Comunicado de imprensa

Seminário marca o 75º aniversário das Convenções de Genebra e promove DIH no Brasil

Mesa de Encerramento

Brasília – Os 75 anos das Convenções de Genebra de 1949 foram lembrados, nesta terça-feira (3), durante seminário no Instituto Rio Branco. O evento representa uma oportunidade para aumentar a conscientização sobre a importância do Direito Internacional Humanitário (DIH) nos conflitos armados contemporâneos, sua contínua relevância e capacidade de adaptação às realidades no terreno, além da necessidade de trabalhar para uma melhor implementação e cumprimento.

Na abertura do seminário, organizado pelo Ministério das Relações Exteriores  do Brasil e a Delegação Regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, com o apoio da Comissão Nacional para Difusão e Implementação do DIH (CADIH), o chefe da Delegação Regional do CICV, Alexandre Formisano, discursou sobre a importância do cumprimento das Convenções de Genebra e reafirmou a necessidade de que todos os Estados sejam vigilantes na defesa do DIH, baseados em um reconhecimento universal de que mesmo as guerras têm que ter limites.

Formisano citou as imagens de sofrimento e devastação resultantes de conflitos armados e lembrou que, mesmo durante uma guerra, leis precisam ser respeitadas. “Ao colocarem as pessoas afetadas por conflitos armados no centro de sua proteção, as Convenções de Genebra procuram proteger todas as pessoas afetadas e garantir que todos, mesmo um inimigo, sejam reconhecidos como seres humanos. Isso inclui combatentes feridos, enfermos e náufragos, prisioneiros de guerra e pessoas civis”, destacou.

 

Participantes do seminário sobre os 75 anos das Convenções de Genebra.
M. Altino / CICV

Formisano reafirmou a necessidade de que os Estados sejam vigilantes na defesa do DIH.

Representando o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, o embaixador Carlos Márcio Cozendey, secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Itamaraty, afirmou que o Brasil tem cumprido a sua obrigação de “respeitar e fazer respeitar” o Direito Internacional Humanitário. “Nos últimos 75 anos, as Convenções de Genebra contribuíram para preservar a nossa humanidade e minimizar o sofrimento humano, mesmo nos momentos mais sombrios. Hoje, o grande desafio não é a lacuna de normas, mas o seu cumprimento. Assistimos, com crescente alarme, ao aumento de ataques a populações e a infraestruturas civis, bem como contra pessoal médico e humanitário. Certos meios e métodos de guerra empregados violam ostensivamente os princípios da distinção, precaução e proporcionalidade”, ressaltou.

Humanidade

O primeiro painel do seminário teve como tema “Preservar a humanidade: como tornar o cumprimento do DIH uma prioridade política nacional e internacional”, com a participação da presidente da Comissão Nacional para a Difusão e Implementação do Direito Internacional Humanitário e Diretora do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, embaixadora Gilda Motta Santos Neves; a asessora jurídica regional do CICV para as Américas, Romina Morello; e o consultor legislativo do Senado Federal, professor Tarciso dal Maso Jardim.

As novas tecnologias de guerra e os desafios da aplicabilidade do DIH foram tema do segundo painel do dia. As operações cibernéticas, armas autônomas e consequência dos usos de armas no espaço exterior sâo grandes desafios para estados e organismos internacionais que atuam na causa humanitária. Participaram do debate o diretor do Departamento de Assuntos Estratégicos, de Defesa e de Desarmamento do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Marcelo Câmara; Morello; o representante do Ministério da Defesa na Comissão Nacional para Difusão e Implementação do DIH, coronel Carlos Alberto Ferreira Lopes Cora; e o diretor do Observatório de Direito Internacional Humanitário da Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires (UBA), professor Emiliano J. Buis.

O terceiro painel teve como tema “O DIH e a paz: o respeito ao DIH como preparação para o regresso a uma situação de paz”, com a participação do secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do MRE, embaixador Carlos Márcio Cozendey, e a diretora das Operações do CICV para as Américas, Sophie Orr.  “O CICV pode estabelecer e manter canais de comunicação essenciais para que as partes deem os primeiros passos críticos na preservação da paz quando esta estiver ameaçada ou para apoiar a cessação das hotilidades quando um conflito já tiver eclodido”, afirmou Sophie Orr.

O seminário foi encerrado com a presença da primeira-dama Janja Lula da Silva, da secretária-geral das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, e com o embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri,  que abriu a exposição fotográfica “Diálogos sobre a Humanidade”, com fotógrafos de vários países.

Janja Lula da Silva considera que o diálogo e a política deveriam prevalecer sobre as guerras, pois todas as partes envolvidas em conflitos acabam perdendo. “Guerras estas que, em sua totalidade, são promovidas e alimentadas pelos homens, tendo as mulheres um potencial importantíssimo na construção dos diálogos de paz. Quando o conflito armado se torna inevitável, são as regras estabelecidas pelo Direito Internacional Humanitário que devem ser aplicadas em todas as partes”, ressaltou.

Veja o seminário na integra:

Mais informações: 

Fabíola Góis, assessora de Comunicação do CICV em Brasília 
(61) 98248 7600, fgois@icrc.org