Artigo

Crise relativa a Migrantes e Refugiados: a resposta da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho

Artigo publicado no Intercross, o nosso blog em Washington. Atualizado em 08 de setembro de 2015.

Mais de um terço da população síria antes do conflito, 22 milhões de pessoas, vivem em áreas de difícil acesso ou sitiadas, ou buscaram refúgio em outras regiões da Síria. Enquanto isso, 1,7 milhão de sírios fugiram para a Turquia, enquanto 1,2 milhão foram para o Líbano, 625 mil buscaram refúgio na Jordânia e 245 mil escaparam para o Iraque.

Como amplamente noticiado na mídia nos últimos dias, a crise relativa aos refugiados se estende muito além do Oriente Médio e chega especialmente a nações europeias que enfrentam dificuldades para lidar com o fluxo de milhares de crianças, mulheres e homens, oriundos da Síria e de outros países, desesperados e vulneráveis.

Em um tweet, o director-geral do CICV, Yves Daccord, afirmou: "O impacto das guerras no #OrienteMédio e #África é sentido além das fronteiras nacionais: os fatores que causam a fuga das pessoas devem ser tratados desde a raiz". Em outro tweet, acrescentou: "O sofrimento dos #refugiados e #migrantes deve ser tratado desde a fonte; é imperativa uma #ação humanitária efetiva".

O que o CICV está fazendo para ajudar

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) está trabalhando arduamente para responder à crise humanitária dentro da Síria e na região. O CICV é o principal ator dentro do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho que trabalha nas zonas de guerra. Presente em 80 países no mundo todo, incluindo Síria, Iraque, Líbano e Jordânia, o CICV cumpre com o seu mandato, estipulado pelas Convenções de Genebra, de proteger e assistir as vítimas de conflitos armados e violência.

Oferecer conforto e apoio psicológico para as pessoas que estão deslocadas ou que fogem do perigo é parte essencial do trabalho dos voluntários do Crescente Vermelho Árabe Sírio.

Oferecer conforto e apoio psicológico para as pessoas que estão deslocadas ou que fogem do perigo é parte essencial do trabalho dos voluntários do Crescente Vermelho Árabe Sírio.

No terreno, o CICV trabalha em cooperação com o Crescente Vermelho Árabe Sírio e as Sociedades Nacionais dos países vizinhos, como a Cruz Vermelha Libanesa e o Crescente Vermelho Jordano , para fornecer assistência necessária a milhões de pessoas que precisam de ajuda com urgência.

Na Síria, somente nos seis primeiros meses deste ano, o CICV e o Crescente Vermelho Árabe Sírio forneceram alimentos para 4,7 milhões de pessoas, água potável para 16 milhões (quase toda a população do país), assistência à saúde a 32 mil deslocados, kits de higiene (sabonete, cobertores, toalhas, etc.) para 800 mil pessoas, material escolar para mais de 19 mil crianças deslocadas pelo confronto. A organização também recebeu mil pedidos de busca de pessoas que tentam localizar parentes desaparecidos.

Mais de quatro anos de confrontos incessantes também afetaram gravemente o sistema de assistência à saúde dos sírios. Dezenas de estabelecimentos foram destruídos e não há médicos e enfermeiros certificados ou material médico suficiente para lidar com a magnitude das necessidades. O CICV fornece remédios essenciais e presta serviços de assistência à saúde para os doentes e feridos.

Visite a seção especial do CICV na web sobre a crise síria para saber mais sobre o trabalho da organização para ajudar as pessoas encurraladas pelo conflito ou aquelas que foram obrigadas a fugir (e como você pode colaborar com o CICV para ajudá-las ). As pessoas que estão buscando migrantes desaparecidos na Europa também podem usar o site de "Restabelecimento de Laços Familiares" do CICV para procurar os seus entes queridos. Siga o que os líderes do CICV têm a dizer sobre a migração via Storify.

Proteger a humanidade das pessoas que fogem da guerra

As extremas privações sofridas por milhões de pessoas dentro da Síria – e por incontáveis refugiados que fugiram do país – continuam aumentando a cada dia. As imagens chocantes de um menino sírio de três anos morto por afogamento em uma praia turca, na semana passada, simbolizam o sofrimento dessas pessoas, ao mesmo tempo em que destaca a tragédia que acontece nas costas do Mediterrâneo.

