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Prêmio CICV de Cobertura Humanitária Internacional 2019: discurso da chefe da Delegação Regional

Discurso de Simone Casabianca-Aeschlimann, chefe da Delegação Regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.

Senhoras e senhores,

Estar junto às vítimas é um princípio no Comitê Internacional da Cruz Vermelha - CICV. A resposta humanitária requer, acima de tudo, estar no terreno, ter contato direto com as pessoas afetadas, compreender seu sofrimento e levar proteção e assistência a quem precisa.

É isso que fazemos em mais de 90 países com nossos parceiros do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Tanto em lugares distantes, como Bangladesh, Síria, Sudão do Sul, ou aqui na América Latina, em países como Venezuela, Brasil ou mesmo no Chile - onde estivemos com nossa equipe na semana passada, apoiando o trabalho realizado pela Cruz Vermelha Chilena, cujos voluntários estão oferecendo primeiros socorros nas manifestações.

Mas, além de trabalhar diretamente junto às populações afetadas pelos conflitos armados e a violência armada, o CICV também tem outras responsabilidades, entre elas, ser o guardião das Convenções de Genebra. Convenções estas que completaram 70 anos em 2019 e que nos lembram, mais uma vez, que até as guerras têm limites.

É inegável que, infelizmente, muitas vezes que as Convenções de Genebra são descumpridas. Mas lá no terreno também vemos muitos exemplos do respeito a essas normas na prática:
- quando uma criança nas linhas de frente recebe comida e outros tipos de assistência humanitária;
- quando uma tropa toma cuidado para não atingir civis;
- ou quando uma pessoa ferida é autorizada a passar por um posto de controle.

Estou mencionando essas questões relacionadas à realidade do CICV e de outras organizaçôes humanitárias, como o ACNUR e Médicos Sem Fronteiras, que nos acompanham aqui, porque nós, trabalhadores humanitários, assim como a imprensa, estamos no epicentro das crises, e temos o privilégio de ser testemunhas da História.

O jornalismo tem um papel importantíssimo na nossa sociedade e a enorme responsabilidade de visibilizar os desafios de um mundo com muitos conflitos, crises, dor. O oficio da reportagem é dar voz às pessoas, aproximar essas realidades ao público. É a cobertura jornalística que irá além dos números e chegará às histórias por trás deles; é mostrar como uma decisão de alto nível vai impactar a vida de alguém. No fim das contas, independentemente das distâncias geográficas ou culturais, trata-se de histórias de pessoas contadas a outras pessoas. É isso que buscamos incentivar com este Prêmio: que o jornalismo vá cada vez mais além do front e que chegue às vítimas!

Senhoras e senhores,

O Prêmio CICV de Cobertura Humanitária Internacional chega a sua terceira edição já se consolidando na agenda de premiações da imprensa brasileira. Recebemos 69 trabalhos neste ano, trinta por cento a mais do que nos anos anteriores. E queremos que este número sempre aumente pois é uma amostra do incentivo à cobertura humanitária voltada ao público brasileiro. Esperamos, com isso, encorajar mais brasileiros a trabalharem pautas humanitárias.

Na edição de 2019, notamos uma variedade importante de temas, que foram de migração a impacto de conflitos armados, passando por pessoas desaparecidas, tráfico de pessoas, especiais sobre direitos humanos. A questão da migração continua sendo uma pauta de destaque no Brasil – e no mundo.

A qualidade dos trabalhos inscritos é um motivo particular de satisfação e representou um desafio para nosso corpo de jurados, que teve a tarefa de selecionar e julgar os trabalhos mais compatíveis com a nossa proposta.
Agradeço a João Batista Natali, Luiz Fernando Godinho, Paulo Braga e Sandra Lefcovich pelo trabalho criterioso de vocês. Tenho certeza que chegamos a um trio de finalistas de alto nível!

Parabéns aos inscritos nesta edição do Prêmio CICV de Cobertura Humanitária Internacional e especialmente às equipes finalistas da revista Época, do canal de notícias GloboNews, e da TV Band! Vocês levaram ao público brasileiro um conteúdo profundo, com apuro técnico, com sensibilidade e, sobretudo, com histórias de pessoas!

Boa noite!