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Brasil: Diferença "impressionante" em Duque de Caxias - Entrevista com Lívia Schunk

Assessora do Departamento de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, Lívia Schunk. Foto: Valda Nogueira/ CICV.

Em maio deste ano, atearam fogo em nove ônibus e dois caminhões, bloqueando vias cruciais de acesso ao Rio de Janeiro, entre elas a rodovia Washington Luiz, da altura do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Chegou a haver troca de tiros.

Nas proximidades do local onde vários ônibus foram queimados nesta rodovia, havia duas unidades de saúde, uma delas que já estava aplicando a ferramenta de Acesso Mais Seguro (AMS) há cerca de ano e outra que não havia ainda sido treinada. Em entrevista, a Assessora do Departamento de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, Lívia Schunk, diz que a diferença na conduta das duas equipes foi evidente, impressionante.

O trabalho com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) começou em 2015. Em agosto, foi assinado um termo de cooperação entre as secretarias de Saúde e Educação e o CICV para a implementação do programa Acesso Mais Seguro para Serviços Públicos Essenciais.

O que aconteceu naquele dia?

Livia Schunk - Os profissionais da unidade onde a ferramenta já havia sido implementada fecharam o local e saíram em segurança depois que a situação já havia se acalmado. Já os que trabalhavam na outra unidade, onde ainda não havia protocolos, saíram no meio do tiroteio. O risco foi muito maior, tivemos que ligar para os profissionais, via celular, para saber onde estavam, o que tinha acontecido e orientá-los.

Na sua avaliação, então, a ferramenta funcionou bem?

Sim, ela trouxe uma sistematização das ações e da comunicação entre os profissionais quanto acontece um incidente de segurança. Também trouxe uma comunicação melhor com as lideranças dos territórios e uma aceitação maior dos profissionais.

Em quantas unidades a ferramenta já foi implementada?

O programa começou em outubro de 2015 e a ferramenta já foi implementada em nove das nossas 41 unidades de saúde da atenção primária e em um centro de especialidades odontológicas. O foco foi começar pelas áreas mais vulneráveis. Este ano devemos implementar em mais três unidades de saúde e nove unidades escolares.

Qual é o próximo passo?

Estamos ampliando o treinamento das unidades de saúde e consolidando também a questão da notificação e do monitoramento para podermos ter indicadores para apresentar para os gestores, para o CICV e também para os profissionais no campo. Além disso, estamos começando agora também a implementar a ferramenta nas escolas do município localizadas nas áreas mais conflagradas.