Artigo

Papua-Nova Guiné: a vida no Pacífico Sul

"As Terras Altas de Papua Nova Guiné podem impressionar às vezes e este foi um desses momentos", conta nosso colega James Dan Waites, que nesta reportagem nos leva a conhecer este país fascinante no sul do Pacífico. 

Depois de dirigir algumas horas pelas montanhas, a nossa equipe chegou à aldeia de Kalolo, onde construímos um centro de saúde. O centro antigo foi incendiado durante um conflito tribal. Esta foi a recepção que tivemos: um sing sing. As mulheres colocam colares nos nossos pescoços e somos levados à aldeia pelos guerreiros que cantam usando as suas vestimentas tradicionais. Foi uma honra ser tratado dessa maneira e me senti afortunado por trabalhar neste país.

 

 

 Este é Davis Gai. Ee é o líder do Grupo de Teatro Tiria, uma trupe de artistas que colabora conosco para realizar uma peça interativa para promover algumas mensagens humanitárias nas áreas afetadas por conflitos tribais. Esses conflitos podem ser pequenos, mas podem resultar em ciclos de matanças por vingança e aldeias inteiras são incendiadas. As mensagens são parecidas as que promovemos em conflitos no mundo todo, na verdade: não destruam os postos de saúde. Não matem os civis. Não destruam os bens públicos.

 

A multidão era impressionante nesse dia: eram cerca de 300 pessoas de toda a área reunida para assistir o que fazíamos. Informamos às pessoas sobre os avanços que fizemos no centro de saúde que construímos e alguns rapazes que treinamos em primeiros socorros fizeram uma demonstração. Depois o Grupo Teatral Tiria apresentou a sua obra interativa. Davis é tímido quando falamos com ele pessoalmente, mas quando começa a atuar se transforma em um homem diferente. É muito carismático. Impossível parar de olhá-lo!

 

Esta foto foi tirade no Instituto Penitenciário de Bekut na ilha de Buka, em Bougainville. Muitas famílias dos detentos não podem arcar com as despesas de viagem para ir ao estabelecimento, portanto temos um programa que os traz gratuitamente. Temos cerca de 30 famílias reunidas neste campo for a do complexo, passando um tempo juntas pela primeira vez depois de meses. Vemos todo tipo de reação: lágrimas, sorrisos e muitas outras. Este homem foi moderado. Ele simplesmente se sentou na grama, quieto, ao lado dos netos por algumas horas. Esta menina pôde passar algum tempo com o pai pela primeira vez este ano. Ele está em Bekut há quatro anos e ainda faltam dois para terminar a pena. A mãe dela nos contou que antes de levarmos a família para o presidio pela primeira vez, eles pensavam que o pai era mantido em uma espécie de calabouço subterrâneo. Agora estavam aliviados de ver que em Bekut há espaços verdes, a céu aberto. Isso trouxe tranquilidade para eles.

 

Esta menina pôde passar algum tempo com o pai pela primeira vez este ano. Ele está em Bekut há quatro anos e ainda faltam dois para terminar a pena. A mãe dela nos contou que antes de levarmos a família para o presidio pela primeira vez, eles pensavam que o pai era mantido em uma espécie de calabouço subterrâneo. Agora estavam aliviados de ver que em Bekut há espaços verdes, a céu aberto. Isso trouxe tranquilidade para eles.

 

Mesmo dia em Bekut. Este homem estava sentado na grama com essas linda meninas brincando ao redor dele. Pensei que fossem só essas duas. Perguntei se podia tirar uma foto dele com a família e ele abraçou as meninas. No final, elas eram trigêmeas. Ele as colocou nos ombros. Depois, me contou que elas nasceram pouco depois de ele ter começado a cumprir uma pena de 40 anos.

 

Este é o pastor David Agope e a sua família. Eles estavam ao lado dos restos carbonizados da sua casa, incendiada em dezembro junto com pelo menos outras 300 casas durante um confronto em Kikita II. O pastor David calmamente indicou onde ficava cada cômodo da casa. Podíamos ver os restos dos seus bens em meio ao caos: uma máquina de escrever derretida, louças carbonizadas. O que mais me impressionava era o controlado que ele estava. Ele contava que era a sua fé que o mantinha forte.

 

Este é Ronny Ibuku e um dos meus colegas, Thomas Rogale, discutindo os planos para uma distribuição de ajuda humanitária do CICV para as famílias em uma área tensa na província de Hela, na Terras Altas. Ronny é o líder do clã Kopage, que está envolvido em confronto tribal vicioso com o clã Homaria em uma aldeia chamada Kikita II. Thomas tem que conquistar a confiança de pessoas como Ronny para ter acesso às pessoas que precisam da nossa ajuda. Sempre me impressiona a quantidade de trabalho no terreno que essas operações requerem: as equipes têm tudo sob controle, uma tarefa difícil na "terra dos imprevistos", como alguns papuásios gostam de se referir a esse país. Thomas, Ronny e outro colega, Eli Koms, pouco depois. Eu não fazia ideia do que estava rindo nessa hora. Thomas me contou depois que conversavam sobre as diferenças culturais entre os franceses, os papuásios e os australianos. Thomas é um parisiense educado e acho que tem um jeito de ser diferente daquele dos estrangeiros com os quais Ronny está acostumado a lidar. O status de líder da comunidade que Ronny tem está explícito no colar de conchas que usa, o tange em huli, que é entregue durante os casamentos e como uma compensação. É uma tradição que aos poucos está desaparecendo.

 

Thomas, Ronny e outro colega, Eli Koms, pouco depois. Eu não fazia ideia do que estava rindo nessa hora. Thomas me contou depois que conversavam sobre as diferenças culturais entre os franceses, os papuásios e os australianos. Thomas é um parisiense educado e acho que tem um jeito de ser diferente daquele dos estrangeiros com os quais Ronny está acostumado a lidar. O status de líder da comunidade que Ronny tem está explícito no colar de conchas que usa, o tange em huli, que é entregue durante os casamentos e como uma compensação. É uma tradição que aos poucos está desaparecendo.

Todas as fotos: CICV/James Dan Waites