Europa

Mais de 5 mil pessoas morreram tentando atravessar o Mediterrâneo desde janeiro de 2014.
103 mil pessoas chegaram à Itália, Grécia e Malta este ano.
1,59 milhão de sírios fugiram para a Turquia até o fim de 2014.

A organização-irmã do CICV, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), responsável por coordenar a resposta do Movimento em situações de desastres naturais, crises na área de saúde e outras emergências, destacou que "muito mais do que estatísticas sobre migração, existem vidas humanas" e faz um apelo para o fim da indiferença com as "pessoas que se deslocam".

Segundo a plataforma interativa da FICV dedicada aos migrantes, dos 232 milhões de migrantes estimados no mundo todo, quase 60 milhões foram obrigados a se deslocar forçosamente.

"São 60 milhões de tragédias", afirmou o presidente do CICV, Peter Maurer, em um tweet. "As pessoas fogem das suas casas por algum motivo. As guerras devem terminar para que as pessoas possam ter a opção de ficar em casa", acrescentou.

Como o menino sírio afogado que chamou a atenção do mundo, acredita-se que a metade dos refugiados do mundo são crianças.

No início deste ano, 21 Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha da União Europeia soaram o alarme para avisar sobre o número de pessoas que morrem durante a travessia do Mediterrâneo quando tentam chegar a um porto seguro.

"Estimam-se que mais de 5 mil pessoas tenham perdido as vidas tentando chegar à Europa nos últimos 18 meses", escreveram os líderes das Sociedades Nacionais em um artigo de opinião em maio. "Isso faz com que essas águas sejam as fronteiras mais perigosas do mundo. Isso deveria acionar a ação, o compromisso e o apoio".

Sociedades Nacionais

Em todo o Oriente Médio e Europa, as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho estão na linha de frente respondendo à crescente crise de migrantes e refugiados. Da Espanha e Itália, da Grécia e Turquia e além, os funcionários e voluntários, independentemente das Sociedades Nacionais às quais pertencem, trabalham dia e noite para ajudar o número cada vez maior de pessoas que chegam todos os dias.

No ultimo fim de semana, a Cruz Vermelha Austríaca apoiou 15mil pessoas que atravessaram a fronteira da Hungria a pé, de trem ou de ônibus. As Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha da Hungria, Macedônia, Alemanha, Sérvia e Suécia responderam, ativamente em relação à crise.

Um homem sai do centro de cadastro para se reencontrar com a família, levando artigos de ajuda entregue pela Cruz Vermelha da Grécia, assim como todos os documentos importantes para o registro. Stephen Ryan/FICV

No dia 2 de setembro, a FICV lançou um apelo de fundos de emergência em apoio à Cruz Vermelha da Grécia para aumentar a assistência a 45 mil migrantes vulneráveis com alimentos, água e assistência à saúde. Seija Tyrninoksa, da FICV, afirma: "A jornada difícil e perigosa que os migrantes encaram em busca de segurança e refúgio se soma ao sofrimento das pessoas que vivenciaram a violência, a perda dos seus entes queridos ou viram as suas casas serem destruídas. É nossa responsabilidade coletiva estar prontos para ajudá-las".

Um apelo de fundos de emergência semelhante foi lançado em maio para ajudar a Cruz Vermelha Italiana a levar assistência a dezenas de milhares de migrantes e refugiados que desembarcam na costa italiana. Desde então, a crise só piorou, com três mil migrantes chegando aos portos italianos em apenas três dias durante a primeira semana de setembro.

Para ver todos os apelos da FICV relacionados com a migração, clique aqui. Para os nossos leitores que moram no Canadá, a Cruz Vermelha Canadense montou uma página sobre a crise dos refugiados sírios na Europa. Nos Estados Unidos, o blog de Restabelecimento de Laços Familiares da Cruz Vermelha Americana também segue esta questão de perto.

 

Mais informações:

Brasil

Sandra Lefcovich, CICV, Brasília: (61) 3106-2350 ou 81751599 slefcovich@icrc.org

América do Norte

Anna Nelson, CICV, Washington D.C., : +1 202-361-1566.

Demais países

Acesse a página de contato para a imprensa do CICV ou a página de contato para a mídia da FICV.