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Moçambique: mais de 67 mil pessoas deslocadas e residentes contam com centro de saúde remodelado em Cabo Delgado

O conflito armado limitou o acesso de comunidades afectadas em Cabo Delgado à assistência à saúde, fazendo com que famílias tenham que caminhar longas distâncias, esperar sentadas no chão por muito tempo para serem atendidas ou grávidas não tenham espaço para darem à luz.

Para melhorar o serviço oferecido à população, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) reabilitou e ampliou mais uma unidade de atendimento médico. O Centro de Saúde de Mapupulo, em Montepuez, foi reinaugurado este mês e tem capacidade para atender mais de 67 mil pessoas deslocadas e residentes.

"Antes, quando vínhamos marcar qualquer consulta, demorávamos muito porque nos juntavam com outros sectores de consultas. Hoje estou satisfeito por saber que minha filha nasceu num local melhorado", diz Rafael Crisanto, cuja bebê nasceu durante a inauguração do local.

A unidade de saúde faz em média três mil consultas gerais, 450 consultas pré-natais e 100 partos por mês. A malária continua sendo a doença predominante entre os atendimentos.

Novos espaços

No centro de saúde de Mapupulo, o CICV ampliou a infraestrutura com a construção de um novo edifício de consultas externas com oito gabinetes, laboratório e áreas de espera.

O antigo edifício foi remodelado e reabilitado para albergar os serviços de maternidade. Além disso, o CICV construiu o sistema de abastecimento de água e um alpendre que serve para espera e vacinação de crianças e bebês. Também vedou todo o espaço, garantindo segurança e proteção às equipes de saúde e aos pacientes.

A escassez de serviços adequados de assistência à saúde é uma das mais graves consequências humanitárias da violência na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, o que afeta Montepuez e outros distritos que receberam grande número de pessoas deslocadas internas.

"Com a reabilitação, agora temos uma sombra e local adequado para pesar os nossos bebês. Antes aguardávamos as consultas ao relento", diz Tomásia, uma mãe deslocada que frequenta o hospital desde 2021.

Ana Mulua/CICV

Novos centros de saúde 

A expansão e reabilitação dos centros de saúde é uma das prioridades do CICV em Moçambique. A violência não apenas destruiu unidades como também aumentou muito a demanda em centros que já não contavam com estrutura e atendimento adequados.

Entre 2021 e 2022, ampliamos e reabilitamos sete centros de saúde em Pemba e Montepuez, assim como o Hospital Rural do Ibo, em apoio das autoridades provinciais de saúde.

"As condições em geral melhoraram muito. As consultas pré-natais, os partos e o pós-parto, por exemplo, eram realizados em um local muito pequeno. Não havia espaço adequado nem privacidade para as consultas. Além disso, o tempo de espera era longo", diz a representante da equipe de Saúde do CICV em Moçambique, Saara Parkkali.

Para prevenir doenças e complementar as ações de saúde, o CICV levou à frente um importante programa de construção de infraestruturas de abastecimento de água urbano e nas comunidades deslocadas em Montepuez. Além disso, continua a fornecer assistência de emergência e programas sustentáveis às pessoas deslocadas, bem como às comunidades anfitriãs.

Mais informações:
Mariana Camaroti, CICV Maputo, mcamarotisilva@icrc.org, tel. +258 86 883 7981.

Eusébio Belarmino

A unidade de saúde antes e depois da reforma.