Artigo

Minha história de refugiado

"Quando vi o salão de mostras do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, senti uma fraqueza nas pernas. Originalmente, me senti honrado de receber um convite para uma mesa redonda de estratégias digitais em Genebra, que tinha o CICV como anfitrião. Era um grupo de executivos de alto nível de diversos lugares no mundo e eu seria de longe o participante mais jovem. Preparei uma apresentação em nome da Escola de Artes e Ciências Aplicadas da Universidade de Lucerna e da Tuck School of Business e estava ansioso para estar lado a lado com pessoas as quais estimava.

 No entanto, nessa hora, voltei a ser um menino. Nem o meu anfitrião, nem os meus colegas sabiam que eu tinha vivenciado os mesmos horrores que estavam sendo exibidos no mostra.

Eles não sabiam que eu, também, tinha sido um refugiado.

A iluminação dava um tom sóbrio à área onde os meus colegas observavam silenciosamente os artefatos do conflito. Uma mulher notou as lágrimas nos meus olhos quando vi uma estatueta de um homem. A relíquia de guerra que me encarava era da minha cidade natal, Kozarac. Rapidamente encontrei o livro de visitantes, escrito em letras bósnias grandes e grossas "Obrigado, Admir T '92-'95".

As pessoas nunca querem falar de histórias de guerra. Todos queremos ser normais. De alguma maneira, acreditamos que ficar em silêncio nos permite encaixar. Mas sei que a minha história merece ser contada. Se não por mim, então pela minha irmã. E, sobretudo, pela minha mãe. Ela é o motivo pelo qual não só sobrevivi, mas também prosperei depois da guerra. Ela é o motivo pelo qual estou sentado aqui na mesma mesa que os executivos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, a organização que ajudou a salvar-nos. Esta história é para ela."

Aviso legal: Os pontos de vistas expressados aqui são unicamente do autor e não representam os pontos de vista do CICV.