertences e, quase sempre, as famílias se separaram ao escapar às pressas", afirmou a chefe de operações do CICV no Norte e Oeste da África, Yasmine Praz Dessimoz.

"Uma combinação de violência, deslocamento e falta de serviços básicos tem um impacto descomunal sobre a população nas zonas de conflito desses países", acrescentou.

Perder tudo

Hefesu Adamu e Ummu-Salma passaram vários dias na floresta com os filhos antes de encontrar refúgio em Yola, Nigéria, depois de terem fugido somente com a roupa do corpo. A ajuda distribuída em meados de abril pelo CICV e pela Cruz Vermelha Nigeriana facilitará um pouco a vida dessas duas mulheres que perderam tudo e a de outros cem mil deslocados.

Para ajudar pessoas como Hefesu Adamu e Ummu-Salma, o CICV pede aos doadores que colaborem com 60 milhões de francos suíços adicionais ($65 milhões de dólares americanos). Esse dinheiro será usado para aumentar a assistência que a organização proporciona. Só na Nigéria, o CICV pretende fornecer alimentos para outras 380 mil pessoas. Em Camarões e Níger, as pessoas deslocadas e as comunidades que as acolhem também receberão alimentos do CICV, com a ajuda das Sociedades Nacionais de Camarões e do Níger.

Ser menos dependente da ajuda humanitária

Vitala Ekwas lidera uma pequena comunidade de pessoas deslocadas no norte da Nigéria. Ele explica como a ajuda do CICV e da Cruz Vermelha Nigeriana faz a diferença. Mas Ekwas espera impacientemente a temporada de chuvas, que é quando as pessoas da sua comunidade poderão começar a semear o seu próprio alimento.

O CICV ampliará os seus projetos para aumentar a produção alimentar na Nigéria, Níger e Camarões. Os fundos adicionais permitirão que a organização leve água potável para um número maior de pessoas vulneráveis.

Melhorar a infraestrutura de saúde também é uma prioridade. No norte da Nigéria, o CICV apoiará 12 estabelecimentos de assistência básica à saúde. Em Maiduguri (Nigéria) e Diffa (Níger), as equipes dos hospitais regionais atenderão mais pessoas feridas e aperfeiçoarão as suas habilidades com a ajuda das equipes cirúrgicas do CICV. A organização também estudará outras formas de apoiar o sistema de saúde no extremo norte de Camarões.

Muitas pessoas deslocadas na região do lago Chade perderam contato com parentes. Os serviços de busca serão ampliados em toda a região. Atualmente, os esforços já começaram a dar frutos no Chade, onde foram serviços telefônicos foram disponibilizados junto com a Cruz Vermelha local.

Obstáculos para levar ajuda

Não é fácil levar ajuda a uma região tão grande, na qual a população está espalhada e as condições de segurança são incertas. Em muitas áreas, o CICV é uma das poucas organizações humanitárias operativas. Hélène Plenneveaux, chefe-adjunta da delegação do CICV na Nigéria, explica alguns desses obstáculos.

O CICV realizará a maioria dessas operações com a ajuda das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha dos países afetados pelo conflito.

Os fundos adicionais elevarão o orçamento do CICV de 2015 para a Nigéria, Níger, Camarões e Chade a mais de 110 milhões de francos suíços (120 milhões de dólares), fazendo com que a resposta a esta crise seja uma das principais operações do CICV em termos globais.

Veja também: Nigéria e Lago Chade – Resposta à crise regional