Artigo

Sudão: necessidades humanitárias aumentam após um mês de combates; Crescente Vermelho Sudanês e CICV saúdam compromisso público das partes de respeitar DIH

Genebra (CICV) – Quase um mês após o início dos intensos combates no Sudão, a situação humanitária piora rapidamente. A população civil encurralada em Cartum enfrenta uma grave escassez de alimentos e água, assim como as centenas de milhares de pessoas que tiveram que abandonar a própria casa. Muita gente não sabe o que aconteceu com seus entes queridos. Os poucos hospitais que continuam funcionando têm pouquíssimas provisões básicas, e muitos corpos ainda não foram recuperados e identificados.

Por causa dos combates persistentes e da insegurança generalizada, é extremamente difícil prestar assistência de emergência com rapidez. Diante disso, o Crescente Vermelho Sudanês e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) saúdam a Declaração de Jeddah, em que as partes em conflito reafirmaram seu compromisso de respeitar o Direito Internacional Humanitário (DIH) e facilitar a ação humanitária. É imperioso que essa promessa se transforme em ações concretas no terreno.

“O último mês foi um pesadelo para as pessoas no Sudão, que viram seus bairros serem devastados pelos combates e agora enfrentam enormes dificuldades. Como trabalhador humanitário, estou frustrado por ver tanto sofrimento e não poder fornecer ajuda na escala e na velocidade necessárias", disse o chefe da delegação do CICV no Sudão, Alfonso Verdú Pérez. "Esperamos que o acordo alcançado em Jeddah melhore a situação de segurança para que possamos ampliar nossa resposta de emergência. Facilitar o trabalho humanitário é uma obrigação de acordo com o DIH, além de ser uma questão de vida ou morte. A situação se torna mais urgente a cada dia que passa.”

 

As normas do DIH determinam que todas as partes devem facilitar o acesso às vítimas de conflitos armados. O CICV entrou em contato com todas as partes interessadas para pedir as garantias de segurança necessárias, a fim de distribuir provisões médicas de emergência a hospitais e ajudar a reparar infraestruturas civis essenciais, como usinas elétricas e estações de tratamento de água.

Até o momento, o CICV conseguiu fazer doações para três hospitais e fornecer sacos mortuários para equipes voluntárias do Crescente Vermelho Sudanês envolvidas na coleta de restos mortais. No entanto, muito trabalho humanitário ainda precisa ser feito com urgência, como visitar pessoas detidas de ambos os lados e restabelecer o contato entre familiares que se separaram ao fugir de Cartum ou Darfur.

Apesar das crescentes necessidades, faltam as condições de segurança indispensáveis para que o CICV, o Crescente Vermelho Sudanês e outros parceiros do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho possam conduzir a operação de resposta a emergências na escala necessária para ajudar e proteger as pessoas afetadas pelo conflito e pela violência. Foram relatados ataques diretos e ameaças contra equipes médicas e humanitárias, incluindo voluntários do Crescente Vermelho Sudanês.

"Respeitar os princípios estipulados neste acordo e agilizar os processos administrativos vão salvar vidas humanas", disse Verdú Pérez. "Continuamos fazendo nossa parte o máximo possível e pedindo que todos facilitem o trabalho humanitário. É possível salvar mais vidas." 

Nota para as equipes de edição:

O CICV está presente no Sudão desde 1978 e ajuda as pessoas afetadas pelo conflito em Darfur, Nilo Azul e Cordofão do Sul. Hoje, o trabalho do CICV, seja independentemente ou em cooperação com o Crescente Vermelho Sudanês, inclui apoiar hospitais e centros de assistência médica com o fornecimento de equipamentos e provisões, trabalhar com os responsáveis locais pelo abastecimento de água para melhorar o acesso da população à água potável e ajudar as autoridades a prestar serviços de reabilitação para pessoas com deficiência.                                             

Mais informações:

Germain Mwehu, CICV Cartum,
tel : +249 91 215 0735, 
gemwehu@icrc.org
Jessica Moussan, CICV Dubai,
tel: +971 50 425 4091, 
jmoussan@icrc.org 
Alyona Synenko, CICV Nairóbi,
tel: +254 716 897 265, 
asynenko@icrc.org